A ameaça às lagoas
Rio e lagos do Rio Grande do Sul estão ficando infestados com uma espécie de peixe oriunda da bacia do Rio da Prata em que se encontra o Rio Uruguai como principal habitat. Trata-se da infestação pelas chamadas palometas, uma espécie de piranha que é comum no pantanal e que veio se difundindo através de inundações, canais de irrigação e outros atingindo o Rio Grande do Sul. No estado ocorrem naturalmente duas espécies do grupo das piranhas (família Serrasalmidae), a Palometa (Serrasalmus maculatus) e a Piranha (Pygocentrus nattereri), mas somente na bacia do rio Uruguai.
A infestação agora chega à Bacia do Guaíba tendo como meio de acesso o Rio Jacuí e rapidamente se espalha pela bacia o que virá a ser um problema muito maior para o uso para banho e para a própria pesca, uma vez que as palometas não terão o controle natural por espécies que se alimentam das mesmas.
O assunto deve ser tratado como uma prioridade pois já começa a se estender para a Bacia do Rio Tramandaí, onde a Lagoa do Casamento em Cidreira tem ligação com a Lagoa do Patos e ligação artificial com a Lagoa da Fortaleza que pertence a Bacia do Rio Tramandaí. Estudos estão sendo feitos e o monitoramento desta possibilidade de infestação em lagoas do Litoral Norte. Isto não quer dizer que todas lagoas as do Litoral terão o problema, pois nem todas estão ligadas umas às outras. Também por que a palometa é de água doce e portando não terão como aportar no restante da bacia ingressando pelo rio Tramandaí.
Estudos estão sendo feitos assim como monitoramento tendo a UFRGS como uma das pesquisadoras sobre o assunto. A bacia do rio Tramandaí é a terceira maior bacia hidrográfica do estado, com cerca de 100 espécies, sendo que somente 53 espécies ocorrem simultaneamente nas bacias do rio Uruguai, laguna dos Patos e rio Tramandaí que podem ter ocorrido em razão de canais de irrigação, inundações outros caminhos que as autoridades devem se preocupar para que não ocorra uma infestação que poderá no futuro prejudicar o turismo e a pesca no litoral.
Os órgãos ambientais devem integra esforços para que ocorra um monitoramento destas ligações artificiais e que interrompa a infestação desta espécie predatória. É uma ameaça real e que vem avançando em direção ao litoral através da Lagoa dos Patos e suas ligações com as lagoas locais e pelos canais de irrigação.
Tal infestação pode parecer difícil, mas depois de décadas a espécie já atingiu o vale do Rio Pardo e o estuário do Guaíba e rio Jacuí, quando não se deu a devida importância ao fato.
Também são ameaças às lagoas do litoral o esgoto das cidades litorâneas, mas que nas últimas décadas, municípios que já tinham suas praias contaminadas e sem condições de balneabilidade conseguiram reverter a situação com a implantação das ETEs, algumas por imposição do Ministério Público.
Osório que é cercado de lagoas dificilmente poderá ter problemas com a infestação por palometas, mas ainda convive com a poluição da lagoa do Marcelino com a ligação com esgoto cloacal e tenta colocar em operação a sua estação de tratamento de esgotos. Este imbróglio que virou caso de Justiça se arrasta por mais de 10 anos, tendo a estação concluída e boa parte da canalização pronta para a coleta e tratamento do esgoto. Talvez seja esta a arma poderosa para impedir que mesmo com infestação de palometas estas não se adaptem em água poluída.
O assunto deve ser tratado com a maior seriedade pelos órgãos ambientais no sentido de fiscalizar os canais de irrigação e de onde estão sendo retiradas as águas e onde estas estão sendo desaguadas para evitar que sirvam de caminho para esta infestação indesejada.