Lojistas vivem cenário de incerteza para o período do Carnaval
Pelo segundo ano consecutivo uma das principais celebrações dos brasileiros sofre restrições em virtude da pandemia. O cancelamento do Carnaval de Rua em praticamente todo o país gera um cenário de incerteza para o comércio, que sempre teve na data um momento de resultados positivos em suas vendas.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch, ressalta que neste período as lojas especializadas em artigos de decoração e fantasias apresentavam um crescimento exponencial de suas vendas e isso ajudava o comércio em geral. Além disso, os setores de hospedagem e alimentação também lucravam muito durante os quatro dias de realização da folia.
“Até 2020, as lojas especializadas em artigos típicos dos festejos carnavalescos chegavam a dobrar suas vendas na comparação com outros períodos do ano. Hotéis, pousadas, agências de viagens e restaurantes também tinham seu faturamento ampliado durante o carnaval, especialmente nas cidades litorâneas do Rio Grande do Sul. Hoje, repetindo o que aconteceu em 2021, vivemos um momento em que a população está procurando cuidar da sua saúde e das suas finanças e isso, deve se refletir, sim, em vendas menores no período”, avalia Vitor Augusto Koch.
O dirigente comenta que não apenas as lojas especializadas em artigos de carnaval deixam de ter maior incremento de vendas com o cancelamento da festividade. Segmentos como restaurantes, bares, supermercados, lojas de vestuário, de calçados e de bijuterias também devem ser afetados por este momento de incerteza.
Apreensão para os resultados do primeiro trimestre
Não é apenas o resultado das vendas no Carnaval que traz apreensão para os lojistas. Fatores como o aumento da taxa básica de juros do país, a inflação ainda se mantendo em um patamar elevado, a redução do poder de compra do consumidor e o recrudescimento da pandemia da Covid-19 podem fazer com que o varejo não tenha o desempenho esperado no primeiro trimestre de 2022.
“Precisamos de medidas efetivas para reverter o quadro atual, especialmente no que diz respeito ao crescimento das taxas de juros do país. A alta da Selic para 10,75% é preocupante, pois pode prejudicar a tão necessária recuperação econômica que o Brasil precisa ter. Como os índices de consumo e de emprego ainda estão abaixo dos níveis anteriores à pandemia da Covid-19 o momento não é o ideal para a adoção de medidas que comprometam ainda mais o orçamento das famílias e das empresas”, destaca Koch.
O presidente da FCDL-RS pondera que o comércio é um dos setores mais afetados pelas altas taxas de juros. Ele lembra que o aumento da Selic deixa mais cara a gestão do fluxo de caixa e o crédito para financiar um empreendimento. Além disso, há uma dificuldade de repassar o aumento no custo para o preço dos produtos, já que o consumidor também tem o poder de compra reduzido.
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