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FIERGS aponta redução na crise de suprimentos e aumento na falta de trabalhador qualificado

 Com ajuste nos estoques, produção acima do esperado e a 27ª alta consecutiva no emprego, o cenário detectado pela pesquisa Sondagem Industrial RS, divulgada na quinta-feira (3) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), foi relativamente favorável em setembro. Ao mesmo tempo, os industriais consideram a utilização da capacidade instalada (UCI) abaixo do usual para o mês. “O cenário eleitoral trouxe muita incerteza para o futuro da economia, deixando o consumidor mais retraído e muitas empresas postergaram decisões de compras e investimentos. Por outro lado, na medida em que se tenha uma sinalização favorável para a condução da economia nos próximos anos, as expectativas podem ser positivas e a produção poderá ganhar ritmo para atender essa demanda reprimida”, diz o presidente da Fiergs Gilberto Porcello Petry.

Já a análise do terceiro trimestre mostrou uma melhora das condições financeiras das empresas, menores entraves nas cadeias de suprimentos, mas, ao mesmo tempo, maiores problemas com a mão-de-obra qualificada. Para os próximos seis meses, as expectativas ficaram menos otimistas, o que afetou a intenção de investir.

Em setembro, a produção industrial esteve praticamente igual em relação a agosto, com o índice de evolução em 49,7 pontos, abaixo, mas muito próximo da linha dos 50. Foi um bom resultado se for considerada a sazonalidade ainda mais negativa do mês, com média histórica de 48,8. Já o índice de emprego atingiu 51,7, 27ª alta seguida.

A utilização da capacidade instalada recuou dois pontos percentuais em setembro. Caiu de 75%, em agosto, para 73%, mas permaneceu acima dos 71% históricos do mês. O resultado, todavia, não foi compartilhado pelos empresários, que avaliaram a UCI como abaixo do usual: o índice relativamente ao nível usual mínimo de 50 pontos, foi de 46,3.

Uma boa notícia veio do acúmulo de estoques de produtos finais, que diminuiu no último mês, ficando mais próximo das expectativas das empresas. O índice em relação ao planejado recuou de 52,2 pontos para 50,9, permanecendo bem mais próximo dos 50. Valores acima de 50 pontos indicam aumento dos estoques.

TRIMESTRE – No seu bloco trimestral, a Sondagem trouxe os maiores problemas enfrentados pelo setor industrial. O principal, desde o terceiro trimestre de 2020, foi a falta ou alto custo da matéria-prima, apontado por 33% das empresas. Sua intensidade, contudo, diminui bastante, e o percentual, chegou 17,7 pontos menor do que entre abril e junho, e 42,1 pontos percentuais a menos na comparação ao pico do problema, no segundo trimestre de 2021.

O segundo maior obstáculo aos negócios apontado pelos empresários na pesquisa se refere à elevada carga tributária, com 30,1%. Na sequência, empatados, a demanda interna insuficiente e as taxas de juros elevadas, com 29,1% das respostas. A falta e o alto custo do trabalhador qualificado subiu 6,5 pontos percentuais e já é o quinto maior entrave, assinalado por 22,2% das empresas, o maior patamar desde o quarto trimestre de 2014, quando alcançou 24,8%. Ainda no bloco do terceiro trimestre, a Sondagem mostrou que os empresários gaúchos consideraram as condições financeiras das empresas boa: o índice de satisfação foi de 53,7 pontos, e o de preço das matérias primas, com 53,8 pontos, alcançou o menor valor da série histórica iniciada no primeiro trimestre de 2012, 13,7 pontos menor que o trimestre anterior.

Em relação aos índices de expectativas para os próximos seis meses, eles também caíram na pesquisa realizada entre 3 e 11 de outubro, com 203 empresas, sendo 51 pequenas, 63 médias e 89 grandes, na comparação com setembro. Mas, ao continuarem acima de 50 pontos, mostram que, apesar de menos disseminada entre os empresários, há perspectiva de aumento para a demanda. O índice desabou de 61,7 para 56,9 pontos. Para o emprego, foi de 54,9 para 52,8, enquanto para as compras de matérias-primas, de 58,3 para 54,4 pontos.

Este menor otimismo afetou a disposição da indústria gaúcha em realizar investimentos. Em outubro, 61,9% das empresas têm essa intenção para os próximos seis meses (eram 70% em setembro). Com isso, o índice de intenção de investir recuou 4,2 pontos, atingindo 57,9, permanecendo acima da média histórica de 51,2.