EDITORIAL

Obstetrícia: um obstáculo a ser vencido

A crise generalizada nos hospitais do país, boa parte devido ao não reajuste da tabela de serviços do prestados ao SUS, somado ao aumento exponencial dos custos que se incluem honorários médicos, encargos fiscais e agora a aplicação do piso salarial da Enfermagem, estão forçando o fechamento de Centros Obstétricos nos hospitais.
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), através do Núcleo Simers de Obstetrícia, em comunicado público
dispôs sobre o sentimento de contrariedade, bem como a preocupação com os reflexos do encerramento das atividades de diversos centros obstétricos no Estado. Neste sentido lançou a campanha Salvem os Centros Obstétricos do RS. O alerta sobre o problema iniciou na quarta-feira, 31, aos prefeitos gaúchos, durante reunião na Casa da Famurs, na Expointer.
A entidade médica alerta que há alguns anos está ocorrendo o fechamento de unidades obstétricas nos hospitais de todo o Estado e esta descontinuidade dos serviços já atingiu hospitais importantes como o hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e Ernesto Dornelles (HED), além da extinção do setor no Hospital Nossa Senhora do Livramento, em Guaíba, sendo esse um dos casos mais emblemáticos do desmonte da saúde obstétrica gaúcha. No interior do Rio Grande do Sul, localidades como Aceguá, São José do Norte, Rio Grande, Santana do Livramento, Osório, Campina das Missões e, recentemente, Caxias do Sul, tiveram suas atividades ameaçadas ou completamente finalizadas.
A crise está instalada e este movimento do SIMERS se torna imprescindível para que sirva de alerta aos poderes constituídos para o caos a que está chegando à saúde, principalmente aos hospitais filantrópicos e que atendem ao Sistema Único de Saúde.
Vimos a classe política levantar recursos em quantias vultosas como foi o do Fundo Eleitoral e que poderia em muito melhorar o sistema, bem como ampliar os investimentos do Ministério da Saúde a exemplo do realizado durante a pandemia.
O Estado tem eximido de sua responsabilidade a partir do momento que, conhecedor da crise dos hospitais e do fechamento de setores como a maternidade, deixa de aplicar volume maior de recursos à Saúde.
Por sua vez, os municípios que tanto propagam melhorias da saúde esquecem justamente do que a população carece, buscando trabalhar a prevenção, quando o grave que pode vir gerar mortes e vem ocorrendo, por atendimento precário e até mesmo por falta de vagas. Tal situação certamente se encaminha para ocorrer no setor de maternidade, quando as grávidas terão de buscarem em outras cidades o atendimento para terem seus filhos.
A mobilização da sociedade e a pressão sobre os órgãos governamentais e representante políticos para que uma solução seja apresentada e assim dar tranquilidade à população. Neste momento a obstetrícia tem um grande obstáculo a ser vencido, a começar por uma melhor remuneração por parte do SUS e também a participação financeira dos municípios a qual a gestante é oriunda. As prefeituras poderiam de imediato realizarem um completivo dos custos gerados pelo atendimento obstétrico, pois esta dificuldade fatalmente poderá reduzir cada vez mais o número de nascimentos, mas o principal risco é de uma parturiente ter complicações por não ter o atendimento próximo e vir a ter complicações no parto.
A situação do Hospital de Osório está sendo analisada para que este fechamento sistemático de serviços de obstetrícia não ocorram, mas amargar prejuízos superiores a R$ 100 mil se tornam insustentáveis para uma entidade sem fins lucrativos, por melhor que seja administrada ou recebendo auxílios esporádicos, quando a necessidade são de recursos permanentes para o custeio. Que a ação promovida pelo SIMERS possa sensibilizar a sociedade gaúcha e trazer alívio a todo o sistema.