CPI DOS MEDICAMENTOS: Comitiva visita hospitais da região
Na quinta-feira (9), o presidente da CPI dos Medicamentos, o deputado Dr. Thiago Duarte (Democratas), acompanhado do relator da CPI, o deputado Faisal Karam (PSDB), realizou visitas técnicas a quatro hospitais da região. Foram visitados os Hospitais Nossa Senhora de Navegantes (Torres), Santa Luzia (Capão da Canoa), São Vicente de Paulo (Osório) e Hospital Tramandaí.
HOSPITAL DE TORRES
No Hospital Nossa Senhora dos Navegantes a comitiva da CPI foi recebida pela direção e membros do corpo clínico. A coordenadora de logística, Camila Boque, exemplificou o aumento abusivo de medicamentos com o sedativo Fentanila; “Em março de 2020 custava R$ 4,50 a unidade e em abril de 2021 compramos a R$ 59,00. Um aumento de 1211%”, declarou.
Além dos preços abusivos em luvas, máscaras, aventais e antibióticos a coordenadora de logística Camila também registrou o surgimento de novos fornecedores durante a pandemia. Segundo ela, não foram feitos negócios com esses devido a possibilidade de pagarem e não receberem os medicamentos.
“Houve o registro de oferta de medicamentos em venda casada. A sensação era de um verdadeiro leilão. Se não comprássemos outro levaria o remédio por ter ofertado mais”, relatou o intensivista Dr. João Luís Von Hollebin, que admitiu ter sido praticada a alternância de sedativos e bloqueadores neuro-musculares. “Usamos uma sedação multi-modal”. O doutor João ainda relatou o uso de morfina e diazepam em altas dosagens para sedação de pacientes intubados.
HOSPITAL DE CAPÃO DA CANOA
No Hospital Santa Luzia a comitiva da CPI foi recebida pelo coordenador de logística Teilor Thomas, pela responsável técnica farmacêutica Monia Francisco e pelo médico Giovani Sassi. A visita também foi acompanhada pelo gerente administrativo Samuel Meoti.
O Dr. Sassi admitiu que houve aumentos abusivos nos medicamentos Midazolam, Fentanila, Atracúrio e Rocurônio. “Uma parte dos pacientes poderia ter mais chance de viver se tivesse a medicação adequada. Paciente brigando com o ventilador mecânico, quando não tinha mais bloqueador neuromuscular”, relatou o médico. Ele admitiu ter usado o que chamou de “associações medievais para sedar os pacientes”.
Teilor Thomas observou que recebeu “produtos perto de vencer, ou seja, os distribuidores seguraram esse produto”, disse. Já Monica afirmou que receberam do governo produtos importados da China com bula em mandarim, Midazolan 10mg/2ml, uma apresentação que não existe no Brasil”.
HOSPITAL DE OSÓRIO
No Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), os parlamentares Dr. Thiago Duarte e Faisal Karam foram recebidos pelo diretor-presidente da instituição, Pereira; pelo diretor executivo Marcel Bertili e pela compradora Priscila Pinto Hertzog. Os gestores relataram a prática de preços abusivos.
O sedativo Midazolam, por exemplo, em 2020, era adquirido por R$ 3,19 a ampola, em 2021 passou a ser adquirido por 33 reais. O sedativo Fentanil em 2019 era adquirido por R$ 5,39 cada ampola, em 2020 passou a ser adquirido por R$ 15,26, e mais recentemente, tem sido adquirido por 29 reais. Segundo Priscila, o mais caro agora é o antibiótico Polimixina, que passou de R$ 31,80 para R$ 165,00.
Segundo o presidente do HSVP, a importação de remédios da Índia foi mais barata do que adquirir os medicamentos nacionais ou locais. De acordo com ele, o Hospital de Osório foi outro que registrou registraram a exigência de pagamentos à vista e de “venda casada: “Era um mix, para comprar Fentalina ou Midazolan tínhamos que pedir 50% de outro medicamento”, relatou Marco Pereira. Não bastasse isso, algumas empresas nunca fizeram as entregas, como é o caso da PontaMed do Paraná e a União Química.
HOSPITAL DE TRAMANDAÍ
No Hospital de Tramandaí a comitiva da CPI foi recebida pelo gerente administrativo Roger Vinícius Rosa Esteves. Roger aproveitou a presença dos deputados para relatar que o Hospital, o qual possuía 36 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sendo 26 para Covid, acabou perdendo 10 desses leitos. Atualmente, o Hospital está com todos os 16 leitos de UTI Covid ocupados. “Hoje se receber um 17º paciente Covid não terei leito habilitado para ele, vamos atender e arcar com os custos”, explicou Esteves. O gerente administrativo se posicionou contra a desabilitação de leitos de UTI Covid no Hospital de Tramandaí até o final do verão, o que pode, segundo ele, gerar uma situação catastrófica.
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