EDITORIAL

Um novo futuro para o Litoral

A região do Litoral Norte é considerada a mais pobre do estado em renda per capita. Também na geração de renda e de seus índices de desenvolvimento. O Turismo sempre foi visto com amadorismo e como meio de exploração dos visitantes veranistas que por décadas tinha como pensamento o ganhar em quatro meses para viver o restante do ano. O verão era a bençãos dos municípios praianos, dos pequenos prestadores de serviço e da busca por mão-de-obra para atender no comércio durante a temporada.

Com o passar dos anos os veranistas descobriu que Santa Catarina tinha praias mais bonitas, mar mais limpo e águas mornas e o mais importante que as férias eram mais acessíveis lá do que em nossas próprias praias. Tanto foi assim que até os argentinos usavam a BR 101 como corredor para o estado catarinense, deixando para trás praias como Capão da Canoa e Torres e seus saltos custos. A infraestrutura hoteleira catarinense estava a frente e mais evoluída, assim como a população aproveitou para locar suas casas de moradia para atender visitantes e aumentar sua renda.

Mesmo assim muitos já tinham casas no litoral gaúcho e aqui permaneciam e então a duplicação da BR 101 e a grande diferença de preços de lá e cá levaram os mais jovens a esticarem a viagem e acostumaram-se a sair do estado. Assim Florianópolis se transformou na ilha da Magia e paulistas e paranaenses foram aderindo às praias catarinenses e Balneário Camboriú teve a explosão imobiliária e atraiu capitais fortíssimos para empreendimentos de alto nível.

Mito o litoral gaúcho perdeu diante do amadorismo e das disputas entre municípios para quem seria a melhor praia do Litoral Norte. A Amlinorte em seu início, nos anos 90, tinha suas reuniões de secretários de turismo e que dificilmente chegavam a um consenso para um calendário de eventos regional no verão e até mesmo para que o Portal do Litoral fosse instalado em Osório para divulgar os municípios e suas atrações.

Ao longo do tempo mudaram as cabeças pensantes e houve uma evolução no sentido de integrar atividades que levassem público de uma praia a outra e que a construção da Estrada do Mar, no governo de Pedro Simon, veio preencher esta importante lacuna na facilidade de acesso e interligação das praias. Algo que já deveria estar sendo planejada a duplicação no trecho a partir de Imbé até Torres com melhor iluminação e acessos.

Cada município tem seu calendário de eventos e todos tem conseguido sucesso em suas promoções, mas ainda falta uma melhor rede hoteleira e serviços turísticos que integrem a região no período de alta temporada. Promover passeios como são feitos no Nordeste entre praias e nos aqui temos praias, lagoas e serra.

Contudo nosso litoral segue abençoado não só pelas suas belezas naturais abundantes, e agora passará a contar com o Porto que recém foi lançado o edital em Arroio do Sal e que poderá receber navios de cruzeiros e estrão bem ao lado de Torres que seguramente tem a melhor infraestrutura hoteleira do litoral. O porto vai trazer uma movimentação para a região inteira, demandando serviços e condições de moradia e também atração turística.

Tudo isto poderá estar sendo concretizado até 2026 e o litoral já deve estar se organizado para isto, pois poderá ser o começo de uma nova era de investimentos na região, atraindo mais recursos e investimentos de modo a atender ao Porto. Novos condomínios e prédios estarão sendo erguidos e para tanto é preciso exigir investimentos de serviços públicos que já não são mais e sim essenciais como energia, água encanada, escotos e rede de saúde e escolas.

Nosso litoral poderá ter um novo salto populacional com a migração de centenas de famílias vindo buscar uma oportunidade de trabalho ou trazendo um empreendimento dentro da nova realidade que está por se consolidar.

Que as administrações já comecem a pensar nas repercussões e impactos urbanos, assim como foi realizado quando da duplicação da BR 101, este deverá ser ainda mais abrangente pelo seu porte e sua importância a nível estadual e nacional.