Expectativa de bares e restaurantes gaúchos é aumentar 65% de vendas no Dia dos Pais

O setor de Alimentação Fora do Lar vem apostando nas datas comemorativas para consolidar a melhora que vive em 2023. Para o Dia dos Pais, a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que quase dois terços das empresas esperam um crescimento no faturamento em relação ao ano passado. O levantamento também revela que 57% dos estabelecimentos gaúchos fecharam junho com lucro e 19% ficaram no prejuízo. Este é o melhor desempenho do setor no Rio Grande do Sul desde setembro de 2022.
“A expectativa vem para marcar o fim da pandemia, encerramento daquele ciclo negativo e o começo de uma nova fase. O público volta a gastar e buscar os bares e restaurantes para confraternizar, priorizando sair ao invés de comemorar em casa”, contextualiza João Melo, presidente da Abrasel-RS. Apesar de alcançar o menor índice de estabelecimentos no prejuízo no ano, que atingiu 47% em fevereiro, e superar a média nacional de empresas com lucro, que é de 45%, o presidente reitera que ainda é cedo para afirmar que é o melhor momento do ano.
“É importante destacar que foi um período de férias, em que as pessoas estavam mais na rua, o que reflete nos resultados e foi positivo para o ramo da Gastronomia”, explica João Melo, que completa, “É necessário ter mais público nas casas, mais pessoas na rua, falta consolidar empréstimos, pagamentos e organizar melhor as contas e empresas. Isso já provoca uma melhora no segmento, percebemos que o brasileiro é rápido para se adaptar à crise, o que é importante em um setor que sente bastante os impactos quando é preciso fazer cortes”, complementa o presidente da Abrasel-RS.
ENDIVIDAMENTO
Mesmo com o bom desempenho, as dívidas ainda preocupam os bares e restaurantes. O levantamento mostra que 42% das empresas têm pagamentos em atraso como empréstimos, pendências com impostos ou fornecedores, aumento de 16% em relação ao mês anterior. As principais contas pendentes são de impostos federais (94%), impostos estaduais (40%), encargos trabalhistas (26%) e para fornecedores de insumos (20%). Em relação a empréstimos, quatro em cada cinco estabelecimentos tomaram algum tipo de financiamento.
“Com a queda de juros, a tendência é que melhore um pouco. Apesar de ter algumas diferenças entre contratos feitos com juros mais altos ou com a taxa reduzida. Mesmo assim, o endividamento do setor é preocupante, dependendo da porcentagem de faturamento que compromete em cada empresa, pode inviabilizar um negócio. Sempre é importante ficar atento e negociar taxas para tentar resolver”, destaca João.
Para sanar o problema, João Melo diz não acreditar em soluções mágicas e indica que o ideal seria um subsídio do governo que recupere todas as consequências causadas pelo período parado, similar a algo feito na Europa para reabilitar o setor.
DADOS
- 65% das empresas esperam aumentar o faturamento no Dia dos Pais, em relação à mesma data do ano passado;
- 19% dos estabelecimentos gaúchos tiveram prejuízo em junho. O número diminuiu em 5% em relação à última pesquisa. 57% tiveram lucro e 24% trabalharam em equilíbrio;
- 42% têm pagamentos em atraso, como empréstimos, dívidas com impostos ou fornecedores (um aumento de 16% em relação ao último levantamento). Destas, 94% devem impostos federais, 40% impostos estaduais, 26% encargos trabalhistas/previdenciários, 6% taxas municipais, 17% a serviços públicos como água/luz/gás/telefone, 20% a fornecedores de insumos e 6% devem aluguel;
- 81% têm empréstimos contratados hoje. Destas, 82% captaram crédito no Pronampe. A inadimplência do programa é de 18% (bem superior à média do programa, que é de 4%). Outros 9% ainda não começaram a pagar as parcelas.