SAÚDE AGONIZANDO

Nunca antes o sistema de saúde passou por um teste de agilidade e atendimento como passou durante os últimos dois anos. A demora na mobilização para o enfrentamento do que estava por vir revelou o quanto os governos Federal, Estadual e Municipal foram sendo sucateados e carentes de investimentos por mais de duas décadas. Tal situação se arrasta desde o Governo Fernando Henrique quando o médico e ministro da Saúde Adib Jatene anunciou o colapso do sistema e a solução foi criar a CPMF. Os bilhões arrecadados seriam para aplicar no Sistema de Saúde e assim salvar hospitais, ampliar a rede de postos de saúde e construir hospitais de referência e hospitais escola. A ganância pelos recursos novos foi tirando do então ministro a capacidade de vir a melhorar o sistema de saúde. Prefeitos queriam mais postos de saúde do que a cidade comportava para receberem os recursos, sem a devida previsão de contratação de pessoal para prestar atendimento.

Em Osório não foi diferente, foram construídos Postos de Saúde em profusão chegando a ter unidades não distando 1Km da outra, mas foram atulhadas de pessoal para empregar muitos e não ter profissionais de saúde para atender a demanda. Hoje uma consulta de especialidade está agendada de modo indeterminado que seja a durar mais de um ano. Depois disto, a dislexa com seu piripaque ou PACs, lançou escolinhas que foram entregues a empreiteiras que não concluíram a receberam e aqui em Osório temos esta abandonada no Bairro Primavera (ou o que restou da obra inacabada). Veio então a onda de UPAs que seriam como mini hospitais e o que se viu foram muitas prefeituras construindo as unidades e jamais se preocupando em como mantê-las. O resultado foram prédios caríssimos inacabados e outros sem nenhum equipamento e se tornando elefantes brancos. Osório só não foi diferente por que a comunidade com os recursos arrecadados de impostos bancou o elefante branco e que até hoje não recebe os recursos federais por não ter completado a instalação para credenciamento junto ao Ministério da Saúde.

Assim como ocorreu aqui estes recursos financeiros do governo federal não foram aplicados para atualizar valores dos procedimentos do SUS pelos hospitais filantrópicos e Santas Casas. A falta de reajuste dos procedimentos na tabela SUS é uma vergonha e um assinte para o contribuinte que precisa contar com um sistema de saúde ágil, eficiente e totalmente gratuito como prevê a Constituição na universalidade do atendimento à saúde.

O Ministério da Saúde deixou de ser preocupado com a população para fazer política e um péssimo exemplo disso foi o ex-ministro Mandetta, cujo currículo já no Mato Grosso do Sul já apontava irresponsabilidades na área. Mesmo assim o Governo Federal contraindo a politicagem e a intromissão dos estados, prefeituras e principalmente do STF conseguiu liberar uma fábula de recursos para a contratação de leitos de UTI, medicamentos e mobilizar um sistema praticamente falido para dar de si o melhor para a população. O SUS provou que mesmo sofrendo de falta de recursos possui valorosos profissionais e um poder de articulação que poderia sempre ter para melhorar o atendimento à população. Mesmo diante do terrorismo praticado pelos governos estaduais e municipais, assim como a velha mídia, o SUS deu a sua resposta e que poderia ter sido muito melhor se a pandemia seguisse médicos com larga experiência profissional em vez de “especialistas” e semideuses do STF que entendem mais de altos salários, mordomias e viagens pagas pelo dinheiro do povo do que de Constituição.

A triste experiência da pandemia, poderia ter sido semelhante a da H!N1, mas a intromissão do STF, um ministro da Saúde deslumbrado e um governador genocida como Dória deram a valorosa contribuição para que se chegasse a triste marca de mais de 600 mil mortes no país. Agora resta o Governo Federal entender que o SUS precisa de oxigênio para manter vivos os milhares de hospitais filantrópicos e Santas Casas para que se torne um sistema de excelência em atendimento ao povo.