São Vicente de Paulo segue alvo de reclamações
OSÓRIO – A interdição do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) pelo governo do Estado segue dando o que falar. Ocorrida em novembro do ano passado, após decisão judicial do Ministério Público (MP), a interdição não acabou resolvendo os problemas do HSVP, que segue sendo alvo de reclamações por parte dos moradores.
O principal ponto está relacionado ao atendimento pediátrico do Hospital, que segue sendo alvo de críticas, mesmo após a prefeitura anunciar no início deste mês o Plantão Pediátrico 24 Horas. O prefeito Roger Caputi esteve reunido com as interventoras Eleonora Gehlen Walcher e Suelen Arduin para buscar uma solução para o problema, o qual segue sem ser resolvido.
Inúmeras mães relataram problemas ao levarem os filhos para atendimento no Hospital da cidade: “Fui ao hospital e a informação que passaram foi que não havia pediatra, e caso houvesse só atenderia urgências. É uma vergonha pessoas residentes em Osório ter que buscar atendimento em outras cidades por não ter assistência”, declarou a moradora. Até mesmo a justificativa de atender apenas emergência, ao menos em relatos de algumas mães não vem acontecendo. No início da manhã de sábado (18), uma mãe do município, ao buscar atendimento para o filho com reação alérgica severa, foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Me disseram que pode ser que o pediatra chegue umas 8h e 30min. Estamos pagando um funcionário fantasma”, declarou.
Conforme a Administração local, foi firmado um contrato com a instituição e o atendimento do pediatra já está sendo realizado. Vale ressaltar que o Plantão Pediátrico também terá auxílio de recurso Federal, por meio do Ministério da Saúde. Após novamente surgirem reclamações da falta de atendimento pediátrico no HSVP, a prefeitura, fiscal do contrato entrou em contato com a instituição para ter mais informações sobre o ocorrido. Segundo o secretário de Saúde Danjo Renê, a resposta da instituição foi de que não conseguiu fechar escala na madrugada, mas que o serviço foi normalizado as 8h de sábado, o que, segundo o relato de uma das mães, não aconteceu.
DÉFICIT CONTINUA
Não bastasse o problema do atendimento pediátrico, o déficit operacional do Hospital subiu de 1,3 milhão de reais, para 1,5 milhão, conforme dados extraídos do gráfico apresentado pela Intervenção. Em contato com o Conselho Consultivo do São Vicente de Paulo que segue em atividade, os mesmos irão apresentar números da intervenção à promotoria, afim de alertar que o modelo atual de gestão, feito com antecipação de receitas é inadequado, e pode, nas palavras do presidente, significar “uma dívida impagável” para a próxima gestão, após intervenção do Estado.
VISITA DO SINDICATO
Na última quinta-feira (17), representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindisaúde), incluindo o presidente Julio Jesien, estiveram no Hospital de Osório para tratar de demandas da categoria. Eles foram recebidos pela assessoria jurídica do São Vicente de Paulo, assim como o diretor-médico e a coordenação de enfermagem do HSVP.
Dentre as principais pautas da reunião foram discutidas: a aplicação de jornada de 12 por 36 durante o dia e a retirada de uma segunda folga dos trabalhadores. Conforme o diretor do Sindisaúde, Julio Duarte, no final do encontro, a direção do HSVP assumiu o compromisso de agendar uma reunião com a presença das interventoras, com a data sendo confirmada até a próxima sexta-feira (24). “Entendemos que uma intervenção herda diversos problemas que não eram exatamente sua culpa. Mas o principal bem do hospital são os profissionais que fazem tudo acontecer. E devem ser respeitados acima de tudo. Nós precisamos achar soluções políticas para os entraves, pois a solução judicial não é boa para ninguém”, declarou Duarte.