EDITORIAL

Risco da globalização

A guerra da Ucrânia e Rússia expôs a fragilidade a que as nações se colocaram com a globalização da economia. Países passaram a depender de outras para seus insumos de
produção e de certa forma dependentes da economia de grandes nações como a China e a Rússia, sem falar no mercado americano. Esta abertura de mercados fez muitas
empresas abrirem unidades fabris na China e em outros países em decorrência do custo de produção. A pandemia foi um exemplo de que o mundo praticamente ficou a mercê
da produção chinesa de máscaras, respiradores, remédios, insumos para medicamentos e tantas outras coisas.

A guerra envolvendo a Rússia e a Ucrânia, poderia ser um massacre por parte do poderio da Rússia, mas os acordos internacionais de guerra impedem um genocídio em
massa e em grande parte salvaguardando as vidas de civis. O mundo, através da ONU e da União Europeia tentam estrangular a economia russa, mesmo estando a mercê da dependência do fornecimento de petróleo e gás russo. Para o Brasil a dependência de fosfato para fertilizante agrícola e também petróleo gerou apreensão e a busca por novas
fontes de fornecimento, mesmo tendo reservas para sua auto suficiência, mas que por décadas não houveram os devidos investimentos. A posição brasileira diante da guerra e de seus desdobramentos tem conseguido reduzir os impactos na economia que já fez com a maior economia do mundo, os EUA, tivesse a maior inflação de décadas.
O conflito não se restringe às áreas em que as batalhas armadas se travam, mas a batalha econômica está se acirrando e levará grande nações a uma situação de
fragilidade econômica e neste sentido a China se agiganta, mas depende muito dos alimentos produzidos no Brasil e outras partes do mundo. Tudo leva a crer que o mundo capitalista poderá ter um dos seus piores momentos, mesmo estando o confronto bélico restrito a uma área menor a exemplo do que ocorreu na 2a Grande Guerra.

Aos poucos os países começam a retrair seus investimentos em outros países devido a fragilidade com que podem as nações serem atingidas economicamente. Neste
sentido, a União Europeia, defensora da economia interna do bloco buscará voltar-se para a produção e industrialização local, mas não irá escapar da necessidade de insumos e de realizar pesados investimentos para tanto. O Brasil é uma potência em tamanho, em riquezas minerais e tem condições de ser uma potência na produção
de manufaturados e de desenvolver alta tecnologia. A carência de profissionais devido ao estrago no ensino universitário ao longo de décadas e de estímulo a questões
pouco ou nada importantes para o desenvolvimento e melhoria das condições da população. Os bons profissionais buscam o mercado externo e a valorização de seus talentos fora do país. Isto fica cada vez mais evidente na dificuldade
da nação desenvolver seu mercado tecnológico e ser apenas um vendedor de comodities para o mundo.
Espera-se que a guerra tenha um acordo nesta semana e que as economias mundiais possam buscar resolver os problemas criados com este conflito. A globalização deve ser
repensada e, o Brasil deve caminhar a passos largos para ter o máximo de autonomia e se tornar altamente indispensável pelo mundo pela sua produção agropecuária que hoje utiliza apenas 7% de sua área para abastecer mercados.

OMAR LUZ

Diretor e fundador do Jornal Momento. Semanalmente publica artigos para as categorias "Editorial" e "Boca do Balão".