REGIÃO

Estado é oficializado como zona livre de aftosa

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em sua 88º assembleia geral, realizada na manhã desta quinta-feira (27), oficializou a concessão do certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação ao Rio Grande do Sul. A conquista histórica repercute em todo o Estado, especialmente pelas fronteiras que serão abertas para as carnes gaúchas a partir deste novo status sanitário, agora chancelado pela maior autoridade de sanidade animal no mundo.

Projeta-se que a proteína animal produzida no RS consiga agora alcançar 70% dos mercados até então fechados. Além disso, a pecuária gaúcha poderá fortalecer sua presença em países que já compram a carne brasileira. A expectativa é que este novo patamar sanitário gere resultados positivos para toda a agropecuária uma vez que o setor de grãos também precisará atender a demanda da cadeia de proteína animal.

Em Brasília, o governador Eduardo Leite e a secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, assistiram o anúncio ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Já em Porto Alegre, o ex-secretário da Agricultura, Covatti Filho, reuniu na sede da secretaria, entidades e servidores da pasta que participaram do processo de retirada da vacinação do rebanho bovino gaúcho, de cerca de 13 milhões de cabeças. 

“É gratificante chegar neste momento, porque construímos essa caminhada com transparência e com a participação de todos, das entidades que representam os produtores até os nossos servidores”, recorda Covatti Filho. O deputado federal disse também que houve um grande esforço por parte do governo estadual para alcançar a esta condição, respondendo prontamente aos problemas apontados na auditoria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e fazendo investimentos, estimados em R$ 10 milhões, na contratação de pessoal, aquisição de veículos e ajustes no sistema de inspeção sanitária, com reorganização das estruturas regionais. 

A expectativa é de que, a partir de agora, a pecuária gaúcha conquiste novos mercados para a carne bovina, além de ampliar sua participação em mercados onde já está presente com a carne suína, para os quais poderá comercializar também os cortes com osso. O aumento estimado nas exportações, apenas considerando a suinocultura no Estado, é de R$ 1,2 bilhão por ano.

Vale ressaltar que, o Rio Grande do Sul e os outros cinco estados (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Paraná e Rondônia) que tiveram o reconhecimento da OIE ontem (quinta-feira), somam-se ao estado de Santa Catarina, que está há 14 anos como zona livre de febre aftosa sem vacinação.

O processo de transição de zonas livres de febre aftosa com vacinação para livre sem vacinação está previsto no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE PNEFA), conforme estabelecido pelo Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). A meta para o Brasil ser todo livre de febre aftosa sem vacinação é em 2026. “Esse reconhecimento internacional é muito importante para o país e impacta positivamente toda cadeia produtiva do agronegócio. A parceria entre o serviço veterinário oficial e o setor produtivo tem sido a base fundamental para os avanços conquistados. Agora, o Ministério segue, junto ao setor privado, com o desafio de manter a condição do país de livre da febre aftosa e de caminhar rumo ao objetivo de ampliar as áreas com reconhecimento de livre sem vacinação”, destaca o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal.

Atualmente, existem em torno de 70 países reconhecidos livres de febre aftosa sem vacinação, que são potenciais mercados para a produção de carne bovina e suína, com melhor preço e sem restrições sanitárias como, no caso da carne bovina, desossa e maturação. Entre esses países estão Japão, EUA, México e países da UE. Em 2021, nos quatro primeiros meses do ano, o volume exportado de carne bovina e suína aumentou 27% na Região Sul do país, representando valores de R$ 4,3 bilhões, contra R$ 3,4 bilhões no mesmo período em 2020.

Foto: Rodger Timm