Quando receber o manto azul, na noite desta segunda, dia 1º de fevereiro, a maior estátua de Iemanjá em solo gaúcho estará oficialmente inaugurada em Cidreira, no Litoral Norte. A imagem de 8,30m de altura, esculpida em cimento a 600m da orla, é uma tentativa da prefeitura de resgatar o turismo religioso que, em décadas anteriores, destacou o balneário no calendário do Estado.
O presidente da Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), Everton Alfonsin, que doou a capa de cetim azul de 8m de comprimento, garante que a Iemanjá de Cidreira é a maior do Brasil. Mas é certo dizer que ela foi construída no Estado que tem o maior número de imagens ao longo da costa: são 12. A constatação está no livro As Iemanjás do Litoral, publicado em 2014 e escrito pelo professor de ecologia da Ufrgs Luiz Alberto de Souza Pedroso.
A construção da estátua era uma solicitação antiga dos umbandistas que anualmente vão à Cidreira fazer as oferendas à Rainha do Mar, em 2 de fevereiro. Desde a interdição do terminal turístico da cidade, em 1991, eles se reuniam no entorno de uma pequena imagem de Iemanjá, disposta nas margens da ERS-786, próximo de onde está a nova estátua.
– É um recomeço. Faremos uma festa linda para a Mãe Iemanjá – promete Everton, um dos organizadores da caminhada luminosa que, a partir das 21h30min, sairá da Concha Acústica de Cidreira até a imagem, num percurso de cerca de 1km.
Iluminada
Vizinha da nova estátua, a doméstica Elizabete Carvalho da Silva, 59 anos, acompanhou de perto todo o processo de construção ao longo de seis meses.
Todos os dias, antes da caminhada, Elizabete reserva 30 minutos para averiguar se não houve vandalismo na estátua e aproveita para ter uma conversa aos pés do orixá. Foi ela, garante a doméstica, quem lhe ajudou a iluminar os caminhos quando necessitava de uma solução para um problema.
– Vim aqui e pedi que ela me ajudasse a encontrar um jeito de ter a minha casa própria na praia, que era um sonho antigo. Voltei para casa e a ideia surgiu. Sou muito grata.
A secretária municipal de Turismo, Lena Sessim, ressalta que o principal objetivo da prefeitura é resgatar a importância histórica da celebração em Cidreira.
– Muitos nos criticaram por investirmos nesta obra. Mas estamos pensando no futuro da cidade, na possibilidade de atrairmos mais turistas neste período – justifica.
E parece que a aposta de Lena começa a se confirmar. Dois dias antes da inauguração, o movimento no entorno da estátua foi intenso. Fotos, oferendas e pedidos eram feitos por devotos.
Pensando em conhecer a nova imagem que a família Ferreira, moradora do Bairro Restinga, em Porto Alegre, decidiu parar no espaço destinado à Iemanjá para tirar fotos antes de seguir até a praia de Magistério.
– Ela ficou linda demais! – comentou, impressionada, a dona de casa Letícia Ferreira, 38 anos, antes de fotografar mais uma vez o filho Rafael, dez anos, a irmã dela, Thayna, 23, e o sobrinho Arthur, nove, em frente à Iemanjá.