EDITORIAL

Doando patrimônio

Município de Osório tem se caracterizado ao longo de vários anos na grande mãe do Litoral Norte. Talvez por isso seja o município-mãe de municípios como Tramandaí, Imbé, Cidreira, Palmares do Sul. Balneário Pinhal, Capivari, Terra de Areia, Maquiné, Capão da Canoa, enfim uma grande mãe. Em todos há áreas que pertencem à municipalidade em decorrência das emancipações e cadastros. Áreas que agora são muito valorizadas e que apenas estão como propriedade de Osório, mas muitas já ocupadas sejam pelos poderes públicos municipais ou por invasões.

Há alguns anos atrás o prefeito Romildo Bolzan desistiu de buscar a posse e a desocupação de uma área com 3 mil terrenos localizados a margem da rodovia interpraias numa extensa faixa próxima ao antigo Terminal Turístico. Os terrenos foram invadidos por famílias de baixa renda e logo se tornou no maior problema social de Tramandaí. A criminalidade no local era um grande problema e o tráfico de drogas formou um território fértil para esconder foragidos e suas ações de venda. Todo o empenho da gestão do ex-prefeito Alceu Moreira, em recuperar a área, até resultou numa ordem judicial de desocupação que foi suspensa a pedido da prefeitura daquele município e dos vereadores. Aliás, os vereadores até incentivavam a invasão em busca de votos, assim como foi a ocupação existente ao lado da praia de Mariápolis, só que está em um terreno particular.

A movimentação política de Tramandaí e o empenho do ex-prefeito Rapaki chegou-se ao acordo de doação da área ao município de Tramandaí e que se comprometeu junto aos invasores criar a infra estrutura e regularização dos lotes. Se negociados a mil reais cada terreno, Osório teria R$ 3 milhões a receber da Prefeitura de Tramandaí e que poderia ser através de doação ao Hospital de Osório que já vinha tendo dificuldades financeiras.

Agora outra área em Tramandaí foi doada, onde se localiza o estádio municipal de futebol, conhecido como o módulo esportivo, sem que para tanto houvesse qualquer contrapartida novamente. Assim como esta área há ainda outras e que se espera que vereadores e prefeito pensem em ao menos obterem recursos a serem aplicados no hospital da cidade.

Já na cidade o terreno que seria para a Casa de Cultura já havia sido doado ao Ministério Público e também sem qualquer contra partida pecuniária que poderia auxiliar nosso hospital. O Ministério Público tem seu próprio orçamento e poderia dispor de recursos para esta contrapartida à cidade que a acolhe. Por erros cometidos no ato de doação, a área foi revertida e que agora passará a ser de uso do SESC em que disponibilizará a estrutura para uso do poder público seja do futuro auditório ou outras áreas. Mais uma vez nosso hospital ficou sem qualquer lembrança do poder público.

Fica este alerta para que a Prefeitura e a Câmara de Vereadores possam incluir no acordo contrapartidas que auxiliem ao nosso Hospital e a APAE. É uma parte do patrimônio da cidade que está sendo entregue, mas que pode reverter em benefício de todos através de melhorias na casa de saúde que tem salvado e atendido todos os osorienses e até mesmo de outros municípios. Lembrar quando o Hospital já está a beira da ruína é buscar salvar um paciente sem dar garantia de recuperação plena. Não ter um hospital na cidade é retroceder no tempo, pois é preferível um hospital que garanta um excelente atendimento do que ter-se uma rua asfaltada como um tapete de piche.

Que nosso poder público pense mais longe e com olhares mais amplos para toda a comunidade. Os cidadãos tem feito sua parte com suas doações, patrocínio e tantas outras ações, mas nossos políticos carecem de ver esta real situação e levar o melhor a sua cidade.

OMAR LUZ

Diretor e fundador do Jornal Momento. Semanalmente publica artigos para as categorias "Editorial" e "Boca do Balão".