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QUEDA DE BRINQUEDO – Empresários e engenheiro são indiciados por acidente em parque de diversões no Litoral Norte

A Polícia Civil (PC) encaminhou na terça-feira (28), a 2ª Vara Criminal da Comarca de Tramandaí o inquérito que apurou as circunstâncias do incidente que resultou na queda de um carrinho da montanha russa de um parque de diversões em Imbé. O caso ocorreu no último dia oito de fevereiro, deixando quatro pessoas feridas, incluindo uma criança.

Após as investigações e análise das provas, o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior decidiu indiciar os proprietários de dois parques de diversão e o engenheiro mecânico contratado pelos crimes de lesão corporal de maneira dolosa, sendo duas de natureza leve, uma de natureza leve majorada e outra de natureza grave.

Segundo Ractz, a Polícia conclui que a empresa que utilizou a área do parque de diversões não foi a mesma que recebeu autorização da prefeitura de Imbé para utilizar o local. O inquérito ainda apontou que o brinquedo não atendia as exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de não possuir documentos obrigatórios.

Conforme o delegado, a montanha russa, que não estava bem nivelada, não possuía uma supervisão direta de um responsável técnico: “Os operadores não possuíam treinamento adequado, nem davam instruções claras ao público. Tão pouco, controlavam o embarque de usuários com relação ao limite de carga e ao uso de cinto de segurança”, relatou Ractz.

Por fim, a perícia mecânica realizada pelo Departamento de Criminalística do Instituo Geral de Perícias (IGP) conclui que “o excesso e a má distribuição de peso causaram o descarrilamento e, posteriormente, o capotamento do carrinho da estrutura”.

O CASO

Um acidente deixou quatro pessoas feridas em um parque de diversões localizado na Avenida Rio Grande, no Centro de Imbé, na noite do último dia 08/02 deste ano. Na ocasião, um carrinho de montanha-russa, onde estavam um homem, duas mulheres e uma criança (todos moradores de São Leopoldo, na região Metropolitana), descarrilou e despencou da estrutura.

As vítimas foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhados ao Hospital de Tramandaí. Dois adultos, um homem de 32 anos e uma mulher de 25, e a criança, de nove anos, foram liberados. Já a outra mulher, também de 25 anos, precisou ser encaminhada para atendimento médico em Porto Alegre, devido aos ferimentos mais graves.

Logo depois do acidente e da remoção das vítimas, o parque suspendeu o atendimento ao público e os portões foram fechados. Os agentes da Guarda Municipal de Imbé (GMI) isolaram o parque para a realização da perícia, a qual foi feita na manhã do dia seguinte (09/02). O trabalho foi acompanhado por agentes da prefeitura, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, a qual abriu as investigações sobre o caso.

Na mesma data, a prefeitura de Imbé lançou uma nota afirmando que “a instalação do parque foi autorizada após assinatura de um termo administrativo que permitiu à empresa utilizar a área. Tal autorização se deu após apresentação de proposta que cumpriu todas as exigências preestabelecidas pelo município no chamamento público realizado entre os meses de novembro e dezembro de 2021”.

Em pedido de reconsideração do Ministério Público (MP) em Tramandaí, a Justiça local aceitou o pedido de bloqueio dos equipamentos do parque de diversões Top Park, localizado às margens do Rio Tramandaí, no Centro de Imbé.  Após atuação conjunta dos promotores de Justiça Karine Camargo Teixeira e Francisco Saldanha Lauenstein, foi manejada na noite de terça-feira (15/02), uma ação inicial, a qual teve o pedido de liminar negado pelo juiz plantonista. Na quarta (16/02), o MP entrou com pedido de reconsideração ressaltando que o parque está desmontando e retirando os equipamentos. No pedido de reconsideração, a promotora apresentou imagens dos ferimentos e descrição das lesões causadas nas vítimas.

Diante dos elementos apontados pelo Ministério Público, a Justiça optou por deferir o bloqueio dos equipamentos de parques de diversões e a manutenção deles no local em que se encontram, no local do evento ou em outro local a ser indicado pela Polícia Civil durante o cumprimento da diligência, mediante consulta à Autoridade Policial, às expensas dos requeridos, até definição da destinação adequada.

FOTO: Lauro Alves