Intenção de Consumo das Famílias sofre redução pelo sétimo mês consecutivo

Intenção de Consumo das Famílias sofre redução pelo sétimo mês consecutivo

A Fecomércio-RS divulgou os resultados da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas (ICF-RS). O levantamento, realizado em Porto Alegre ao longo dos dez dias que antecedem o mês de referência, é conduzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O ICF é composto por sete indicadores: dois relacionados ao mercado de trabalho, três vinculados ao consumo e dois ligados às perspectivas. Os resultados variam de 0 a 200 pontos, sendo que valores abaixo de 100 indicam percepção pessimista, mais intensa quanto mais próxima de zero.

Em setembro, o ICF registrou 49 pontos, queda de 3,7% em relação a agosto e retração de 20,9% frente ao mesmo mês de 2024. Trata-se da mínima histórica da série, iniciada em janeiro de 2010, confirmando a tendência de enfraquecimento observada nos últimos meses. O subíndice de Emprego Atual recuou 2,6% na margem, para 77,9 pontos, e caiu 8,9% na comparação interanual. Já a Situação de Renda Atual registrou 82,8 pontos, queda de 2,6% em relação a agosto e retração de 4,2% frente a setembro de 2024.

Apesar de terem voltado a recuar em setembro de 2025, ambos se mantêm com os patamares mais elevados entre todos os componentes. A Perspectiva Profissional, por sua vez, recuou 16,4% e atingiu 8,9 pontos, menor valor da série histórica, devendo ser interpretada com cautela, pois a ausência de expectativa de melhora profissional não implica necessariamente deterioração, podendo refletir percepção de estabilidade – em linha com o quadro atual do mercado de trabalho gaúcho.

No campo do consumo, os sinais seguem ainda mais negativos. O Nível de Consumo Atual caiu 3,7% na margem, atingindo 37,7 pontos — menor valor desde julho de 2016 — e apresentou retração de 31,3% em relação ao mesmo mês de 2024, com 71,4% das famílias relatando estar comprando menos do que no ano anterior. O Momento para a compra de bens duráveis manteve trajetória de forte queda, recuando 19,8% na margem e 74,2% na comparação interanual, para apenas 6,1 pontos, o menor patamar da série iniciada em 2010. Nesse cenário, 97,0% dos entrevistados avaliaram ser um mau momento para aquisição desse tipo de bem.

A Perspectiva de Consumo também diminuiu, chegando a 53,5 pontos, queda de 1,7% frente a agosto e de 28,3% em relação a setembro de 2024, com 56,5% das famílias esperando reduzir seus gastos nos próximos meses. Já o Acesso a Crédito recuou para 75,8 pontos, queda de 3,9% em relação a agosto e expressiva retração de 31,3% frente a setembro de 2024, reforçando a percepção de maior dificuldade de acesso a empréstimos e financiamentos.

“O resultado de setembro renovou a mínima histórica do indicador e evidencia o elevado pessimismo das famílias, sobretudo no consumo de bens duráveis e nas perspectivas profissionais. Embora o mercado de trabalho siga sustentando a renda, o espaço para avanços adicionais é bastante limitado. Esse quadro se soma a um cenário de crédito mais caro e restrito, apesar de novas foras de acesso, como o Crédito Consignado do Trabalhador. Isso reforça a leitura de uma economia menos dinâmica no segundo semestre de 2025, aumentado a necessidade de uma postura de venda cada vez mais ativa por parte das empresas diante de grande cautela do consumidor”, avaliou Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.

CRÉDITO: Divulgação