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Corpo de menino jogado no Rio Tramandaí segue sendo procurado

A Polícia Civil (PC) prendeu na sexta-feira (30/07), uma mulher de 26 anos de idade. Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues (26) é acusada de ter matado o próprio filho (Miguel dos Santos Rodrigues), um menino de sete anos, na cidade de Imbé. Segundo o delegado Antonio Carlos Ractz Júnior, responsável pelo caso, a mulher teria confessado o crime. “Colhendo os depoimentos nós já pudemos apurar, inclusive contando com a confissão dela (da mulher acusada) com a presença de advogado, que a criança vivia sob tortura, física e psicológica”, declarou o delegado.

De acordo com a Brigada Militar (BM), a mulher teria ido até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Tramandaí na noite de quinta-feira (29/07), para registrar que o filho estava desaparecido há dois dias, em Imbé. Conforme Ractz, a mulher teria procurado a DPPA, juntamente com sua companheira. Ela chegou a relatar aos policiais que “o filho havia desaparecido há dois dias e que ainda não havia procurado a polícia porque pesquisou no Google e viu que teria que aguardar 48h”, contou o delegado.

Imediatamente, a acusada começou a cair em contradição e acabou confessando o crime. A mulher informou a Polícia que na noite do crime (quarta-feira, 28/07), ela deu medicamentos para a criança, e não tendo convicção de que estava morta, decidiu ocultar o corpo. “Para fugir, com medo da polícia, a mulher saiu de casa pegando ruas de dentro e não as avenidas principais. Levou a criança dentro de uma mala na beira do Rio Tramandaí, e jogou o corpo no limite entre Tramandaí e Imbé”.

Foto: CBM

Após o registro de ocorrência, os policiais foram até a casa da mulher e encontraram uma mala, a qual teria sido utilizada para o transporte da criança. O Corpo de Bombeiros Militar (CBM) segue fazendo as buscas no local, mas ainda não encontrou o corpo do menino. A mãe do menor foi autuada pelo crime de homicídio qualificado, com agravante por ocultação de cadáver. De acordo com a polícia, a situação da companheira está sendo analisada porque ela seria autista.

TORTURA FÍSICA E PSICOLÓGICA

O delegado Antonio Carlos destacou que a criança sofria tortura física e psicológica por parte da mãe. “O menino era desnutrido. Embora estivesse matriculado na escola, não tinha amigos e não frequentava lugar algum. Ele era trancado em um cômodo da casa, posto de castigo, amarrado e trancado dentro de um roupeiro”, ressaltou Ractz.

Em depoimento, a mulher teria alegado que o filho era fruto de um estupro. “Primeiro disse que era fruto de um estupro, mas ela morava com esse namorado na casa dos próprios pais. Então a história já não se confirma. Ela tem um perfil de psicopata. Durante toda a minha carreira, eu não havia me deparado com alguém tão frio”, afirmou o delegado. Ainda segundo Ractz, durante todo o depoimento, a mulher não demonstrava nenhum sentimento pelo filho. “A preocupação é com a companheira, não com a criança. Ela declarou que o filho a atrapalhava”, completou o delegado. A Polícia Civil segue investigando o caso e vai apurar fatos anteriores à morte, inclusive se houve omissão de familiares no tratamento com a criança.

Foto: PC

Na casa da acusada foi encontrada a mala, a qual teria sido utilizada para transportar o menor.

PRISÃO DA COMPANHEIRA DA MULHER

A Polícia Civil prendeu temporariamente no final da tarde de domingo (1), a companheira de Yasmin, Bruna Porto da Rosa. A prisão ocorreu após a polícia ter tido acesso ao conteúdo armazenado nos celulares das suspeitas. De acordo com as investigações, trocas de mensagens demonstram a prática de crimes que resultaram na morte do menino.

A representação do delegado Antônio Carlos Ractz Jr. recebeu parecer favorável do Ministério Público e teve a prisão temporária decretada pelo plantão do Poder Judiciário da Comarca de Tramandaí por 30 dias. Segundo a Polícia, analisando o conteúdo dos celulares apreendidos, Bruna terá de responder pelos crimes de tortura, homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. Na opinião dos investigadores, ela ajudou a companheira no crime.

Em uma das trocas de mensagens divulgadas, a companheira e a mãe da criança falam sobre a compra de uma corrente e um cadeado (os quais já foram apreendidos) que, conforme a Polícia Civil, foi usado para acorrentar o garoto. Dias após o ocorrido, em outra troca de mensagens, a companheira conta para a mãe do menino que ele havia se “soltado” das correntes. Ela ainda cita o nome de um homem, que teria prendido novamente a criança, e mandado avisar que o menino teria que ser preso com “mais força”. Até o momento, a Polícia Civil desconhecia a participação de mais um envolvido e irá, agora, investigar quem seria este homem.

Foto: Divulgação

Conversa entre a mãe e a enteada do menino mostram correntes que seriam utilizadas para prenderem a criança.

Outra conversa divulgada envolve a companheira da mãe do menino com a irmã. Ela reclama que a criança estaria “estragando o namoro” e relata as ações do garoto para chamar a atenção da mãe. Para ela, o menino pediria comida e fingiria estar “alucinando” somente para que a mãe fosse até ele. No fim, a mulher afirma que o menino só parou após a companheira ter dado um remédio para o filho dormir.

Também foi divulgado um vídeo onde a madrasta do garoto o questiona sobre a diferença de comportamento com ela e com a mãe. O menino afirma que não pedia para a mãe para ir ao banheiro, pois queria chamar a atenção dela e, assim, conseguir ficar “solto” em casa. Com ironia, a mulher fala então que a mãe do garoto já percebeu o que ele estaria fazendo e que aquilo não iria mais funcionar. A mulher afirma então que se o garoto voltasse a fazer algo do tipo ela iria agredi-lo até deixá-lo “desmontado”.

Bruna negou participação no crime e a Polícia agora, aguarda o resultado de exames para saber se a mulher, que é autista, sofre de insuficiência mental. O advogado de defesa de Yasmin e da companheira dela, Bruno Vasconcellos, informou que só vai se manifestar nos autos do processo.

SEGUEM AS BUSCAS PELO CORPO DO MENINO

Até o final desta segunda-feira (2), o corpo da criança ainda não havia sido localizado. De acordo com o comandante responsável pela operação, tenente Elísio Lucrécio, as buscas estão concentradas na beira-mar. A estratégia foi adotada porque a corrente vazante do rio está muito forte em direção ao mar nos últimos dois dias. Embarcações que transitam pela região receberam alerta para que tenham atenção com a possibilidade de o corpo do menino aparecer no mar.

Foto: Divulgação

O menino Miguel Rodrigues foi morto na última quarta-feira (28/07).