Proliferação do mosquito Pólvora afeta municípios do Litoral Norte
Em meio ao aumento do número de casos de Dengue no Litoral Norte gaúcho, outra preocupação tem deixado os moradores da região aflitos: Trata-se do Mosquito Pólvora. Também conhecido como ‘Maruim’, o inseto pode transmitir o vírus causador da Febre Oropouche, doença que já causou uma morte no estado do Amazonas.
A picada causa umas bolinhas e manchas vermelhadas. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são parecidos com os da Dengue e da Chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Em caso de apresentar esses sintomas, a pessoa deve imediatamente procurar atendimento médico. Vale ressaltar que não há tratamento específico contra a doença.
PROLIFERAÇÃO NO LITORAL
A larva do Maruim gosta de ambientes úmidos, como folhas e no tronco das plantas. O mosquito minúsculo e de coloração preta se reproduz principalmente nas plantações de banana, algo comum no Litoral, onde várias cidades são conhecidas por serem produtoras da fruta. Em Dom Pedro de Alcântara, por exemplo, o Pólvora já virou motivo de alerta para a população de quase 2,5 mil habitantes. Segundo a secretária de Saúde do município, Janaína Schwank, a rápida proliferação do inseto pode causar um colapso no atendimento nos Postos de Saúde do local.
A proliferação do Pólvora também já chegou a outras cidades do Litoral, incluindo Osório, Arroio do Sal, Caraá, Itati, Maquiné, Morrinhos do Sul, Terra de Areia, Torres, Três Cachoeiras e Três Forquilhas, além de outras regiões do RS atingindo os municípios de Taquara (nos Vales) e Pelotas, no Sul do Estado. A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Defesa Vegetal, tem desenvolvido ações para mapear a infestação da espécie.
De acordo com o fiscal estadual agropecuário Alonso Duarte de Andrade, a Defesa Agropecuária está avaliando quais fatores têm provocado a explosão populacional do mosquito-pólvora, verificando possibilidades como manejo incorreto, desequilíbrio ambiental ou mudança climática. Para isso, estão sendo implantadas as seguintes ferramentas de manejo: controles biológico, hormonal, comportamental, cultural e, caso necessário, o controle químico dos insetos. “O objetivo é impedir o uso indiscriminado de defensivos, o que reduziria os inimigos naturais dos mosquitos e aumentaria o desequilíbrio”, alerta Alonso.
Na terça-feira (3), servidores da Seapi participaram de reunião com os presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de 19 municípios da região litorânea. “Debatemos a situação atual e propusemos medidas em conjunto para orientar os produtores da região, incluindo ciclos de palestras que serão ministradas pela Defesa Agropecuária do Estado”, informa o fiscal.
Algumas medidas já estão sendo adotadas pela Seapi, em parceria com a Emater/RS-Ascar e com a 18ª Coordenadoria da Saúde do Estado (CRS). Os municípios do Litoral Norte vão aplicar um bioativo para controlar a praga sem afetar as plantações de banana. O produto, que já está em teste em Santa Catarina (SC), é feito a partir da levedura de cerveja. “É um bioativo produzido à base de levedura de cerveja fermentada. Ele vai ser utilizado para controlar a larva e os ovos do maruim. Ele vai servir, a gente acredita, assim, como um paliativo, porque, para controlar o mosquitinho, é bem complicado”, diz Tatiane Vahl Bohrer, engenheira agrônoma da Emater. Conforme a especialista, a ideia é, de que assim que o bioativo for aprovado, que os próprios municípios consigam produzi-lo em maior quantidade.