EDITORIAL

Maconha será liberada?

O Brasil ao longo de décadas foi sendo invadido pelas drogas. No começo a maconha era algo complicado para se obter, mas muito cobiçada. Esta droga foi considerada a porta de entrada para outras mais pesadas. A partir dos anos 80 começou a chegar a cocaína vindo dos países mais ao noite da América Latina e via no Brasil potencial mercado e também como meio de levar a droga para países europeus.

A segurança pública e as políticas públicas de combate ao tráfico eram insipientes e muito deficitárias enquanto o narcotráfico já estava organizado e enraizado pela América Latina e o Caribe e montado toda uma logística par que a droga chegasse aos portos brasileiros e assim levados aos mais distantes pontos do globo.

A maconha nos anos 60 e 70 era considerada pela juventude como o ponto de partida da rebeldia e para a liberalidade sexual que teve seu ápice durante o festival realizado nos Estados Unidos numa fazenda de gado leiteiro, o Woodstock Festival. Neste foi pregado o sexo livre, o uso de drogas e da mudança de comportamento dos jovens que marcou grande parte do mundo, era o ano de 1969.

Nesta mudança de comportamento dos jovens da época houve uma revolução na música, na dança, na arte, na moda, entre tantas influências que marcou o evento.

Esta mudança em decorrência da rebeldia da juventude as drogas tiveram um grande alcance e se tornou um dos símbolos desta mudança de costume. Desde então se abriu um mercado mundial para o consumo da “erva” e desta para a cocaína e como muitos não tem condições de pagar forma surgindo alternativas mais em conta como a Merla, Crack e depois as anfetaminas e agora as drogas sintéticas como o Ecstasy, as “balinhas” muito consumidas nas festas Have. Já a maconha foi sendo levada para dentro das Universidades e escolas e não muito comum haver até mesmo pés de maconha dentro de Centros Acadêmicos ou alusão a estas em desenhos ou outras formas.

A popularização da maconha também foi incentivada pela turma da “Cultura” que consumia o “baseado” para relaxar e depois muitos nomes famosos foram consumindo drogas ainda mais pesadas, principalmente a cocaína que muitos dizem ter sido a causa de ter levado a morte a cantora Elis Regina e outros.

O narcotráfico foi se tornando um poder paralelo ocupado o espaço deixado pela ausência do Estado e das políticas públicas e formando assim grupos de zumbis de drogados. Os morros cariocas foram assumindo aos poucos, para aquelas comunidades, o poder de gerenciamento da área e de serviços ao qual a população poderia ou não receber. O Rio de Janeiro iniciou aliado ao jogo do bicho a formação de cartéis e domínios envolvendo as drogas e milícias em busca do dinheiro fácil e de riqueza e ostentação.

Hoje os morros cariocas não podem receber ações da segurança por impedimento do ministro Edson Fachin e pela a imprensa demonizar a polícia quando há a morte de algum morador nos tiroteios nas vielas do morro. Há uma proteção velada ao tráfico nos morros cariocas, onde além de arsenais grandiosos e de muito mais potencial letal do que o da própria polícia. Jovens menores de idade já ganham uma grana fácil para serem os “aviõezinhos” das facções sinalizando quando os inimigos desta facção se aproximam, incluindo a polícia. A lei no morro, das facções diferem muito das leis que conhecemos e buscamos respeitar. Mas a vitimização desta sociedade veio somente a encorajar e proteger o tráfico e a bandidagem. O Rio de Janeiro é um caso a parte no que tange a proteção da bandidagem, onde grandes traficantes são presos e logo ganham as ruas.

E São Paulo, os comandos estão dentro dos presídios e criaram o PCC que tem um poderio de organização que vai além fronteiras e segue comandado de dentro dos presídios por que o Estado não quer bloquear sinais de celulares entre os muros da instituição penal. O mesmo acontece em vários estados onde sempre em vistorias são apreendidos dezenas de celulares nas celas, com as quais os presos seguem e comando o tráfico e decidem a vida de muitos pela Lei do tráfico.

Agora o STF retoma a votação do processo de liberação da maconha onde o placar já está em 5 a favor e tudo indica que o ministro Zanin deverá ser o primeiro voto 1 contra. O processo para consumo pessoal da droga seguirá nesta quarta-feira (6). O mínimo que se espera é que tal dispare não seja aprovado, mas como um congresso engessado o STF é que está legislando no país.