Fiergs apresenta balanço de 2025 e perspectivas para o próximo ano
OSÓRIO – O Sistema Fiergs realizou na manhã de terça-feira (9) uma Coletiva de Imprensa para apresentar o balanço do setor industrial gaúcho em 2025 e as perspectivas para 2026. O evento foi realizado na sede da Fiergs, em Porto Alegre, e contou com a presença do presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Cláudio Bier; o economista-chefe da Unidade de Estudados Econômicos (UEE), Giovani Baggio; a diretora-executiva e de Relações Institucionais, Ana Paula Werlang; e a diretora-geral do Sesi-RS, Senai-RS e IEL-RS, Susana Kakuta.
O Sistema Fiergs encerrou 2025 com avanços nos atendimentos à indústria e na oferta de educação e saúde aos trabalhadores. Ao todo, quase 11 mil empresas foram atendidas, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior. As indústrias de pequeno e médio porte tiveram destaque, com serviços prestados cobrindo 63% do segmento. “Este foi um ano de consolidação do nosso projeto Fiergs do Futuro, que guiou nossas ações com foco em gestão integrada, resultados e valorização do interior gaúcho. Importante destacar que esses resultados foram alcançados com praticamente a mesma receita e uma significativa redução de despesas. Fizemos muito mais com menos”, afirmou Cláudio Bier.
Como exemplo prático do investimento em prol da indústria, Bier ressaltou o aumento significativo do número de contratações de fornecedores do RS para o Sistema Fiergs – 88% dos valores contratados foram de empresas do Rio Grande do Sul – e investimentos em unidades de Sesi-RS e Senai-RS. “Essas entregas são fruto de um novo modelo pioneiro de gestão que implantamos em 2025. Um modelo integrado, ágil e focado em resultados, organizado em 10 regiões geográficas. O ano de 2025 foi de escuta e iniciativas importantes, vimos que a força da indústria gaúcha está na sua diversidade e capilaridade”, disse o presidente da Fiergs.
EDUCAÇÃO – O Sistema Fiergs atendeu 90 mil alunos, um aumento de 15% em relação a 2024. O desempenho é atribuído à metodologia própria do Sistema Fiergs, voltada a formar jovens protagonistas para o futuro do trabalho e da indústria, o que resultou em evasão zero em 2025 nas escolas Sesi de Ensino Médio. No total, Sesi, Senai e IEL registraram 190 mil matrículas. Outras entregas na área incluíram:
– Complexo educacional em Bento Gonçalves;
– Contraturno tecnológico em Panambi;
– Novas unidades do Senai em Ibirubá, Venâncio Aires e Cachoeira do Sul;
– Future, maior evento de educação do Sistema Fiergs, que reuniu mais de 22 mil estudantes no início de outubro.
SAÚDE – Cerca de 350 mil trabalhadores da indústria foram atendidos. “Unificamos Sesi, Senai e IEL sob uma única direção. Foi essa estrutura que permitiu agir com velocidade e precisão”, destacou Bier.
ROTA FIERGS – O ano também foi marcado pelo Rota Fiergs, iniciativa de interiorização da entidade. Os encontros, realizados nas 10 regiões do estado, resultaram em 52 demandas prioritárias voltadas à educação, tecnologia, infraestrutura e atração de investimentos. A necessidade de qualificação e retenção de trabalhadores especializados impulsionou programas como Indústria do Amanhã, Plataforma Oi, Seja Pro+, Soldado Cidadão, Indústria Acolhedora e Carretas do Saber.
ATUAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA
No cenário econômico e político, a Fiergs atuou pela redução das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros e pela construção de fundos constitucionais de desenvolvimento para Sul e Sudeste. Também promoveu debates sobre temas da atualidade no evento INDX e participou ativamente da COP 30, destacando projetos de sustentabilidade e segurança energética.
EXPECTATIVAS PARA 2026
Foram anunciados R$ 419 milhões em investimentos até 2027 em unidades do Sesi e do Senai no estado. Estão previstas a inauguração de duas novas escolas de Ensino Médio, em Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul, além da ampliação da unidade do Senai em Horizontina em 2026. O Rota Fiergs terá continuidade, com novas entregas e a identificação de outras demandas regionais.
Em ano de eleição geral, o Sistema Fiergs seguirá atuante. “Vamos apresentar uma agenda propositiva aos candidatos nas eleições, garantindo que o desenvolvimento industrial esteja no centro do debate. É nossa forma de fortalecer a democracia e cobrar atitudes e ação dos governantes”, concluiu Bier.

ALTA DE 1,6% NO PIB GAÚCHO EM 2025 E DE 2,9% EM 2026
O Rio Grande do Sul deve encerrar o ano com crescimento de 1,6% no Produto Interno Bruto (PIB). O resultado fica abaixo da projeção para o Brasil, estimada em alta de 2,1%. Esse dado ocorre em meio ao ambiente conturbado nas relações internacionais, marcado pelas taxações dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros – que afetam especialmente os gaúchos –, da dificuldade da indústria de ganhar tração e da retração de 4,7% no PIB da agropecuária, fortemente impactada pela estiagem. A perspectiva da Unidade de Estudos Econômicos é de crescimento de 2% para o PIB industrial em 2025.
Na indústria, a perda de dinamismo ficou evidente a partir do segundo trimestre de 2025. Após sinais de reação no fim de 2024, a atividade voltou a enfraquecer, pressionada pelos juros elevados, pelas incertezas fiscais, pelos gargalos logísticos remanescentes das enchentes, por problemas sanitários e, sobretudo, pelos efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Entre agosto e novembro, as exportações industriais gaúchas para o mercado americano recuaram fortemente, resultando em perda de US$ 252 milhões ante o mesmo período de 2024. Mantidas as condições atuais, projeta-se que a Indústria de Transformação do RS exporte cerca de US$ 1,1 bilhão aos EUA em 2026, ante aproximadamente US$ 2 bilhões em um cenário sem tarifas, uma perda estimada de cerca de US$ 900 milhões.
Para 2026, a Fiergs prevê uma retomada mais robusta da economia estadual, com avanço estimado de 2,9% no PIB, superior à expectativa de 1,9% para o Brasil. O desempenho deverá ser impulsionado sobretudo pela agropecuária, que pode registrar forte recuperação e crescer 17,6%. A indústria, por sua vez, deve apresentar expansão modesta, da ordem de 0,8%. O setor de serviços também tende a acompanhar o movimento de crescimento, embora em magnitude menor (1,7%) que a agropecuária.
“As expectativas para o próximo ano são de uma boa safra. O Rio Grande do Sul deve crescer mais do que o Brasil, impulsionado pelo agronegócio. Já a indústria deve apresentar crescimento menor devido aos juros elevados e às tarifas americanas, que nos impactam significativamente”, afirmou o economista-chefe da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Federação, Giovani Baggio.
CENÁRIO INTERNACIONAL
A economia global deve encerrar o ano com expansão de 3,2%, seguida por uma projeção de 3,1% para 2026. Os Estados Unidos devem crescer 2% em 2025 e 2,1% no ano seguinte. “O cenário internacional ganhou uma importância enorme nas análises de economistas e empresas neste ano. Vivemos um contexto de forte tensão, marcado por guerras e conflitos no Oriente Médio. Por outro lado, também surgem oportunidades para o próximo ano, como o acordo Mercosul–União Europeia, a abertura de novos mercados na Ásia e a possível estabilização da Argentina. Além disso, contamos com um agronegócio robusto, impulsionado por uma boa safra no Brasil”, ponderou o economista-chefe

CRÉDITOS: Dudu Leal
