EDITORIAL

VOLTA DO MAIS MÉDICOS

Governo Federal anunciou a abertura de 15 mil vagas do revitalizado programa Mais Médicos, programa que no passado “importou” milhares de “médicos” cubanos para atender a população e que trabalharam em regime análogo a escravidão. Naquele programa a maior parte do pagamento era retido por Cuba e aos médicos destina uma parcela de 30%. Mas a intenção de salvar a saúde não surtiu o efeito, mas encheu os cofres da ditadura dos Castro.

O ressurgimento do programa agora privilegia profissionais brasileiros formados no Brasil, não mais tratando abertamente de um “auxílio” a Cuba. Neste ano estão previstas 28 mil vagas e abertas na semana passada 15 mil e R$ 712 milhões a serem investidos.

O programa quer garantir de atendimento médico na atenção primária, porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo nas unidades básicas de saúde, esse primeiro atendimento para o acompanhamento da situação de saúde da população, prevenção e redução de agravose preferencialmente nas regiões de maior pobreza.

Destas vagas abertas, 10 mil vagas que serão oferecidas prevêem contrapartida dos municípios. Essa forma de contratação garante às prefeituras menor custo, maior agilidade na reposição do profissional e condições de permanência nessas localidades. Podem participar dos editais do Mais Médicos para o Brasil profissionais brasileiros e intercambistas, brasileiros formados no exterior ou estrangeiros, que continuarão atuando com Registro do Ministério da Saúde (RMS). Os médicos brasileiros formados no Brasil têm preferência na seleção.

A questão é que a Saúde é muito mais complexa e nãos e restringe ao atendimento básico, pois o grande gargalo está na realização de cirurgias, muitas vezes simples como a de Catarata ou mais complexas como traumatológicas e neurológicas. Para atender esta demanda reprimida pelo decurso da pandemia pouco ou nada tem sido feito pelo país afora. Os hospitais são sempre deixados de lado nas grandes verbas do Sistema de Saúde que estrangula com a falta de revisão de valores de tabela de procedimentos do SUS gerando passivos e déficits constantes aos hospitais.

O Ministério da Saúde já deveria ter requisitado um Raio X dos hospitais brasileiros e ter dados apresentados pela prefeitura e estados das necessidades de atender casos de pacientes que estão meses e até anos aguardando uma cirurgia. A atenção primária e os altos investimentos a ela destinados aumenta a necessidade de leitos e da realização de cirurgias e procedimentos hospitalares gerando um gargalo na entrada dos hospitais onde pessoas ficam empilhadas nas emergências em macas.

Deveria sim o governo investir em saúde preventiva com assistentes sociais, psicólogos, enfermeiras e os agentes comunitários de modo a instruir a população sobre cuidados de saúde. Criar um grande programa de saúde preventivo e investir muito mais para oferecer atendimento hospitalar e condições adequadas e modernas aos pacientes que necessitam destes atendimentos.

Doenças comuns como infecção urinária podem ser evitadas com cuidados na higiene em casa e a população mais pobre ser orientada sobre hábitos de higiene e alimentação, antes de ser conduzido a médico.

A pandemia mostrou que se os investimentos forem direcionados aos hospitais, estes poderão dar maior resposta na recuperação e cura além de diagnosticar por exames doenças oncológicas. Os hospitais tiveram aportes financeiros para manterem leitos de UTI disponíveis, além de salas de emergência acrescendo capacidade de atender um volume maior de pacientes. Esta triste experiência deve servir para programar investimentos, algo que não está novamente sendo considerado pelo Ministério da Saúde.

Não que se pense que atendimento médico em Unidades básica seja menos importante, mas estruturas nem sempre econômicas são montadas e não atendem à necessidade do paciente. Seriam estes médicos os que fariam a triagem para que o cidadão fosse encaminhado para uma unidade hospitalar, mas hoje se vê sobreposição de atividades como as UPAS que não contemplam muito serviços e prestam o atendimento que um hospital poderia proporcionar.

No Brasil há uma grande falta de profissionais da área pediátrica e estes profissionais deveriam ser incentivados a prestar serviço ao Sistema de Saúde, bem como investir na especialização de médicos residentes.

A questão está em saber investir os recursos e priorizar o que hoje já é um problema de atendimento à Saúde, pois se os hospitais continuarem a fechar leitos de nada adiantará se ter milhares de postos de saúde espalhados em todo o País. Neste Mais deveria ser Mais Médicos e Mais Hospitais, pois um complementa o trabalho de outro.