SAÚDE

Farmácia do Estado enfrenta falta de remédios

size_810_16_9_pilula_cancer_uspAlvo de denúncias na Câmara de Vereadores de Porto Alegre em junho do ano passado, a situação da Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado ainda não apresentou melhoras. Para quem precisa dos remédios, o cenário parece ter piorado ainda mais. Na época, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) afirmou estar empenhada na mudança da sede da farmácia localizada na avenida Borges de Medeiros para um prédio na avenida João Pessoa. O projeto arquitetônico já estava aprovado e a SES aguardava a liberação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) por parte do Corpo de Bombeiros. Até o momento, a mudança não foi realizada.

Tiago Rodrigo dos Santos, tesoureiro da Associação Gaúcha de Portadores de Esclerose Múltipla (Agapem), relata que, desde dezembro, três medicamentos necessários aos portadores da doença estão em falta – o Avonex, o Rebif 44 e o Gilenya. “Temos no Estado cerca de 2.500 pessoas com esclerose múltipla, sendo que mil utilizam os medicamentos. Além da falta dos remédios, ainda não recebemos nenhuma informação de quando eles chegarão. Isso é muito prejudicial, pois pode causar uma falha terapêutica e não ter mais eficácia”, explica. O custo mensal do tratamento é entre R$ 6 mil e R$ 10 mil e alguns remédios não são encontrados em farmácias normais. Santos esteve em junho na Câmara e relatou problemas semelhantes, como a espera de quase seis meses para iniciar o tratamento por causa da demora na liberação dos remédios. De acordo com ele, a situação no local parece ter piorado.

A compra é feita pelo Ministério da Saúde a cada trimestre, com a solicitação da necessidade repassada pelas secretarias estaduais. “O Estado tem obrigação com a logística, e sabemos que o último pedido foi feito em setembro. Também observamos que o prédio não tem estrutura adequada, sendo cheio de escadas, o que dificulta o acesso para cadeirantes e pessoas com outros problemas de mobilidade.

Maurício Nin, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul, afirma que, em fiscalização realizada em 2015, foram observados diversos descumprimentos de normas técnicas e de questões sanitárias. Entre elas estava a não existência de um diretor técnico registrado no conselho. “Isso gera o descumprimento dos procedimentos técnicos da profissão, e sabemos que continua sem esse profissional. A farmácia recebe entre 1.000 e 1.300 pessoas diariamente, e elas não estão sendo bem orientadas. Isso gera custos extras ao governo e também impacta a qualidade de vida dos pacientes”, afirma.

Na estrutura, Nin diz que foi encontrada uma rachadura na parede, que permitia a entrada de insetos no local, além de mofo. “Também faltavam termostatos nas geladeiras, o que pode influenciar nos medicamentos, que são especiais e de alto custo”, ressalta. Todos os apontamentos do conselho foram entregues para o governo estadual em 2015.

A SES foi procurada para falar sobre a transferência de prédio e a qualificação da farmácia, mas, até o fechamento da edição, não atendeu à solicitação.

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