Varejo deverá faturar R$ 2,16 bilhões com a Páscoa de 2022
Após dois anos de Páscoa atípica no comércio por conta das medidas mais restritivas contra a Covid-19, a Fecomércio-RS espera neste ano uma maior circulação de pessoas no comércio em busca de chocolates para presentear na data, mas alerta que a alta dos preços e a retração na renda das famílias deverá provocar a procura por itens de menor valor. Por isso, em sua avaliação econômica em antecipação à Páscoa, a entidade faz recomendações para que os vendedores possam aproveitar o potencial da data e para que os consumidores consigam utilizar seu orçamento de forma mais eficiente.
A previsão é que a alta nos custos da indústria para produzir chocolates irá refletir nas prateleiras: o cacau, o açúcar, as embalagens e a energia estão mais caros, bem como os royalties dos brinquedos que costumam rechear os ovos de Páscoa. Diante desse cenário, as indústrias devem reduzir a produção de ovos e os lojistas devem preparar os seus estoques com antecedência, experimentar novos fornecedores e fazer parcerias, recomenda a assessoria econômica da entidade.
Já o consumidor sofre com o crédito mais caro. Além disso, observa-se uma redução da massa real de salários, que em dezembro de 2021 foi 1,8% menor em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar do aumento do nível de ocupação. A Fecomércio-RS recomenda uma pesquisa de preços, afinal em tempos de inflação as diferenças entre um estabelecimento e outro podem ser significativas. Além disso, o público pode diversificar a cesta do coelhinho adicionando itens como ovos pequenos, e principalmente com barras e bombons, que costumam ter um valor menor do que os ovos tradicionais pela mesma quantidade de chocolate. Quem não abre mão dos ovos recheados com doces ou brinquedos deve se preparar com antecedência: em um cenário de produção retraída, as opções podem ficar mais escassas à medida que a data se aproxima.
Para atrair um consumidor que está lentamente retomando o ânimo para as compras após dois anos atípicos, a entidade recomenda que os lojistas apostem em sua presença digital, preparem os times para o atendimento, pesquisem tendências, criem combos e facilitem as condições de pagamento, sem que isso prejudique o seu próprio fluxo de caixa. A Fecomércio-RS ainda lembra que a Páscoa não é uma oportunidade apenas para quem vende chocolates: a data eleva a procura por outros itens alimentícios, como peixes, e por viagens, o que pode representar uma oportunidade para destinos turísticos gaúchos.
POUCA MELHORA NO VAREJO
A Páscoa de 2022 deve ser um pouco melhor para o varejo do que a do ano passado. De acordo com a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas no setor voltadas para a data deverão totalizar R$ 2,16 bilhões este ano, representando um aumento de 1,9% em comparação a 2021. Ainda assim, caso seja confirmada a previsão, o resultado ficará 5,7% abaixo do alcançado antes do início da pandemia de covid-19, em 2019 (R$ 2,29 bilhões).
Ainda segundo a análise, a valorização do real viabilizou o aumento do volume de importação de chocolates, que avançou 8% (1,43 mil toneladas) em relação ao ano passado. A taxa de câmbio do produto mais consumido na data, que há poucos dias estava em 5,70 R$/US$, atualmente se encontra próxima aos 5,00 R$/US$, um recuo de mais de 12%.
E, apesar de o número ainda estar aquém das 1,87 mil toneladas de chocolates importadas em 2019, antes da pandemia, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia o avanço como positivo. “O volume de importação de produtos típicos costuma ser um importante indicativo da expectativa do varejo para a data. Ainda não alcançamos a recuperação plena, mas o crescimento mostra que seguimos no processo de retomada”.
MENOS BACALHAU E ITENS MAIS CAROS
Outro item muito procurado nos dias que antecedem a Páscoa, o bacalhau, por outro lado, teve retração de 17% no volume de importações. Para o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, o recuo é uma estratégia do varejo. “É um indício de que o setor está apostando na melhor saída de produtos mais baratos a partir da aceleração dos índices gerais de preços”, avalia José Roberto.
Ainda assim, a cesta de bens e serviços, composta por oito itens tipicamente consumidos durante a celebração, deverá ficar 7,0% mais cara do que no mesmo período de 2021 (na média, para um IPCA-15 na casa de 10,5%), representando a maior alta desde 2016, quando a variação foi de +10,3%. Entre os produtos, bolos e azeite de oliva se destacam, tendo apresentado tendência de avanço de 15,1% e 12,6%, respectivamente, nos últimos 12 meses. “O reajuste da cotação de commodities, como o trigo, tende a afetar o preço de alguns alimentos, entre eles alguns típicos da Páscoa”, lembra o economista da CNC.
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