GERAL

Desempenho do comércio gaúcho deve fechar o ano com crescimento de pelo menos 3,6%

A Federação Varejista do RS divulgou na última semana os números de 2022. A boa notícia na avaliação do ano é que as pesquisas mostram uma recuperação vigorosa do setor de serviços e comércio, mas o impacto da estiagem sobre a atividade agropecuária deve limitar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho. Os números mostram um impacto bem significativo. O maior crescimento, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Departamento de Economia e Estatística do RS (DEE-RS), foi no setor de serviços com 12,2%, seguido do comércio com 3,9% e indústria com alta de 1,7%. Já o agro registrou índice negativo de 57,5%.

“O desempenho do comércio em 2022 dependerá do resultado do quarto trimestre. Projetando um crescimento de 3% nestes últimos três meses que é o que acreditamos ser possível alcançar na comparação com o mesmo período do ano passador, o setor pode encerrar o ano com um avanço de 3,6% nas vendas”, afirmou o presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner.

VENDAS NO COMÉRCIO

O desempenho das vendas no RS mostrou recuperação mais lenta no início da crise, mas já supera os patamares pré-pandemia. No país como um todo o índice do volume de vendas ainda está ligeiramente abaixo do nível pré-pandemia. “O aspecto positivo para nós, gaúchos, é que mesmo diante das dificuldades alcançamos no comércio um crescimento de 8% nas vendas, enquanto esse índice no Brasil foi de apenas 0,8%”, destacou Pioner”, detalhou Pioner.

VOLUME E VENDAS POR SEGMENTO

A avaliação dos dados econômicos considerando os diferentes segmentos mostra impactos relevantes do cenário de isolamento social imposto pela pandemia. A análise considera dados até setembro de 2022. Livros, jornais, revista e papelaria foi o segmento com o maior crescimento atingindo alta de 28%. O fenômeno é explicado pela comparação de uma queda muito grande desse setor na pandemia. “O que se observa é que esse segmento vinha caindo desde 2014. Na pandemia a redução foi muito acentuada. Por isso, viu-se uma recuperação tão forte agora. No auge da pandemia esse segmento chegou a cair quase 40%. Não deve devolver as vendas para patamares anteriores à pandemia porque é uma área com uma tendência já de queda. Importante destacar que há quatro áreas nesse indicador e a digitalização de meios de comunicação como jornais e revistas, ajudam a explicar essa queda estrutural. Não foi só a pandemia, mas há um movimento natural de queda desse segmento”, explicou Pioner.

O segundo segmento com maior crescimento foi de Combustível e lubrificante (26%), seguido de tecidos e vestuário (10,9%), artigos de uso pessoal e doméstico (9,7%), hipermercados (7,3%) e artigos farmacêuticos e médicos (5,6%). A maior queda foi registrada no segmento de materiais para escritório (-28,5), seguida de materiais de construção (-13%), móveis e eletrodomésticos (-6,9%) e veículos, motocicletas e peças (-2,3%).

NATAL – A pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra um dado curioso em relação ao Natal. Quase 60% das pessoas pretendem se presentear no Natal. Ou seja, além de comprar presentes para os familiares e amigos, há uma intenção de compra para si próprio. O tíquete médio de compras de presentes de Natal deve ser de R$ 131,96 o que deve movimentar cerca de R$ 66,6 bilhões segundo estimativa da CNDL/SPC Brasil.

MERCADO DE TRABALHO

Por fim, a avaliação do mercado de trabalho mostra que foram criadas 12.981 vagas no comércio do Rio Grande do Sul desde o início do ano. O melhor desempenho foi em outubro com alta de 5%, podendo já representar um impacto não só na retomada do crescimento econômico, mas também uma preparação para as vendas de final de ano. Os três primeiros meses do ano registraram índices negativos, ou seja, com um número maior de demissões do que contratações. De abril em diante os números foram todos positivos.

COMO SERÁ 2023?

A projeção para o PIB gaúcho no ano de 2023 é de um equilíbrio um pouco maior entre os setores analisados. O Agro deve voltar a crescer, não havendo uma condição climática desfavorável sendo esperada alta de 3%. Indústria e comércio/serviços devem acompanhar o desempenho positivo com números esperados de alta de 0,7% em comércio e serviços e de alta de 0,1% na indústria.

Segundo o presidente da Federação Varejista do Estado, é preciso olhar com atenção para pelo menos quatro fatores que serão determinantes para o desempenho econômico em 2023. “O regime fiscal precisa estabilizar a relação dívida/PIB e reduzir incertezas para abrir caminho em uma redução da taxa SELIC. Além disso, é preciso haver o encaminhamento de reformas estruturais que alavanquem a confiança com destaque para Reforma Tributária. Em terceiro lugar cito a necessidade de um ciclo de redução da SELIC mais intenso do que o esperado e por fim, um cenário externo mais benigno do que o previsto”, afirma Ivonei Pioner.

Para 2023, se confirmada a redução no ritmo de crescimento econômico, o desemprego deve continuar em patamares atuais interrompendo a tendência de queda. Mesmo com a desaceleração da inflação, o índice oficial deverá encerrar 2023 com alta de 5% no acumulado de 12 meses, acima do centro meta de inflação fixada em 3%. “Temos, portanto uma previsão de que a variação de vendas deva permanecer no campo positivo em 2023, mas o ritmo de crescimento deve cair seguindo a desaceleração projetada para a economia”, finalizou Pioner.