CIDADESAÚDE

ATENDIMENTOS NA EMERGÊNCIA DO HSVP SERÃO CANCELADOS A PARTIR DE SETEMBRO

OSÓRIO – A situação financeira do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) é cada vez pior. Parece que a crise que a instituição vem passando não tem como ser resolvida, o que deve gerar mudanças drásticas no HSVP a partir de setembro. Na semana passada, boatos relacionados ao Hospital e a prefeitura da cidade se espalharam pelas redes sociais, causando diversas manifestações por parte da população osoriense.

A prefeitura, por meio de nota, se pronunciou sobre os boatos de que ela seria a responsável pelos possíveis fechamentos da emergência e do centro obstétrico do São Vicente de Paulo, visto que, não realizou os repasses a instituição de saúde. Conforme o Executivo local, atualmente, a prefeitura possui “um contrato mensal para o serviço de urgência e emergência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de R$ 500 mil”, mas nada firmado com o HSVP, já que o Hospital se trata de uma entidade privada e filantrópica, que recebe recursos dos governos federal e estadual.

Conforme a nota, durante o ano passado, “no momento mais difícil da pandemia”, a prefeitura realizou o repasse de aproximadamente 900 mil reais para o São Vicente de Paulo. O prefeito Roger Caputi se colocou à disposição para buscar uma alternativa viável e definitiva para que o HSVP saia desta situação.Lembrando que, nos últimos meses, ele esteve reunido com a Secretaria Estadual de Saúde e a Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte) para discutir soluções e alternativas para o problema financeiro do Hospital.

PRONUNCIAMENTO DO HOSPITAL

Preocupada com a repercussão que os boatos geraram na cidade, a diretoria do Hospital, resolveu, também por meio de nota, se pronunciar e esclarecer a atual situação do São Vicente de Paulo e informar os próximos passos que serão dados. Conforme a nota, a instituição possui um custo mensal de três milhões de reais. Porém, ela só recebe R$ 1,7 milhão, sendo R$ 1,3 milhão do contrato com o Sistema Único de Saúde (Sus) e aproximadamente R$ 400 mil de convênios e particular, o que gera um déficit mensal de R$ 1,3 milhão.

A dívida total do HSVP é de R$ 59 milhões, onde entram contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), além de energia, água, imposto de renda, etc). Mas a população então pergunta: Como o Hospital tem sobrevivido durante esses anos?

De acordo com a direção do Hospital, desde que ela assumiu o comando do São Vicente de Paulo, em março de 2019, a instituição tem conseguido se manter por meio de auxílios. Somente as emendas parlamentares repassaram 12 milhões de reais ao HSVP. Além disso, o Hospital recebeu R$ 500 mil do Legislativo osoriense e os R$ 900 mil do Executivo local, mesmo valor citado pela prefeitura.

Não bastasse isso, o HSVP recebeu até fevereiro deste ano, o repasse de cerca de R$ 1,5 milhão mensais do governo federal, sem contar as doações por parte da comunidade osoriense. Entretanto, os recursos acabaram, e o Hospital voltou a vivenciar a sua realidade e esta dívida que não para de aumentar, chegando ao seu limite financeiro.

BUSCA DE SOLUÇÕES

Durante esse período, a direção do Hospital de Osório vem buscando inúmeras soluções para conseguir resolver a sua crise. Conforme o presidente do HSVP, Marco Pereira, uma das soluções seria conseguir algum repasse dos demais municípios da região dos Bons Ventos (Capivari do Sul, Caraá, Mostardas, Palmares do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Tavares), visto que elas não colaboram com um centavo pelo atendimento. Somadas, todas estas cidades representam 40% dos atendimentos prestados pelo Sus no São Vicente de Paulo. O pedido do HSVP é pela divisão dos gastos, o que, segundo a instituição, até o momento não foi aceito.

No final de julho, chegou a ser realizado um Fórum na Câmara de Vereadores, onde foram diversas sugestões, entre elas, o fechamento da UPA. Após o encontro, os pontos foram levados a Comissão montada para tentar solucionar a crise financeira do HSVP, porém, até agora, nada foi feito. Sem nada concreto, a solução tomada pela diretoria do Hospital de Osório foi a diminuição dos custos.

Segundo Marco Pereira, será realizada a diminuição da capacidade de atendimento pelo Sus, o que acarretará o fechamento de serviços, diminuição do consumo de materiais, medicamentos, alimentação, etc. Assim, como a dispensa de funcionários e de profissionais médicos. “Atualmente contamos com 362 funcionários na ativa”, comentou o presidente do HSVP. Marco ressaltou que o contrato com o Sus proíbe a imediata paralisação dos serviços. “Há uma cláusula contratual que determina a cientificação dos poderes públicos com prazo de 60 dias de antecedência, o que será respeitado”, afirmou.

De acordo com a nota do HSVP, a partir de 1º de setembro, o serviço de plantão em ortopedia e traumatologia da emergência do HSVP, deixará de funcionar e os pacientes (do Sus) que necessitarem de atendimento de urgência serão redirecionados ao Hospital de Tramandaí. “A não existência de ‘plantão pediátrico’ na emergência se deve a ‘inexistência de recursos’ para pagamento do profissional médico”, relata a nota.

No mais, o hospital atenderá normalmente pelo prazo de 60 dias, a contar da cientificação dos Poderes Públicos, o que deverá ocorrer nesta semana, quando então estarão conclusos os estudos visando a economicidade dos custos do Hospital. “Por fim, salientamos que mesmo com as medidas a serem adotadas, sem o recebimento de recursos ‘novos’, a situação de dificuldade permanecerá. Nosso objetivo é manter o Hospital funcionando de forma regular, porém, em decorrência da falta de recursos, com menor amplitude aos usuários do Sus”, finaliza a nota emitida pelo Hospital São Vicente de Paulo, por meio do presidente Marco Pereira.

Foto: Divulgação