REGIÃO

Cidades do Litoral Norte deverão perder R$ 24,7 milhões por ano com redução do ICMS de energia e combustíveis

Com a aprovação do Congresso Nacional, o Projeto de Lei Complementar no 18/2022, que propõe alteração na alíquota de ICMS relacionada à energia elétrica, às comunicações, aos combustíveis e ao transporte público, impactará as finanças municipais em R$ 15,4 bilhões. Somando ao prejuízo previsto para os Estados brasileiros, o montante chega a R$ 60,67 bilhões.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou nota reforçando a preocupação com os efeitos financeiros da medida. A entidade divulgou ainda a estimativa com os valores que serão reduzidos para cada município (veja tabela no final da matéria). No pior cenário, o Rio Grande do Sul deixará de repassar por ano aos municípios gaúchos, cerca de um bilhão de reais, sendo R$ 24,7 milhões apenas para as 23 cidades do Litoral Norte.

A mais afetada na região será Osório, que deve perder o repasse de aproximadamente quatro milhões de reais anualmente. Santo Antônio da Patrulha (R$ 3,2 milhões), Mostardas (dois milhões de reais), Capão da Canoa (R$ 1,7 milhão), Torres (R$ 1,7 milhão), Tramandaí (R$ 1,6 milhão) e Palmares do Sul (R$ 1,3 milhão) também perderão valores na casa dos milhões. Os municípios que perderão menos dinheiro do repasse do ICMS são Dom Pedro de Alcântara, Mampituba, Três Forquilhas, Itati e Morrinhos. Todos deixarão de receber aproximadamente 300 mil reais cada um.

PROJETO APROVADO – A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (25) o projeto que impede a aplicação de alíquotas de ICMS iguais às cobradas sobre produtos supérfluos para bens e serviços relacionados a combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. A proposta classifica esses setores como essenciais e indispensáveis. O texto será enviado ao Senado.

O Projeto propõe a alteração de entendimento do Sistema Tributário Nacional e da Lei Kandir com a finalidade de passar a considerar os bens e serviços tributados pelo ICMS relacionados à energia elétrica, às comunicações, aos combustíveis e ao transporte público como essenciais e indispensáveis. Com a aprovação, a alíquota teto do ICMS sobre bens e serviços classificados passa a ser a alíquota modal cobrada no Estado (17% ou 18%).

A mudança de categoria representa o incentivo ao consumo de energias não renováveis, ao mesmo tempo que impacta consideravelmente o principal imposto arrecadado no Brasil, reduzindo o alcance da execução de políticas públicas. Nos últimos 12 meses, a arrecadação total de ICMS superou R$ 673 bilhões, dos quais R$ 168 bilhões foram transferidos aos municípios via cota-parte. Somente as quatro categorias elencadas no PLP 18/2022 representam quase um terço da arrecadação total do imposto. Uma alternativa para a CNM seria aumentar os impostos de empresas petrolíferas, ao invés de reduzir recursos dos governos estaduais e municipais, que prestam serviços diretamente à população.

MUNICÍPIOSPERDA ANUAL (R$)
Arroio do Sal                    458.522,34
Balneário Pinhal                    574.603,01
Capão da Canoa                 1.749.269,65
Capivari do Sul                    877.703,13
Caraá                    606.347,35
Cidreira                    611.412,15
Dom Pedro de Alcântara                    305.474,90
Imbé                    724.981,44
Itati                    348.210,50
Mampituba                    335.601,03
Maquiné                    713.590,89
Morrinhos do Sul                    351.846,23
Mostardas                 2.033.434,55
Osório                 3.948.508,21
Palmares do Sul                 1.359.374,35
Santo Antônio da Patrulha                 3.272.577,61
Tavares                    651.205,54
Terra de Areia                    620.900,78
Torres                 1.745.654,93
Tramandaí                 1.672.278,33
Três Cachoeiras                    691.860,57
Três Forquilhas                    346.907,52
Xangri-lá                    714.284,41
TOTAL               24.714.549,42

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