NOSSO RIO GRANDE CHORA E LUTA

Em menos de um ano nosso estado passa por mais uma tragédia em razão de fortes chuvas, jamais vistas nos últimos tempos. Mal pranteamos as perdas de vidas da tragédia de setembro, novembro de 2023 e agora janeiro e abril de 2024. O estado tornou-se num Rio Grande ou grande rio de norte a sul com todas as suas bacias hidrográficas gerando inundações e destruição.

Um esforço enorme está sendo feito para salvar vidas, buscar ilhados, isolados, presos nas águas e incomunicáveis as cidades entre si. As dificuldades são enormes pela falta de água, energia, comunicação, acessos. Alimentos, agasalhos e principalmente daqueles que estão de forma heroica tentar retirar das águas pessoas surpreendidas pela enchente. Apesar dos alertas, não se imaginava a grandeza da catástrofe, mas que poderia o aviso da defesa civil ser mais contundente, bem como por parte do governo do Estado para que fossem preparadas áreas para abrigar os desalojados pelas águas. O trabalho é árduo e intenso neste momento em que forças policiais e do Exército e da Aeronáutica, além da grande ajuda da população civil na busca de famílias e pessoas.

Muitas famílias isoladas não querem deixar suas casas, por não terem a certeza de serem acolhidas e protegerem ou salvar o que muitas levaram uma vida para construírem. A situação crítica de isolamento numa tragédia faz com que se desacredite nas pessoas, mas é neste momento em que comunidades aos prantos conseguem coragem para prestar apoio e auxiliarem os que ainda não e salvaram das águas. O povo gaúcho é resiliente e muito solidário e hospitaleiro. Isto sensibiliza outras entidades federativas que felizmente estão aportando ao estado para colaborarem na difícil tarefa de salvar vidas e levar abrigo para quem foi atingido.

Os dados funestos apontavam até o final da tarde de ontem 25 mortos em várias cidades da serra e ainda há 21 desaparecidos. Dados que podem ser ampliados à medida que as buscas estão sendo realizadas e pessoas conhecidas informam sobre vizinhos, famílias que moravam mais no interior percebem a ausência destes nos abrigos.

Cidades prósperas e outras menores estão sendo inundadas pelas águas que atingem velocidade e altura jamais nos últimos 80 anos. A falta de energia deixa as pessoas incomunicáveis par pedirem socorro, assim como torres de transmissão de sinais de celular estão sendo destruídas pelas águas impossibilitando ainda mais a comunicação e pedidos de socorro. Emissoras de rádios, jornais e TV já não mais atingem a quem precisa de socorro o que aumenta a angústia e o desespero de familiares e comunidades inteiras.

As previsões meteorológicas ainda são mais catastróficas que quantificam que haverão precipitações que podem atingir até 400mm até sábado, sendo esta sexta um dos dias mais críticos em termo de precipitação. Isto exige cuidado de todos aqueles que residem em encostas e próximos a córregos e rios, o que não quer dizer com relação também a lagoas, pois estas também provocam cheias.

O estado está praticamente interditado com mais de 180 interrupções de trânsito o que isola grande parte da região central e serra e ainda a região da fronteira. Não é o momento de viagens e se assim se fizer necessário é importante se comunicar com a Polícia Rodoviária Federal ou Estadual para conhecer rotas alternativas e desviar dos bloqueios e interdições.

A população gaúcha deve mais uma vez provar sua capacidade de mobilização para que tão logo as águas baixem possam arrecadar alimentos e tudo mais que for possível para que aqueles que ainda mantiveram suas casas possam ter o mínimo para retornarem a estas para o mais rápido retomarem a vida e buscar o auxílio para recuperar sua moradia.

Que Deus seja misericordioso e nosso padroeiro do estado São Pedro possam controlar a fúria da natureza e assim poder encontrar a todos que foram salvos e que estarão buscando uma nova vida.