REGIÃO

Pinguins são encontrados mortos em praias

Pelo menos 20 pinguins foram encontrados mortos na semana passada, nos litorais gaúcho e catarinense. Só aqui na região, foram encontrados 11 animais em Tramandaí e outros dois na praia de Imbé. Conforme o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do RS (UFRGS), há pelo menos três razões para o incidente: o excedente populacional dessas aves, a pesca da anchova ou ainda a pesca ilegal seguida de vento forte que ocorreu no Litoral Norte nos últimos dias.

A primeira hipótese se refere à pouca idade dos pinguins, que estão viajando pela primeira vez. Segundo o professor de biologia marinha da UFRGS, Guilherme Tavares Nunes, mais de 95% dos pinguins mortos na praia são juvenis, bichos de primeiro e segundo ano de vida. Vale lembrar que os pinguins encontrados no Litoral Norte são os Pinguins-de-Magalhães, espécie migratória que se reproduz no Sul da América do Sul, na Patagônia, e vem para o Norte do mapa, chegando a Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em busca de alimento.

A segunda hipótese é em razão do período de pesca da anchova. A captura deste peixe é feita com uma rede esférica e começa na segunda metade do ano. De acordo com Nunes, muitos dos pinguins mortos vistos no Litoral Norte são em decorrência de uma pesca acidental. “Os pinguins nadam ao lado da anchova porque comem a mesma coisa: anchoita, um peixe pequeno. Capturados, eles morrem asfixiados, já que, apesar de serem excelentes mergulhadores, respiram oxigênio”, afirmou o professor.

Já a terceira possibilidade trazida é o fenômeno da pesca de arrasto clandestina. Hoje, no RS, está proibida a pesca de três até 12 milhas náuticas. Capturados também acidentalmente, os animais são soltos em alto mar. Com as rajadas de vento, esses corpos chegaram à terra. “Mas, é claro, há sempre outras possibilidades, como contaminação, ingestão de plástico e colisão entre barcos, por exemplo”, ponderou Guilherme Nunes.

Não bastasse isso, veranistas e moradores de Tramandaí também relataram a presença de baiacus, gaivotas e outros pássaros menores mortos ao longo da beira da praia, além de animais marinhos como tartarugas e um golfinho. O Ceclimar segue estudando a causa da morte desses animais.

Foto: Fernanda Polo