Instituições financeiras são alvo de Operação da Polícia
A Polícia Civil (PC) deflagrou na manhã de quinta-feira (8), a Operação Malus Doctor. A ação visou desarticular um grupo criminoso responsável por fraudes processuais contra instituições financeiras em todo o país. Até o momento, já foram identificadas mais de 10 mil pessoas vítimas do golpe.
Conforme a PC, mais de 145 mil ações judiciais foram ajuizadas, incluindo em nome de pessoas mortas, sendo 112 mil somente no Rio Grande do Sul. Ao menos 14 pessoas são investigadas por participação no esquema. O principal investigado é responsável por aproximadamente 47% de todas as ações movidas contra instituições bancárias na Justiça do Estado.
O ESQUEMA
Através de procurações falsas e sem o consentimento dos clientes, os suspeitos ajuizavam milhares de ações. Os suspeitos aproveitavam-se da situação de vulnerabilidade das vítimas e prometiam revisão judicial de cobranças abusivas em empréstimos consignados. Os serviços prestados eram realizados mediante pagamento de 30% de honorários sobre os valores “recuperados”.
Após obterem os documentos dos clientes, os investigados ajuizavam ações revisionais contra instituições financeiras. Posteriormente, os clientes recebiam valores em suas contas, acreditando serem decorrentes das ações, bem como repassavam parte à empresa. No entanto, os depósitos eram oriundos de novos empréstimos contratados sem o consentimento dos titulares. Ao perceberem os descontos indevidos em seus benefícios previdenciários, as vítimas constatavam a fraude e não conseguiam mais contato com a empresa.
Também, foi constatado o uso sistemático de estratégias processuais, visando o chamado “fatiamento de demandas”. A prática consistia em ajuizar múltiplas ações envolvendo as mesmas partes, mas tratando de contratos distintos, ou ainda, em distribuir processos por meio de diferentes procuradores ou em comarcas diversas, muitas vezes distantes do domicílio da parte autora.
Os suspeitos responderão pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, uso de documento falso, fraude processual, patrocínio infiel, apropriação indébita e associação criminosa.
OPERAÇÃO
Ao todo, forram cumpridas 74 ordens judiciais, incluindo mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal, além de bloqueio de valores de até 50 milhões de reais em bens móveis, imóveis e ativos financeiros. O trabalho ocorreu nos municípios de Xangri-lá, Porto Alegre e Glorinha, no Vale do Paranhana. Os policiais apreenderam diversos documentos e outros objetos que irão auxiliar nas investigações. Também foram recolhidos três automóveis de luxo (BMW, Maserati e Mercedes), além de uma quantia em dinheiro.
CRÉDITO: PC