Brasil faz história e bate recorde de medalhas em Tóquio
Após pouco mais de duas semanas de competições, no último domingo (8), chegou ao final os Jogos Olímpicos de Tóquio. Em meio a uma pandemia e com chances fortes de não ocorrer, a edição de 2020 (21) dos Jogos foi marcado por surpresas, com surgimento de novos nomes; confirmação de favoritos e o término de alguns ciclos.
O Brasil chegou com mais de 300 atletas na delegação (recorde em uma edição fora do país) e com a expectativa de conquistar mais que as 19 medalhas no Rio de Janeiro, em 2016. Para isso, a entrada de duas modalidades foi fundamental: o Surf e, principalmente o Skate.
Na primeira, o Brasil favorito por ter dois dos melhores do mundo: Gabriel Medina e Ítalo Ferreira. Quando tudo parecia certo para uma dobradinha brasileira, o inimaginável aconteceu: Medina caiu na semifinal para o japonês Kanoa Igarashi (com direito a polêmica por causa das notas dos juízes). Já Ítalo confirmou o favoritismo, chegando à decisão do ouro e derrotando o atleta da casa na final, se tornando o primeiro campeão olímpico no Surf. Já Medina, perdeu a disputa do bronze para o australiano Owen Wright e saiu do Japão sem medalha.
No Skate, o Brasil deu show! Foram três medalhas (modalidade que o país conquistou mais medalhas nos Jogos, junto com o Boxe) e poderia ter sido ainda mais. Considerado um dos melhores países na modalidade, o Brasil confirmou o favoritismo e conquistou três pratas.
No Skate Street Masculino, Kelvin Hoefler fez história, ao ser o primeiro medalhista brasileiro na modalidade, além de conquistar a 1ª medalha do Brasil nos jogos. O ouro ficou com o japonês Yuto Horigome. No feminino teve mais gente entrando para história: Aos 13 anos, Rayssa Leal (a Fadinha) se tornou a atleta mais nova brasileira a conquistar medalha na história das Olimpíadas. O ouro na prova ficou com a japonesa (também de 13 anos) Momiji Nishiya. Para fechar as conquistas brasileiras no Skate, Pedro Barros também ficou com a prata, só que no Skate Park. O ouro foi para o australiano Keegan Palmer.
LUTAS
Os esportes de lutas sempre costumam trazer medalhas para o Brasil nas Olimpíadas e em Tóquio não foi diferente. No judô, modalidade onde o país tem mais medalhas na história dos jogos (24 – quatro ouros, três pratas e 17 bronzes), foram dois bronzes (e de atletas gaúchos). No masculino, Daniel Cargnin conquistou a medalha ao derrotar o israelense Baruch Shmailov na categoria até 66 quilos. Já no feminino, Mayra Aguiar fez história ao conquistar a 3ª medalha em Olimpíadas (as outras duas, também de bronze foram em Londres – 2012; e no Rio – 2016), sendo a 1ª brasileira a conquistar isso em modalidades individuais. A terceira medalha veio com a vitória para cima da sul-coreana Hyun Ji Yoon, na categoria até 78 quilos.
Ainda nas lutas, o Brasil conquistou três medalhas no Boxe. No peso pesado masculino, Abner Teixeira ficou com o bronze ao ser derrotado nas semifinais pelo cubano Júlio César La Cruz. Vale lembrar que, como no Boxe não tem disputa do bronze, o brasileiro garantiu a medalha automaticamente. No peso leve, a campeã mundial Beatriz (Bia) Ferreira acabou ficando com a prata ao ser derrotada na final pela marfinense Kellie Harrington. O ouro no Boxe veio com Hebert Conceição, com direito a nocaute na final do peso médio, contra o ucraniano Oleksandr Khyzhniak.
ESPORTES AQUÁTICOS
Nas águas japonesas o Brasil conquistou cinco medalhas, sendo três de ouro e duas de bronze. Nas piscinas, a natação brasileira conquistou as medalhas com o gaúcho Fernando Scheffer nos 200 metros livre e com Bruno Fratus nos 50 metros livre. Com a medalha, Bruno se tornou o atleta mais velho a conquistar a 1ª medalha na natação em todas as Olimpíadas, aos 32 anos de idade.
Indo para as águas abertas, Ana Marcela Cunha (finalmente) conquistou a tão esperada medalha olímpica. O ouro na Maratona Aquática – prova de 10 quilômetros – foi a 1ª medalha da história da natação feminina nos Jogos. Não poderia faltar uma medalha na Vela, esporte que deu ao Brasil até o Japão, 19 conquistas, sendo oito de ouro, três de prata e oito de bronze. Desses ouros, dois são da dupla Martine Grael e Kahena Kunze. Após o ouro no Rio (na estreia da prova nos Jogos), a dupla conquistou o bicampeonato olímpico na prova do 49erFX, ao ficar em terceiro lugar na regata da medalha.
Para fechar, saiu o ouro de Izaquías Queiroz na Canoagem Velocidade. Após se tornar o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma edição de Olimpíadas, conquistando duas pratas e um ouro no Rio de Janeiro, o canoísta conseguiu a medalha desejada. O ouro veio na prova C1 1.000 metros, onde o brasileiro havia ficado em 2º na edição de 2016.
ATLETISMO
Em uma modalidade onde o Brasil já esteve entre os melhores, as duas medalhadas conquistadas no Japão podem ser uma esperança para o ressurgimento do país na modalidade, que soma 19 conquistas no total, sendo cinco ouros, três pratas e 11 bronzes. Em Tóquio foram dois bronzes: Alison dos Santos nos 400 metros com barreiras e o campeão olímpico no Rio, Thiago Braz, no Salto com Vara.
GINÁSTICA
Saiu a primeira medalha feminina na Ginástica Artística nos Jogos Olímpicos. E foi com Rebeca Andrade na prova do Salto. Sem a principal concorrente, a multi campeã Simone Biles (Estados Unidos), a brasileira brilhou e realizou o feito inédito para o país. Não bastasse isso, Rebeca ainda conquistou a prata no Individual Geral, onde as atletas competem em todos os aparelhos (no caso do feminino são a trave, o salto, solo e barras assimétricas). O ouro ficou com a estadunidense Sunisa Lee.
TÊNIS
A Olimpíada de Tóquio podem ser considera os Jogos das mulheres. Não é à toa, que o time feminino conquistou nove das 21 medalhas do Brasil no Japão, sendo três das sete de ouro. Quem ajudou para o recorde de medalhas da delegação feminina na história dos jogos foi à dupla Laura Pigossi e Luisa Stefani. Essa foi uma das medalhas (senão a) mais inesperadas dos jogos. As brasileiras só puderam participar da competição após serem convidas pelo Comitê Olímpico, depois de desistência de outras duplas.
Sendo vista como azarona, a dupla chegou a semifinal, onde acabou sendo derrotada pelas suíças Golubic e Bencic por dois sets a zero. Na disputa do bronze as brasileiras conseguiram uma virada espetacular com direito a 11 a nove no tie break contra as atletas do Comitê Olímpico Russo, Vesnina e Kudermetova, para fechar o jogo em dois sets a um. Essa foi a primeira medalha do Brasil no Tênis em Jogos Olímpicos.
ESPORTES COLETIVOS
Mais valorizados do que os esportes individuais, as modalidades coletivas são vistas sempre como garantia de medalhas para o Brasil nas Olimpíadas. Porém, dessa vez a situação não se repetiu. O Vôlei foi um desastre total: na praia nenhuma das quatro duplas chegou as semifinais. Essa foi a primeira vez, desde 2000 em Sidney (Austrália), quando a modalidade entrou nos Jogos, que o Brasil não conquista nenhuma medalha.
Já na quadra, o desempenho foi um pouco melhor, mas nada que apague o fraco desempenho do país na modalidade. O masculino ficou sem medalha, caindo nas semifinais para o Comitê Olímpico Russo pelo placar de 3 a 1 (de virada) e na disputa do bronze para a Argentina, por três a dois.
Já o feminino, chegou a decisão sem perder nenhum jogo. E foi perder justo na final contra os Estados Unidos, pelo placar de três sets a zero. Essa é a primeira vez em 21 anos, que o Brasil não conquista uma medalha de ouro no vôlei em uma edição de Olimpíadas.
A última medalha de ouro do Brasil em Tóquio foi do Futebol Masculino. A seleção treinada por André Jardine, confirmou o favoritismo e, mesmo aos trancos e barrancos chegou a decisão contra a Espanha. Na disputa do ouro, mais um jogo pegado, sendo resolvido no segundo tempo da prorrogação, com Malcom fazendo 2 a 1 para o Brasil. Essa foi a segunda medalha de ouro do país e de maneira consecutiva. Com isso, o Brasil se igualou a Grã-Bretanha (1908 e 1912), Uruguai (1924 e 1928), Hungria (1964 e 1968) e Argentina (2004 e 2008). Ao todo, o Brasil é o maior medalhista no futebol masculino, com sete medalhas, sendo duas de ouro, três de prata e duas de bronze.
QUADRO DE MEDALHAS
Mais uma vez os Estados Unidos (EUA) terminaram na frente no quadro de medalhas. Porém, em Tóquio, o país terminou com uma medalha de ouro a mais que a China (39 contra 38). A diferença foi nas medalhas de prata e bronze. Os EUA conquistaram 41 de prata e 33 de bronze contra 32 pratas e 18 bronzes da China. No somatório, os Estados Unidos conquistaram 113 medalhas contra 88 da China.
O terceiro lugar ficou com os donos da casa. Os japoneses conquistaram 27 ouros, 14 pratas e 17 bronzes, somando 58 medalhas no total. O Top 5 tem ainda Grã-Bretanha com 22 ouros e 65 no total e o Comitê Olímpico Russo, com 20 ouros e 71 medalhas no total. Vale lembrar que o quadro de medalhas na Olimpíada é montado por maior número de ouros, pratas e bronzes e não pela soma das medalhas.
Com o recorde histórico de medalhas em Tóquio, o Brasil terminou na 12ª posição, com 21 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e oito de bronze. No ranking das Américas acabou ficando em terceiro, atrás do Canadá, que conquistou 24 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e 11 de bronze.
Já na comparação com os países sul-americanos, o Brasil ficou bem a frente. Para se ter uma ideia, o 2º melhor país da América do Sul no Japão foi o Equador, 38º no Geral, somando três medalhas (dois ouros e uma prata). Agora, os atletas brasileiros têm três anos para se preparararem para os próximos jogos, que ocorrem em Paris, na capital francesa, em 2024.
A seguir veja como ficou o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (21), com os 20 primeiros colocados:
PAÍS | OURO | PRATA | BRONZE | TOTAL |
Estados Unidos | 39 | 41 | 33 | 113 |
China | 38 | 32 | 18 | 88 |
Japão | 27 | 14 | 17 | 58 |
Grã-Bretanha | 22 | 21 | 22 | 65 |
Comitê Olímpico Russo | 20 | 28 | 23 | 71 |
Austrália | 17 | 7 | 22 | 46 |
Holanda | 10 | 12 | 14 | 36 |
França | 10 | 12 | 11 | 33 |
Alemanha | 10 | 11 | 16 | 37 |
Itália | 10 | 10 | 20 | 40 |
Canadá | 7 | 6 | 11 | 24 |
Brasil | 7 | 6 | 8 | 21 |
Nova Zelândia | 7 | 6 | 7 | 20 |
Cuba | 7 | 3 | 5 | 15 |
Hungria | 6 | 7 | 7 | 20 |
Coreia do Sul | 6 | 4 | 10 | 20 |
Polônia | 4 | 5 | 5 | 14 |
República Tcheca | 4 | 4 | 3 | 11 |
Quênia | 4 | 4 | 2 | 10 |
Noruega | 4 | 2 | 2 | 8 |
Foto: Rafael Belo