EDITORIAL

SUS Vilipendiado

O maior sistema de saúde pública do mundo pode estar à beira de um colapso financeiro e de atendimento. O SUS que tem sido a salvação da população carente que buscar tratamento de saúde tem sido achincalhado e desmoralizado em seu financiamento e funcionamento. Juntamente com o Sistema deve ruir centenas de hospitais filantrópicos e Santas Casas que somente avolumam dívidas e sucateamento.

A pandemia foi um momento em que o Sistema de Saúde recebeu maior atenção e aporte de recursos com vistas a se preparar para a onda de contaminação. Esta preparação do Sistema de Saúde levou muitas pessoas ao confinamento e a buscar a hospitalização somente quando o caso fosse grave, necessitando de entubação e tratamento mais direto. Assim muitos hospitais, como o de Osório, sonhavam em ter leitos de UTI e chegou a ter praticamente 30 leitos e mais leitos de observação. Por este serviço a remuneração integral para 10 leitos permitiu o atendimento de centenas de pacientes em Osório e de milhares pelo Brasil afora. Os aportes de recursos custearam as despesas e geraram receitas que propiciaram custearam as despesas e geraram receitas que propiciaram a compra de medicamentos e até mesmo de suprir despesas que antes não se conseguia pagar. Mas logo que passou a pior fase os leitos de UTI começaram a ser desativados e muitos hospitais até reduziram leitos ofertados pelo SUS.

Por mais de 10 anos a tabela de remuneração de serviços hospitalares e médicos dos hospitais não é reajustada e os custos foram aumentando gradativamente, mesmo com a inflação controlada. Novamente os hospitais filantrópicos e Santas Casas voltaram a apresentar déficits e o Estado e o Governo Federal abriram linhas de crédito a juros baixos para que a o agonizante SUS ganhasse sobrevida. Paliativos que logo se esvaem e voltam a pressionar o Sistema que perde qualidade e modernização. Agora a adoção do piso da enfermagem passa ser o novo desafio das unidades hospitalares, até mesmo dos hospitais públicos onde incluem-se os Hospitais-Escola que recebem verbas do MEC e do Ministério da Saúde. Para os hospitais filantrópicos e Santas Casas a situação somente se agrava, pois a adoção do piso representará um aumento de mais de 40% em gastos com a folha de pagamento.

Entra governo e sai governo em que o candidato sempre evidencia que a prioridade está em três pilares: Saúde, Educação e Segurança. Algo que fica somente no discurso e que logo termina no esquecimento. Na Educação vimos logo que assumiu o novo governo o anúncio de cortes no orçamento de alguns bilhões, na Saúde a salvação está sendo a liminar que suspendeu a implantação do piso da enfermagem, cuja categoria foi estupidamente desprestigiada em mais dos desastrados discursos do ocupante do cargo da presidência. No entanto, bilhões estão sendo gastos numa vacina experimental cujos efeitos logo serão conhecidos, mas aplicada como salvação, quando na realidade a população já está sob efeito de rebanho e o ciclo do vírus já se passou. Evidente que sempre haverão casos, mas em muito menor número, como está acontecendo com a varíola e outras que foram contidas por verdadeiras vacinas imunizantes e testados e usadas por décadas.

O Ministério da Saúde deveria ter como prioridade realizar um estudo de custos e reajustar a tabela de serviços do SUS, além de destinar recursos para que importantes hospitais em suas regiões sejam polo de atendimento pela sua modernidade e resiliência.

O que estamos vendo é o SUS sendo vilipendiado pelo Governo Federal, Estados e Municípios, pois acreditam que mais postos de saúde vão resolver o problema dos hospitais sob o pensamento de que a prevenção evitará a hospitalização. Vale assim, aquela máxima de que quantidade não se traduz em qualidade e resolutividade. Até quando o SUS suportará este ataque de governos despreocupados com a população.