GERALREGIÃO

Carga de navio nazista aparece em praias do Litoral Norte

Fardos de borracha que formavam a carga de navios nazistas, afundados durante a Segunda Guerra Mundial, têm chamado atenção de moradores, após emergirem e apareceram em praias do Litoral Norte gaúcho. Depois de serem registrados na Praia do Bojuru, em São José do Norte, no Litoral Sul, em outubro, os artefatos históricos foram vistos nas praias de Tavares e Xangri-lá.

Entre o final de outubro e o início de novembro, cinco “caixas”, como os blocos de lâminas de látex se parecem, foram encontradas por pescadores. Segundo especialistas, aparentemente, o material localizado ficou exposto ao sol: “Está com as bordas escuras, como se tivesse sido queimado. A carga de Bojuru, pioneira nas aparições no RS, foi vista ainda no mar por um pescador. Estava melhor conservado e tinha ainda uma moldura de crustáceos, do tempo em que boiou até chegar na areia”.

EXPLICAÇÃO HISTÓRICA

Os fardos eram levados da antiga Indochina Francesa (hoje Vietnã) e seguia a caminho da Europa, contornando por baixo da África, passando ao lado da América, com destino a Europa, em navios de aliados da Alemanha nazista. Eles serviam para fabricação de pneus dos veículos militares, roupas dos soldados, entre outras necessidades do conflito. Segundo a doutora em História e professora da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUC-RS) Cláudia Musa Fay, na época, a borracha se tornou insumo escasso e com valor de mercado elevado até mesmo no Brasil. Com isso, algumas embarcações foram interceptadas por tropas norte-americanas, como no ano de 1944, quando os Estados Unidos montaram base no litoral brasileiro.

Segundo o oceanólogo Carlos Teixeira, o surgimento, quase 80 anos depois, se explica principalmente pela atuação de empresas “piratas”, que vasculham o oceano atrás de metais valiosos que naufragaram. Ao quebrar o casco, a carga se desprende e emerge, navegando até encontrar a faixa de areia, onde houve uma grande onda de aparições dos fardos.

INSTITUTO GUARDOU PARTE DOS OBJETOS

Parte dos objetos encontrados em Tavares foram levados até a sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O chefe do Parque Nacional (Parna) da Lagoa do Peixe do ICMBio, Riti Soares dos Santos, alerta para essa emersão de objetos nas praias da região, principalmente no cemitério de navios que nunca foram removidos do fundo do mar. “Caso o óleo desses navios viesse a aparecer, seria muito preocupante. Mas a gente tem monitoramentos diários em campo. Em caso de qualquer surgimento, medidas serão tomadas, com certeza”, garante o ambientalista. Lembrando que esses artefatos encontrados são trazidos com auxílio do vento leste que atinge a costa, o mesmo responsável por trazer outros objetos e até mesmo animais marinhos encontrados cada vez mais seguidos nas praias do Litoral gaúcho.

GOLFINHO MORTO

Na manhã de segunda-feira (7), moradores de Palmares do Sul encontraram um golfinho morto na praia de Dunas Altas, no balneário de Quintão. A equipe do Serviço Civil e Auxiliar de Bombeiro (SCAB) do município foi até o local e constatou a morte do animal, acionando os agentes da Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar (BM) e do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade Federal do RS (UFRGS).

Conforme a bióloga Janaína Carrion Wickert, o animal encontrado é uma fêmea de 2,22 metros da espécie Estriado (Stenella coeruleoalba). Segundo ela, o nome está relacionado com a coloração do corpo que apresenta duas listras saindo dos olhos. Janaína conta que o animal prefere águas com temperaturas mais temperadas e tropicais e, portanto, não costuma vir a costa, ficando mais próximos ao oceano, não estando em situação de extinção

O golfinho foi levado para o Museu Natural de Ciências Naturais (Mucin) do Ceclimar, onde passará por necrópsia para identificar a causa da sua morte. Posteriormente, serão coletadas amostras para integrar a Coleção Científica de Mamíferos do Mucin. Essa é a segunda unidade da espécie coleta pelo Mucin. A outra também foi uma fêmea, coletada em Cidreira no ano de 2014.

Golfinho foi encontrado morto em Palmares do Sul, na praia
de Dunas Altas, no balneário de Quintão. – Foto: SCAB

OUTROS ANIMAIS MORTOS

Infelizmente, o registro do golfinho em Pinhal não é um caso isolado. Todas as semanas moradores de diferentes praias da região declaram têm visto ao menos um animal morto na areia. E a lista é variada, desde peixes, pinguins, tartarugas, golfinhos e até um boto, que foi encontrado entre Atlântida e Mariápolis, em Osório. Também foram registrados casos nas praias de Albatroz (Imbé), Nova Tramandaí e Oásis Sul (Tramandaí), entre outras.

Boto e pinguim foram encontrados mortos em praia de Osório. – Foto: Divulgação