Estudante osoriense recebe Prêmio Carolina Bori

Camily Pereira ao lado da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. - FOTO: Jardel Rodrigues

OSÓRIO – Na véspera do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou na sexta-feira (10), em São Paulo (SP), a cerimônia de entrega do 4º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, categoria Meninas na Ciência.

Ao todo, nove estudantes foram premiadas, sendo três na categoria Ensino Médio e seis na de Graduação. Cada vencedora recebeu um troféu, uma visita guiada ao Museu do Ipiranga, além de passagem aérea e hospedagem para que elas participem da 75ª Reunião Anual da SBPC, que este ano será realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.

Entre as vencedoras está a aluna do curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal do RS (IFRS), Campus Osório, Camily Pereira dos Santos. Ela foi premiada com o trabalho ‘Desenvolvimento de material biodegradável para absorventes femininos’, que teve orientação da professora Flávia Twardowski. “Foi a primeira vez que eu me deparei com a questão da pobreza menstrual, e jamais imaginaria que ela estaria tão próxima de mim e da minha família. A partir desse momento, eu comecei a pensar: ‘ah, e se houvesse um absorvente que, além de ser ecológico, fosse também acessível a mulheres em vulnerabilidade? E o que eu, uma então aluna do Ensino Médio, poderia fazer frente a esse problema? ”, ponderou a estudante do IFRS, Campus Osório.

E não é que a jovem conseguiu uma solução para esse problema. Ao lado da colega Laura Drebes, Camily desenvolveu, por meio do seu trabalho, absorventes femininos ecológicos e acessíveis economicamente. Feito a partir das fibras da palmeira juçara e do pseudocaule da bananeira e envolvidos com um biofilme produzido com resíduos da indústria nutracêutica, o absorvente de baixo custo (R$ 0,02 em média) contribui para reduzir o problema da falta de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual ao mesmo tempo que reduz a poluição ambiental.

Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Camily foi a primeira estudante a ser homenageada. Ela recebeu o troféu das mãos da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. “O prêmio vai além do reconhecimento, e eu represento a minha escola e a minha cidade. É muito significativo eu representar a ciência jovem brasileira feita em escola pública”, declarou Camily Pereira.

Essa não é a primeira vez que a pesquisa é premiada, tendo conquistados diversos prêmios nacionais e também internacionais, como a Medalha de Ouro na Genius Olympiad, nos Estados Unidos, e o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, na Suécia. Vale ressaltar que Camily, juntamente com Laura, ficou na lista da Forbes Under 30 2022, a qual reuniu os principais destaques nacionais, até 30 anos de idade, em diferentes áreas.

“Não tinha como ser mais emocionante. Me sinto honrada em ser uma das premiadas e poder representar a ciência feminina feita em escola pública através de um projeto sobre dignidade menstrual”, ressaltou a estudante. No final, Camily aproveitou para agradecer o IFRS, a professora Flávia, a colega e amiga Laura e a mãe Simone Lopes, afirmando que: “Nada disso seria possível” se não fosse por eles.

MENÇÃO HONROSA

Vale ressaltar que a premiação também concedeu nove Menções Honrosas, sendo três para estudantes do Ensino Médio e seis para alunas de Graduação. Entre elas, está a estudante do curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio do IFRS, Campus Osório, Amanda Ribeiro Machado. Ela foi contemplada com a pesquisa ‘Desenvolvimento de celulose bacteriana a partir dos resíduos do processamento da uva’, a qual também foi orientada pela professora Flávia.

Amanda Ribeiro recebeu Menção Honrosa na categoria Ensino Médio.

A PREMIAÇÃO

Criado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2019, o Prêmio é uma homenagem às cientistas brasileiras destacadas e às futuras cientistas brasileiras de notório talento, que leva o nome de sua primeira presidente mulher, Carolina Martuscelli Bori. Nesta edição, a SBPC recebeu indicações de 446 candidatas de 223 instituições de todas as regiões do País. Foram 126 indicadas para a categoria Ensino Médio e 320 para a Graduação, categoria subdividida entre três grandes áreas do conhecimento: Biológicas e Saúde (126), Engenharias, Exatas e Ciências da Terra (103) e Humanidades (91).

Osoriense Camily (3ª da direita para esquerda) ao lado das outras oito premiadas. – FOTO: Jardel Rodrigues