POLICIAL

Operação da Polícia cumpre mandado no Litoral

A Delegacia Especializada no Combate aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) realizou, na manhã de terça-feira (31/05), uma Operação para combater uma organização criminosa que estava furtando tratores, por meio de golpes aplicados na internet. Os crimes eram cometidos em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Um dos integrantes da quadrilha e o receptador dos maquinários agrícolas foram presos. O líder do esquema criminoso já era apenado e dava ordens ao grupo pelo celular de dentro de um presídio gaúcho. A polícia, então, pediu pela transferência do apenado do Presídio Regional de Caxias do Sul para que ele não tivesse mais acesso à internet e que não desse continuidade aos golpes. O pedido foi acatado pelo Poder Judiciário e o preso foi levado para uma casa prisional com bloqueadores de sinal telefônico. Os demais investigados seguem foragidos.

A investigação aponta que os criminosos movimentaram 14 tratores entre janeiro e junho de 2021. Todos os integrantes da quadrilha foram identificados, além das transações bancárias. Após a conclusão do inquérito, a Polícia entrou com pedido de prisão preventiva dos denunciados e também solicitou à Justiça mandados de busca em residências utilizadas nos crimes. As ordens judiciais foram cumpridas em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Flores da Cunha e Cotiporã, na Serra; Cidreira, no Litoral Norte; e Lajeado, no Vale do Taquari.

OPERAÇÃO MAHINDRA

As investigações tiveram início em abril de 2021, quando um morador de Sertão Santana registrou ocorrência relatando que havia caído em um golpe. Segundo o relato, a vítima teria colocado seu trator à venda em um anúncio no aplicativo OLX, recebendo mensagens via Whatsapp de uma pessoa interessada em comprar o maquinário. O suposto comprador efetuou um depósito na conta do anunciante, e mandou um guincho buscar o trator. Todavia, a vítima constatou posteriormente que o depósito foi realizado em um envelope vazio.

A Decrab Camaquã assumiu o caso e identificou o modo de atuação da quadrilha. Conforme a polícia, o chefe do bando era responsável por fazer contato com as vítimas pelo Whatsapp. O golpe normalmente era concluído em uma sexta-feira, quando o falso depósito seria efetuado na conta da vítima. Os criminosos tomavam cuidado para realizar a transação após o término do expediente bancário, impedindo que a vítima verificasse se realmente o valor havia entrado na conta.

Na sequência, o líder do grupo contratava um guincheiro para realizar o transporte do maquinário, quase sempre com destino a Caxias do Sul e Farroupilha, na Serra Gaúcha. No entanto, o trajeto era alterado no meio do caminho e o trator acabava sendo entregue em outro local. A Decrab apurou que os guincheiros eram contratados aleatoriamente e não sabiam que estavam fazendo parte do esquema criminoso. O frete também era combinado pelo Whatsapp e os trabalhadores recebiam em dinheiro pelo serviço prestado.

Os criminosos se certificavam de que as vítimas iriam anotar a placa dos caminhões, bem como ficavam com o contato telefônico dos motoristas. Se o guincheiro fosse identificado pela polícia, não teria como saber quem o contratou. A Decrab também constatou que quando o trabalhador era orientado a entregar em outro local, membros da quadrilha já estavam acompanhando o caminhão. O guincheiro era acompanhado pelos bandidos até deixar o local para que não desconfiasse de algo e acionasse a polícia.

A esposa do chefe da quadrilha também tinha forte atuação na organização, já que repassava as ordens aos demais integrantes, retransmitindo mensagens de áudio, onde ameaças eram feitas com relação a dívidas. Já o braço direito do líder era quem recebia os tratores e tinha a função de repassar o maquinário para outro comparsa. Este ficava encarregado de vendê-lo o mais rápido possível, normalmente por um valor abaixo do mercado. O integrante da quadrilha que recebia o trator já tinha um receptador responsável por vender o veículo. Para tentar enganar a polícia, o dinheiro da venda era depositado em várias contas de terceiros, que depois retornavam o valor para a companheira, o cunhado e o braço direito do líder do bando.

Foto: PC