EDITORIAL

COMÉRCIO ESPERA NATAL MELHOR

A crise econômica que se abateu no país, fruto dos reflexos da pandemia que entre seus efeitos perversos estão o desemprego gerado e o endividamento das empresas foram amenizados pela pujança do agronegócio e da economia como um todo durante o ano passado. A condução dada em 2022 garantiu que neste ano o PIB brasileiro tenha sido estimado em torno de 3% conforme acredita o presidente da Fecomércio Luis Carlos Bohn, mas este vinha decrescendo desde 2021.

Para 2024 se espera um período deflacionário em decorrência da queda dos juros básicos da economia quando se deverá a inflação ficar abaixo de meta de 3%. No entanto é um período de incertezas decorrentes dos fatores climáticos que afetaram a produção agrícola gaúcha e também a seca no começo do ano no centro-oeste e agora chuvas torrenciais que impedem o plantio da safra. O centro-oeste conta com dois períodos de plantio o que garante ao menos uma das safras de alta produtividade, enquanto que o Rio Grande do Sul somente conta com a safra de verão onde a soja é a comodity de maior relevância.

Para o próximo ano a preocupação é de ordem fiscal, onde o governo federal busca apresentar um modelo de tributação e estimula o aumento de tributos para que possa promover o equilíbrio das contas públicas. Infelizmente, o ministério da Economia não está considerando que empresas estão trabalhando ainda no vermelho e que todo e qualquer aumento de impostos terá de ser repassado aos consumidores o que por sua vez poderá resultar em queda maior de consumo. A black Friday que seria o momento de elevação de vendas e considerado um pré-Natal teve o segundo pior resultado desde que o comércio encampou a ideia. Este fato preocupa, uma vez que as vendas de Natal são esperadas com muita expectativa pelo comércio em geral.

O insucesso das vendas está no fato de muitas pessoas ainda estarem endividadas, mesmo tendo muitas destas ingressado no programa Renegocia para ficarem adimplentes no mercado. Mas, e os impostos que as empresas estão agora tendo de pagar as prorrogações em decorrência da pandemia e mais os impostos da atualidade. Esta carga tributária que as empresas tem de pagar já não contam com facilidades de abatimentos dos juros e multas em parcelamentos mais longos. Poucos estão conseguindo quitar dentro do novo programa de regularização de débitos com a Fazenda Nacional onde há uma grande redução do valor devido, mas para quem condições de pagar praticamente a vista seus débitos, algo que não está sendo muito fácil para o empresariado.

As vendas de Natal, caso estejam dentro do previsto e desejado pelo comércio e indústria poderá gerar um fôlego e reduzir os estoques, mas a preocupação está diante dos reflexos das condições climáticas deste ano sobre a produção agrícola e na condição do consumidor tem poder de compra novamente restabelecido.

Neste momento é importante que linhas de crédito mais baratas sejam disponibilizadas para os pequenos empresários para que estes ganhem margem de tempo para se recuperarem dos efeitos da pandemia.

Outra preocupação de vários setores está na empregabilidade tendo em vista a revogação da desoneração da folha de pagamento destes geradores de milhares de empregos poderá resultar numa demissão em massa e uma pressão inflacionária sobre os custos. Também se soma a isto outros aspectos como aumento de alíquota de ICMs pelos estados, incluindo o RS que pretende passar a onerar alguns setores básicos dos atuais 17% para 19,5%, sem ao menos conhecer os reais efeitos que poderão ser gerados pelo novo regime tributário aprovado pelo Congresso.

O país está numa fase da economia de muitas incertezas, mas a única certeza é de os impostos irão aumentar, o que não garante aumento de arrecadação e muito menos de geração de renda e mais empregos.

Que ao menos as vendas de Natal possam contribuir para uma leve recuperação do comércio e da indústria e que a população tenha o cuidado de não se endividar antes de iniciar o novo ano e assim seguir o círculo vicioso do endividamento