Municípios do Litoral sofrem com ciclone Yakecan

Queda de transformador causou falta de energia a diversas moradias em Osório. – Foto: PMO

Entre terça (17) e quarta-feira (18), o RS sofreu com fortes chuvas e rajadas de vento que ultrapassaram os 100 quilômetros por hora (km/h), provocados pelo ciclone Yakecan (som do céu, em tupi-guarani). O ciclone acabou causando diversos transtornos, principalmente na costa gaúcha, região mais atingida. Ao menos 325 mil pessoas ficaram sem energia elétrica em todo o RS, sendo 142 mil somente no Litoral Norte. Foram registrados casos nos municípios de Balneário Pinhal, Capão da Canoa, Cidreira, Imbé, Mampituba, Maquiné, Morrinhos do Sul, Mostardas, Osório, Tavares, Terra de Areia, Tramandaí, Três Cachoeiras e Xangri-lá.

Osório foi um dos municípios mais atingidos pelo ciclone na região.  A cidade registrou queda de árvores e placas, cabos de energia rompidos, além de pontos de alagamento. Diversos locais acabaram ficando sem luz e água, como Bosques do Albatroz, Caravágio, Caiu do Céu, Glória, Livramento, Medianeira Pitangas, Popular, Porto Lacustre, Primavera, Sulbrasileiro, Várzea do Padre e parte do Centro.

As secretarias municipais de Segurança Pública e Trânsito, de Assistência Social e Habitação e de Desenvolvimento, Turismo, Cultura e Juventude estiveram durante a noite de terça (17) e na manhã de quarta-feira (18), atendendo a população osoriense que foi atingida pelo ciclone subtropical. Cerca de 60 casas foram atendidas com a destinação de lonas e a entrega de telhas.

Ao menos quatro famílias precisaram ser abrigadas na Vila Olímpica e outras oito foram atendidas e levadas para residências de amigos e familiares. Além disso, a secretaria de Assistência Social e Habitação auxiliou os moradores de ruas com a entrega de cobertores e sopas, além de oferecer abrigo para todos. A equipe da secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pecuária realizou a retirada de árvores e galhos que caíram e estavam interrompendo o trânsito.

Já a Secretaria de Educação esteve visitando todas as escolas municipais de Osório verificando os estragos e montando um planejamento para atendimento de todas as demandas. Por causa de estragos as Escolas Major Antônio de Alencar e Cantinho da Alegria tiveram as aulas canceladas na quinta (19) e sexta-feira (20). Devido à falta de luz e água, a Secretaria de Saúde cancelou na quarta-feira, a vacinação contra a Covid e as consultas eletivas agendadas.

O prefeito Roger Caputi ressaltou que a administração tem buscado atender todas as famílias que sofreram algum dano. “Nossas secretarias municipais estão atendendo todas as demandas que tem chegado até nós. Tivemos alguns locais da cidade que foram afetados pelo ciclone, mas já estamos dando todo suporte para essas pessoas e qualquer problema ou dúvida as pessoas podem entrar em contato com a secretaria de Segurança Pública e Trânsito através da Defesa Civil”, afirmou o prefeito osoriense.

HOSPITAL DE TRAMANDAÍ DESTELHADO

Além de Osório, outras cidades da região também sofreram com o ciclone. Como já é de costume, o Hospital de Tramandaí (HT), mais uma vez, teve parte de seu telhado arrancado devido ao forte vento. Conforme o secretário de Segurança de Tramandaí, Claudiomir da Silva Pedro, o destelhamento aconteceu em alas ao lado da Avenida Atlântica, atingindo todo o setor de internação da clínica cirúrgica.

Os 18 pacientes que estavam nos quartos atingidos imediatamente foram remanejamento para uma ala que estava desativada e estão em segurança não havendo necessidades de transferências. Mesmo assim, a Policlínica de Imbé e os Hospitais Santa Luzia (Capão da Canoa), São Vicente de Paulo (Osório) e Santo Antônio da Patrulha se colocaram à disposição para receber pacientes. Felizmente, ninguém se feriu. O secretário informou ainda que estão fazendo a colocação de tapumes para, de forma paliativa, garantir mais segurança no local.

As prefeituras de Tramandaí e Imbé estão mobilizadas para que a reconstrução seja o mais rápido possível. Equipes já iniciaram o trabalho de limpeza e assim que o tempo firmar, começarão o serviço de reconstrução. A Construtora Massef se ofereceu para a manutenção e o reparo do telhado do HT.

Pelas redes sociais, o deputado federal Alceu Moreira (MDB) comunicou que irá realizar um repasse para a instituição. “Nosso gabinete oficializou pedido de R$ 200 mil em recursos federais, que devem ajudar na recuperação da estrutura do telhado do Hospital de Tramandaí, destruído pela força do ciclone Yakecan. Já encaminhamos mais R$ 2,3 milhões à instituição e seguiremos à disposição”, escreveu o parlamentar.

OUTROS ESTRAGOS NA REGIÃO

Os ventos causados pelo ciclone Yakecan deixou um rastro de destruição na comunidade de Chimarrão, em Três Cachoeiras, a sete quilômetros da sede do município. Segundo informações, praticamente todos os moradores registrados estragos em suas residências. Para se ter ideia, uma fábrica de reciclagem que funciona na região teve mais de 70 telhas arrancadas.

Em Balneário Pinhal, três postes caíram na Rua José Orlando de Freitas, próximo a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Golfinho do Mar, na região central do município. Segundo a CEEE Equatorial, os postes foram trocados e a energia foi reestabelecida. Em Cidreira, um transformador pegou fogo na Rua Lídia Silveira Saraiva. O Corpo de Bombeiros Militar precisou ser acionado e a rede de energia foi desligada. A CEEE informou que já está providenciando um novo equipamento para realizar a troca.

O ciclone também ocasionou transtornos nas rodovias da região, causando até bloqueio em alguns pontos devido à queda de árvores. Na noite de terça-feira (17), o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), registrou a queda de uma árvore na altura do quilômetro36 da ERS-486 (Rota do Sol), em Três Forquilhas. Segundo o CRBM, a árvore caiu na pista de rolamento e obstruiu o sentido Serra – Litoral. Ainda na terça, outra árvore precisou ser retirada pelos Bombeiros, dessa vez no quilômetro 58 da ERS-389 (Estrada do Mar), em Arroio do Sol. Após o trabalho dos Bombeiros, o trânsito voltou a funcionar normalmente. Felizmente, ninguém se feriu.

MAIS DE 20 HORAS NO ESCURO

Mesmo sendo um dos primeiros locais atingidos por chuva e vento intenso, todos os moradores de Mostardas e Tavares, ainda lidavam com os transtornos na manhã de quarta-feira (18). Os cerca de 19 mil moradores dos dois municípios continuavam sem abastecimento de energia elétrica, telefonia móvel e internet, somando mais de 20 horas sem os serviços.

No final da tarde de terça-feira (17), as rajadas atingiram 70km/h na região. A tempestade subtropical provocou alagamentos em ruas e quedas de galhos sobre a fiação elétrica de toda a região. Desde então, os moradores ficaram sem luz.

RESSACA E AFASTAMENTO DO CICLONE

Além de causar diversos estragos no Litoral Norte a passagem do ciclone Yakecan provocou o avanço do mar em algumas praias. Em Mostardas, por exemplo, as águas se aproximaram das guaritas. Já em Xangri-lá, na Plataforma Marítima de Atlântida, as ondas estavam quebrando fortemente na costa. Conforme a MetSul Meteorologia, a ressaca maior pode ser registrada entre a noite de quarta (18) e a madrugada de quinta-feira (19), com as ondas chegando a quase cinco metros de altura. 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o ciclone já passou pelo Litoral gaúcho, seguindo em direção aos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, com menos intensidade do que o previsto e se afastando da costa. Ainda assim, a recomendação para que a população adote medidas de autoproteção se mantém. Vale ressaltar que os ventos fortes podem atingir até o município de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

TRABALHOS SEGUEM SENDO REALIZADOS

Até o final desta quinta (19), cerca de 25 mil pessoas seguiam sem luz em todo o RS, incluindo cidades do Litoral Norte. Vale destacar que a CEEE não informou o número de clientes que seguiam sem abastecimento de energia por município. A Companhia afirmou que está intensificando os trabalhos para a retomada da luz, o mais breve possível.

Para solicitar atendimento de falta de luz entre em contato com a CEEE Equatorial pelo site (ceee.equatorialenergia.com.br), telefone: 0800 721 2333 ou envie um SMS para o número 27307, com a palavra LUZ e o número da Unidade Consumidora (encontrado no canto superior direito da fatura de energia). Em Osório, a Secretaria de Segurança disponibilizou três telefones para os moradores ligarem caso seja necessário: (51)3663-6300, (51) 3601-1790 e (51) 99751-5996.