Rede de Orgânicos reivindica feira no município
Há cinco anos na cidade, a Rede de Orgânicos segue levando alimentos a mesa da população osoriense. Ela surgiu apartir das reflexões sobre a produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos no meio rural, fortalecimento da agricultura familiar, valorização do agricultor orgânico e da forma como estes alimentos podem chegar aos consumidores urbanos sem intermediários.
A Rede de Orgânicos é uma experiência de cadeia produtiva curta, que aproximou os produtores e os consumidores, contribuindo na organização desse canal de comercialização direta, encurtando o caminho dos alimentos e trazendo vantagens para todos: econômica, social, cultural e ambientalmente.
Os produtores da Rede, além de plantarem para si e sua família, possuem como sustento a venda de dezenas de alimentos. Além de outros pontos de comércio, como feiras, surge uma outra possibilidade para o escoamento da produção: a Rede de Orgânicos de Osório.
Os produtos da rede inicialmente eram solicitados por meio do Whatsapp, em um projeto piloto iniciado com alunos da turma de Pós-Graduação Lato Sensu em Meio Ambiente e Biodiversidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), Campus Litoral Norte. A entrega dos produtos era feita na unidade da Universidade durante o período de realização do curso, por agricultores e consumidores. Concomitantemente ao grupo da UERGS, a Rede de Orgânicos ia agregando outros consumidores interessados que retiram suas cestas na Feira dos Produtores da cidade.
A rede de orgânicos vem se expandindo, em relação ao número de agricultores que hoje fazem parte do grupo, aos consumidores que vem agregando, ao seu alcance, ao seu formato e as parcerias que vem tecendo. Hoje em dia, os pedidos acontecem pelo site: www.rededeorganicos.com.br, fruto de um projeto de extensão do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IF-RS), Campus Osório.
Nesse período de pandemia, as cestas são montadas pelos agricultores e consumidores e retiradas pelos consumidores no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, aos sábados. Além de Osório, as cestas também estão sendo entregues em Imbé e Xangri-lá, nas quartas-feiras.
CRIAÇÃO DE UMA FEIRA
Pensando na expansão na Rede Orgânica, produtores estiveram reunidos em julho com o secretário municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pecuária, Fernando Campani, onde foi entregue um documento com reivindicações dos trabalhadores (veja o documento na íntegra no final da matéria). O principal ponto destacado é o da criação de uma feira, dando mais espaço para esses produtores.
“A Feira Orgânica, além de mais um canal importante de oferta, promoção e venda de alimentos orgânicos, com todas as vantagens de uma cadeia produtiva curta, traria a aproximação ainda maior dos produtores aos consumidores (sem intermediários), e ao mesmo tempo, ser um espaço privilegiado de cultura, saúde e educação socioambiental local”, declarou a Rede.
Vale ressaltar, que os produtores orgânicos já participam da Feira do Produtor da cidade, realizada aos sábados, no Largo dos Estudantes. Entretanto, o espaço é dividido com produtores que utilizam de agrotóxicos. Segundo o secretário Campani, o tema está sendo debatido com o prefeito Roger Caputi, porém, segue sem resposta para os próximos meses. Abaixo o documento entregue pela Rede de Orgânicos à Secretaria Municipal de Agricultura no último dia 08/07.
DOCUMENTO
Excelentíssimo Secretário Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pecuária, Fernando Campani
Prezado Senhor,
A Rede de Orgânicos de Osório vem por meio deste documento, protocolar e demandar essa pauta junto à Secretaria para o desenvolvimento da produção e comercialização dos produtos orgânicos no nosso município.
Nossa pauta:
- 1. Realizar uma feira orgânica quinzenal (dia sugerido: quarta-feira; locais sugeridos: Museu da Via Férrea e/ou das Águas) como espaço de saúde e educação;
- 2. Insumos para os produtores orgânicos; a) Acesso à patrulha municipal (retroescavadeira, tratores com implementos e trituradores de galhos); b) Sementes orgânicas; c) Mudas nativas, frutíferas e melíferas; d) Adubo; e) Caixas e/ou sacolas para os orgânicos.
- 3. Auxílio na infraestrutura como estufas (subsidiado pelo um fundo municipal) e logística do produtor orgânico (transporte);
- 4. Uso do espaço físico da Secretaria (depósito);
- 5. Parceria com a Secretaria em projetos de Educação Ambiental – pós pandemia (uso do Largo dos Estudantes e Museu das Águas para as atividades públicas: debates, cine debates, oficinas de culinária, intervenções de sensibilização, campanhas “menos plástico”, “sábado sem plástico por mês”, etc);
- 6. Parceria com a Secretaria em projetos com as comunidades originárias e tradicionais, como indígenas e quilombolas. Exemplo do projeto de extensão junto com o IFRS de aquisição de cestas/balaios de taquara indígena para os consumidores da Rede de Orgânicos;
- 7. Semana da Alimentação Saudável no mês de outubro;
- 8. Visita às propriedades dos agricultores orgânicos;
- 9. Introdução dos alimentos orgânicos na merenda escolar das escolas municipais;
- 10. Promoção de eventos relacionados à Agroecologia, PANCs e troca de sementes crioulas;
- 11. Campanha de reflorestamento com plantio de nativas nas propriedades.
- 12. Colaboração nas parcerias já construídas com as instituições no tripé ensino, pesquisa e extensão: Escola Ildefonso Simões Lopes (Rural), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS Campus Litoral Norte), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS/Campus Osório) e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS/Osório).
Osório, 08 de julho de 2021.