EDITORIAL

São Vicente segue na UTI

O velho Hospital São Vicente de Paulo que por mais de oito décadas vem atendendo a população do Litoral Norte há muito vem apresentando sérios problemas em seu sistema circulatório financeiro. Diretorias anteriores se desdobravam para a manutenção das atividades e por vezes deixando de lado algumas contas a pagar para manter seus colaboradores e seu funcionamento que por vezes foi precarizado. As contas deste período em que não se sanou financeiramente foram sendo roladas e formando um passivo que foi por vezes renegociado e inadimplido. Por décadas sabe-se que este problema existia e as gestões públicas em nada ou pouco colaboraram até o o paciente teve uma gravidade que poderia vir a sucumbir. Então a Prefeitura aportou recursos que chegaram inclusive a quase 900 mil mensais e com o tempo foram sendo reduzidos até chegar o ponto de nada mais repassar a entidade. Há uma grande mentira de que houve um salvador da pátria e que inclusive deixou saldo positivo, mas não passou de uma bolha falaciosa que ainda reverbera por quem desconhece a realidade. Deixar de pagar contas antigas não é sanar financeiramente é transferir a irresponsabilidade ou a incompetência de sua gestão. Os balanços e as contas não mentem, as pessoas sim, assim como os maus comunicadores que buscam destruir uma entidade que está em processo falimentar.

O Hospital São Vicente de Paulo no mês passado depois de ter sua diretoria, em especial seu presidente, garimpado por prefeituras, Secretaria Estadual da Saúde e também a Secretaria Municipal da Saúde e ao prefeito Roger não logrou êxito para aporte de recursos para combater o déficit operacional gerado pelos aumentos de insumos, queda de receita e uma tabela muitíssimo defasada do SUS. Diatne de toda esta peregrinação a diretoria decidiu pelo pior que seria o corte nos atendimentos e serviços contratualizados pelo SUS e atendimento geral à população em determinados serviços. O sentimento de desmonte da instituição te de ser programado para que funcionários e demais profissionais não deixassem de receber seus proventos e direitos.

A intervenção outrora realizada pela Prefeitura Municipal de Osório gerou ainda mais despesas, pois manteve-se o déficit, se suspendeu pagamentos de parcelamentos e ainda gerou um passivo trabalhista de quase meio milhões de reais. Mias um grave momento que se somou aos já outrora existentes e que a nova diretoria teria de se desdobrar ainda mais para buscar solução. Por outro lado, durante a pandemia o Hospital recebeu aportes financeiros de emendas parlamentares e mais recursos oriundos do combate a Covid o que se manteve até pouco tempo atrás e que estes recursos seriam finitos e a entidade voltaria aos défitis operacionais que agora ultrapassam aos R$ 1,3 milhões. Ainda par agravar a situação houve a regulamentação do piso nacional da enfermagem e serviços correlatos e que se somaram quase mais de R$ 300 mil mensais, podendo chegar este déficit a incrível cifra de R$ 2 milhões.

Diante de todas as tentativas feitas, por fim o Ministério Público chamou à responsabilidade o Estado, que é o ente gestor dos recursos do SUS e do Ministério da Saúde que atende a prefeituras e Hospitais contratados integrando a rede pública de saúde. Para tanto o Estado designou interventoras e estas estão apurando as contas e as obrigações pendentes da entidade, mas já constatam que há realmente um déficit superior a um milhões de reais e que precisa de aporte financeiro extra. Mais do que isto, o Hospital deverá ter um levantamento completo da sua situação financeira gerado ou não por más gestões, de fraudes ocorridas no passado e pelo aumento considerável dos seus custos operacionais e repasses insuficientes para sua manutenção.

O Hospital se mantém funcionando, está na UTI gravemente atingido pela crise financeira que passa e que precisa de recursos extraorçamentários para não sucumbir e com isto deixar a população de Osório e vários outros municípios, desatendida. Esta tomografia a que está sendo submetida revelará que não houve salvadores da pátria, que todos dedicaram esforços para a manutenção e não para o saneamento completo da entidade pelas contas deixadas para trás seja com fornecedores ou com o fisco federal. O São Vicente resistiu bravamente por décadas por que o oxigênio que recebia da comunidade e de pessoas abnegadas o mantinha vivo, mas o momento atual exige profissionalismo que não teve no passado e que vinha tendo nestes momento e expondo que o paciente vinha sendo acometido de uma doença que o levaria a estado terminal caso do tratamento não venha de onde deveria partir a preocupação maior que é dos responsáveis pelo financiamento do sistema público de saúde. Que esta intervenção tenha a exata noção do que é preciso, mas principalmente tenha o remédio que possa devolver ao São Vicente a vitalidade que a tantos pacientes seus pode restabelecer.