Operação Retomada cumpre 57 mandados no Litoral e região Metropolitana
Foi deflagrada na manhã da última sexta-feira (5), a Operação Retomada. Com objetivo de combater o tráfico de drogas e a associação para o tráfico em um condomínio residencial de Santo Antônio da Patrulha (SAP). A ação contou com a participação de aproximadamente 230 agentes da Brigada Militar (BM) e do Ministério Público (MP).
Ao todo, foram 57 mandados, sendo 40 de busca e apreensão e 17 de prisão. Além de Santo Antônio da Patrulha, também receberam ações os municípios de Canoas, Charqueada, Nova Santa Rita e Osório, assim como as Penitenciárias Moduladas Estaduais de Charqueadas (PMEC) e de Osório (PMEO). Também foi realizado o bloqueio judicial de 10 apartamentos no condomínio de SAP.
INVESTIGAÇÕES
A investigação verificou que a facção, comandada por dois irmãos recolhidos na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas, trazia a droga de outra cidade, (provavelmente de Canoas), e a estocava em residências próximas e em apartamentos dentro do condomínio. O grupo adquiriu ou alugou cerca de 20 apartamentos no residencial em Santo Antônio da Patrulha, os quais eram utilizados para moradia, fracionamento e armazenamento de drogas.
A venda dos entorpecentes ocorria em frente ao condomínio, à luz do dia, e os moradores que não colaborassem com essa prática eram obrigados a deixar o local. Além disso, perpetuava a lei do silêncio, pois os moradores não se sentiam seguros em denunciar os envolvidos com o tráfico de drogas no local, por medo de represálias.
Conforme o MP, além de armazenar drogas em apartamentos próprios e alugados do Programa Minha Casa, Minha Vida, o grupo criminoso também obrigava moradores, mediante ameaça, a guardarem os entorpecentes. Há casos de pessoas que tiveram de abandonar seus apartamentos. Segundo o promotor de Justiça Camilo Vargas Santana, a partir do início das investigações, foi possível “confirmar a ocorrência de traficância no local”, bem como a presença e a participação neste crime de integrantes de uma facção com origem em Canoas, na região Metropolitana. Além disso, constatou-se a utilização de diversas “unidades habitacionais para o tráfico de drogas, com o completo desvirtuamento de sua finalidade social”. Ainda segundo o promotor, a ação também atende a reclamação dos moradores do local que se sentem “reféns em suas próprias casas”.
Foram presas 20 pessoas, sendo 13 a partir do cumprimento de mandados de prisão e sete por flagrantes de tráfico de drogas e posse ilegal de armas. Houve apreensão de cinco armas, munições e entorpecentes, além de uma quantia em dinheiro. O promotor João Afonso Silva Beltrame, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ressaltou a importância das prisões, evitando assim a possibilidade de outros crimes. “A adoção dessa medida extrema é a única forma de desarticular a associação criminosa desvelada e garantir o bom andamento da marcha processual” declarou Beltrame.
DESTINAÇÃO ADEQUADA DOS IMÓVEIS
Após a Operação, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MP-RS, Júlio César de Melo, acompanhado dos promotores de Justiça João Afonso Silva Beltrame, Camilo Vargas Santana e Graziela da Rocha Vaughan Veleda, visitou o condomínio residencial do Programa Minha Casa Minha Vida. Estiveram presentes também, o prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Rodrigo Massulo, alguns de seus secretários e vereadores da cidade.
Júlio Melo aproveitou a visita para elogiar o trabalho integrado das forças de segurança nesta operação. “A sociedade olha para o poder público como um todo, independente das nossas funções e das nossas competências. Quando ela precisa de algo, quer ser atendida na sua demanda e um trabalho integrado como esse precisa ser enaltecido. Todos ganham, mas, sobretudo, a sociedade”, afirmou o subprocurador-geral de Justiça.
No ato, foi mencionada a necessidade de políticas públicas para garantir assistência aos moradores da área, além de permanentes ações de segurança. Agora, os apartamentos que estavam dominados por traficantes serão devolvidos para a Prefeitura e para a Caixa Econômica Federal, que darão a destinação adequada aos imóveis.
Fotos: Tiago Coutinho