Alceu Moreira desiste de concorrer ao governo do Estado

Alceu Moreira desiste de concorrer ao governo do Estado

Conforme vamos se aproximando das Eleições, vão afunilando os nomes para concorrerem ao governo do RS. E parece que a tão esperada disputa entre os dois ex-prefeitos de Osório não vai ocorrer. Após Romildo Bolzan declarar que não iria concorrer para permanecer na presidência do Grêmio, nesta semana foi a vez de Alceu Moreira abrir mão da disputa pelo Piratini.

O deputado federal publicou no início da tarde de quarta-feira (23), uma carta onde se retira da disputa ao governo do Rio Grande do Sul. Na carta ele retrata seu início na política e sua trajetória dentro do MDB e diz que por todo o seu passado coloque seu nome à disposição para concorrer ao cargo de governador do Estado. Entretanto, segundo a carta, os acontecimentos dos últimos dias, onde o diretório colocou que a escolha do pré-candidato se daria apenas pelos 72 integrantes, incomodou o deputado. Ele cita também falta de palavra e lealdade por parte de alguns companheiros. A seguir veja a carta na íntegra:

MDB é a minha história, minha história é o MDB. Carta de um emedebista de coração e alma

“Vim da Sanga Funda, da roça, e desde muito jovem me convenci que a política é a ferramenta ideal para mudar a vida das pessoas. E a política mudou a minha. Muito cedo ingressei no MDB de Pedro Simon, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela para lutar contra as desigualdades e pela democracia.

Aos 24 anos me elegi vereador em Osório e de lá para cá são muitos anos de trajetória, sempre fiel ao MDB. Em todo esse tempo rodei incontáveis vezes o nosso Rio Grande, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Andei cada palmo de chão como vice-prefeito, prefeito, presidente da FAMURS, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa, secretário de Estado – no governo do MDB – e deputado federal, o que me possibilitou presidir a Frente Parlamentar da Agropecuária, a mais influente do Congresso, mas acima de tudo como emedebista.

Pode ter emedebista que percorreu o Estado tanto quanto percorri, mas não mais. Não teve campanha em que não fui o primeiro a levantar nossa bandeira e defender nossos candidatos, do menor ao maior município. Isso está em mim e sempre estará. O MDB se confunde com a minha vida e a minha com a do MDB.

Como presidente do MDB gaúcho por dois mandatos seguidos – o que confesso ter sido a realização de um sonho – pude ajudar no fortalecimento da legenda, o que é reiterado pelas nossas lideranças. Em meio a uma crise política nacional que estremeceu partidos, crescemos e continuamos sendo, com larga vantagem, o maior partido do RS com 237 mil filiados. São oito deputados estaduais, quatro federais, 135 prefeitos, 125 vice-prefeitos e 1.156 vereadores. Elegemos nove prefeitas, 12 vice-prefeitas e 232 vereadoras, além de sete prefeitos, sete vice-prefeitos e 225 vereadores membros da Juventude do MDB. Nossa representatividade de mulheres e jovens é maior do que muitos partidos.

Tirei do papel, com a equipe do partido e da Fundação Ulysses Guimarães, que tenho a honra de presidir nacionalmente, o Caminhos do Rio Grande – uma plataforma que ouviu a base para elaborar uma proposta de plano de governo com as raízes emedebistas, valorizando nossos quadros. Reunimos mais de 5 mil pessoas em eventos regionais presenciais e online, uma mobilização nunca antes vista e que mostra que a nossa militância é maior do que seus líderes.

Por toda minha história, coloquei meu nome à disposição para representar o MDB como candidato a governador na eleição deste ano, atendendo não a uma vontade personalista, mas um sentimento que foi compartilhado pela base, por intermédio de prefeitos, vereadores e militantes que me procuraram inúmeras vezes. E me dediquei a isso, pesquisei modelos, compartilhei ideias, me reuni com especialistas em gestão e cabeças pensantes do meio político, privado e acadêmico.

Mas os acontecimentos dos últimos meses acabaram por minar essa ideia e confesso que me entristeceram profundamente, em especial pela falta de palavra e lealdade de quem menos podia esperar. Manobras foram feitas para postergar as decisões e retirar meu nome da disputa. A máquina governista entrou em campo e interferências externas influenciaram numa disputa interna que não é de um partido qualquer, mas do maior do Rio Grande. Movimento esse que culminou com o afastamento da base partidária da escolha do candidato, algo inédito para um partido que leva o “D” de Democrático no nome. Pela minha história junto aos companheiros do interior, não posso aceitar a exclusão da militância no processo de escolha. Política, para mim, não se faz a qualquer preço, e o MDB é maior que anseios pessoais.

Por tudo isso, venho aqui externar que, a partir de agora, irei me dedicar à reeleição para o quarto mandato de deputado federal. Vou seguir rodando nosso torrão, ouvindo as bases que me forjaram e representando o MDB e o Rio Grande em Brasília, o que muito me orgulha. Continuo deixando meu nome à disposição desde que para ser solução das causas mais nobres do meu partido e do meu Estado.

Parafraseando Ulysses Guimarães: “o segredo da felicidade é fazer do seu dever o seu prazer”. Assim, continuo fazendo o que creio ser a minha vocação: buscar, através da política, soluções de vida para as pessoas. A luta continua.

Um fraterno abraço! Alceu Moreira, Emedebista de coração e alma”.

Foto: Divulgação