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DEZEMBRO VERMELHO – Professora Jenice Pizão fala sobre viver com HIV na terceira idade

Dando continuidade na Programação do Dezembro Vermelho, foi realizada na noite de quarta-feira (8), mais uma live, desta vez com o tema: ‘Vivendo com a HIV na Terceira Idade’. Comandada pela enfermeira e coordenadora do SAE da cidade, Daí Lessa, a live teve como convida a professora aposentada Jenice Pizão. Formada em História, Jenice é uma das fundadoras do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP).

Hoje com 62 anos, a professora foi diagnosticada com HIV/Aids quando tinha 30 anos de idade, em meados de 1990. Com uma filha de 14 anos, o desespero maior de Jenice era não morrer antes de conseguir organizar sua vida. Segundo ela, de 90 para cá, muita coisa mudou, visto que hoje em dia existem tratamentos e um conhecimento maior sobre a doença.

Para a professora Jenice, é necessário falar mais sobre o assunto: “Quanto mais se fala, mais se desconstrói as ideias pré-concebidas. Porque o que faz mal as pessoas é o estigma e a discriminação: a Aids Social”. A enfermeira Dai aproveitou para trazer o exemplo de uma paciente da cidade. Segundo ela, a mulher, que tem mais de 55 anos, não contou para as filhas que foi diagnosticada com o soro positivo da Aids, já que tem medo que os genros a impeçam de ver os seus netos. “Enquanto não se passar a informação vai continuar isso. Porque o ser humano, em sua grande maioria, não se incomoda com aquilo que não o atinge”, alertou Dai.

LEI DO SIGILO

Em outro momento do bate-papo, a enfermeira Daí Lessa lembrou um fator muito importante: a aprovação do Projeto que constitui a Lei do Sigilo (no 315/2021). O Senado aprovou o projeto que obriga a preservação do sigilo sobre a condição de pessoa infectada pelos vírus da imunodeficiência humana (HIV), das hepatites crônicas (HBV e HCV) e de pessoa com hanseníase e tuberculose, no âmbito dos serviços de saúde; dos estabelecimentos de ensino; dos locais de trabalho; da administração pública; da segurança pública; dos processos judiciais e das mídias escrita e audiovisual.

O texto proíbe a divulgação, seja por agentes públicos ou privados, de informações que permitam a identificação dessas pessoas. Já o sigilo profissional somente poderá ser quebrado nos casos determinados por lei, por justa causa ou por autorização expressa da pessoa com o vírus. Se a pessoa for menor de idade, dependerá de autorização do responsável legal. Agora, a matéria segue para sanção presidencial.

VULNERABILIDADE

Na sequência, a professora Jenice falou sobre a questão de todos estarem vulneráveis ao vírus da Aids, incluindo os idosos. Ela contou sobre o caso de uma mulher que sofreu por dois anos até finalmente o seu médico pedir o teste de HIV, o qual deu positivo. “Esse diagnóstico tardio é péssimo. Quanto mais tarde descobrir, menos tempo e recurso terá o tratamento e o combate as comorbidades”.

A pessoa diagnosticada com o vírus precisa entender que o HIV é um processo de inflamação crônico. Os retrovirais e medicamentos utilizados no tratamento causam o envelhecimento das células. Isso sem contar as demais doenças referentes a idade, como por exemplo: diabetes, hipertensão e até mesmo a depressão.

Jenice Pizão acredita que “as nossas doenças estão muito ligadas as emoções”. “Essas emoções geram uma vibração e são essas vibrações que modificam as células”, declarou. É nesse momento que entra o autocuidado. Por isso é importante viver uma vida regrada, com alimentação saudável, prática de exercícios e sem esquecer de estar em dia com os exames médicos. “Quando você se cuida você é muito mais feliz. Lembre-se que viver não é fácil, mas é possível e é muito bom”, declarou a professora Jenice.

Foto: Divulgação