Tartaruga ameaçada de extinção é encontrada em Arroio do Sal
Uma tartaruga de couro, espécie ameaçada de extinção, foi flagrada colocando ovos na beira da praia do município, na noite de terça-feira (12). De acordo com o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), foi à segunda vez que a espécie desovou no Rio Grande do Sul. A espécie faz parte do grupo das tartarugas-gigantes, podendo pesar 400 quilos e colocar mais de 100 ovos.
O Ceclimar, o grupo de biólogos da região e a Secretaria de Meio Ambiente da cidade foram acionados. Segundo o professor de biologia e presidente da Associação Ativista Ecológica, Willian Lando Czeikoski, acontecimentos como esse são “raros” de ocorrer nas praias gaúchas. No entanto, nos últimos anos, já foram registradas desovas de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga de couro. Em 1995 houve a desova de uma tartaruga de couro na praia Paraíso, em Torres; em novembro de 2003 aconteceu desova da tartaruga cabeçuda na praia de Rondinha, em Arroio do Sal e em 2018 em Arroio Teixeira, foi registrada desova de tartaruga oliva.
“A gente fica muito emocionado, porque não é um momento comum, e saber que esses animais estão conseguindo se reproduzir, diante de tanta degradação ambiental, é uma felicidade imensa. Preservar essas espécies é extremamente importante”, afirmou o professor Willian.
Segundo o Ceclimar, três ovos foram encaminhados para laboratório com o objetivo de fazer o acompanhamento da evolução até sua eclosão. “Acreditamos que aproximadamente 100 ovos foram deixados no local e estes que recolhemos nos auxiliarão a observar o tempo que levará para as tartarugas deixarem os ovos. Nas desovas observadas no RS a eclosão dos ovos se deu em cerca de 90 dias. Os registros do Rio Grande Sul apontam um período maior de eclosão dos ovos em relação ao Nordeste onde isto acontece em no máximo 60 dias”, explicou o biólogo Maurício Tavares.
Mauricio, ainda salientou que deve haver uma sintonia entre os ovos coletados e os que ficaram na areia com eclosão simultânea. “Para segurança dos ovos está sendo feito um cercamento com tela específica que são utilizadas pelo Projeto Tamar que protege os ovos dos predadores maiores e deixa espaço para as tartaruguinhas rumarem ao mar”, ressaltou Tavares.
Esta tela será colocada nos próximos dias, entretanto foi colocada proteção provisória, além de um painel com informações sobre as tartarugas marinhas e alerta de que no local existe um ninho com ovos. O local na beira da praia está isolado e a prefeitura local pede para que as pessoas não se aproximem, para garantir a segurança do ninho.
Foto: Willian Lando Czeikoski