Conferência define Plano Municipal de Saúde

OSÓRIO – A Câmara de Vereadores recebeu na noite do dia 14 de maio, a 11ª edição da Conferência Municipal de Saúde. Com o tema: Garantir Direitos e Defender o SUS – Um olhar para a Saúde mental e obesidade, o evento foi organizado pelo Conselho Municipal de Saúde e contou com apoio da prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde.

Walewska Tresbach (presidente do Conselho Municipal de Saúde).
Walewska Tresbach (presidente do Conselho Municipal de Saúde).

Para dar início, foi realizada a leitura da Regularização do evento, onde foi apresentada a programação da Conferência. Em seguida, foi a vez das autoridades que compuseram a Mesa discursarem. A primeira a falar foi Walewska Tresbach. A presidente do Conselho de Saúde ressaltou a importância do tema do evento, o qual, segundo ela, “provoca refletir e lutar pelo direito e garantia de igualdade”. Walewska também defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS), dizendo que ele só funciona com o trabalho de todos. “Precisamos defende-lo para que o SUS siga gratuito e universal”, complementou.

Secretário de Saúde, Gonzalo Rafael Pintos.
Secretário de Saúde, Gonzalo Rafael Pintos.

O secretário de Saúde do município, Gonzalo Rafael Pintos, citou a relevância dos temas a serem discutidos, lembrando que o que fosse definido na Conferência iria pautar a Administração para os próximos anos. O presidente do Legislativo osoriense, Rossano Teixeira, também falou sobre a luta para manter o SUS: “Uma necessidade grande com recursos escassos”, pontuou o vereador, que aproveitou a oportunidade para parabenizar a organização do evento e desejar uma “proveitosa Conferência” a todo o público presente.

Vice-prefeito Ed Moraes.
Vice-prefeito Ed Moraes.

O vice-prefeito Ed Moraes lembrou da Lei criada para comemorar o Dia Municipal do Profissional de Saúde, o qual, segundo ele, demonstra seu respeito e admiração com a classe. Ed ainda afirmou que seguirá contribuindo para “o bem mais precioso das pessoas: a Saúde”. O prefeito Romildo Bolzan Júnior ressaltou a importância dos temas a serem discutidos, desejando ao público que façam “boas escolhas em prol da comunidade”.

Prefeito Romildo Bolzan Jr.
Prefeito Romildo Bolzan Jr.

Dando continuidade, a coordenadora do Caps – Casa Aberta, Mariluci Fofonka apresentou a Cartilha Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), realizando um breve resumo da atual situação da Saúde Mental no município. Durante a sua fala, ela ressaltou a importância dos órgãos públicos em olharem para o trabalhador de Saúde. Em seguida, a técnica e agente Comunitária, Márcia Cristina Pires, realizou a leitura de um texto escrito por Juliana Maciel: A poesia, intitulada ‘O Tropeço Moderno’.

Coordenadora do Caps, Mariluci Fofonka.
Coordenadora do Caps, Mariluci Fofonka.

PALESTRAS

A primeira palestrante foi a enfermeira Letícia Passos Pereira, que trouxe o tema “Um olhar para a Saúde Mental’. Considerado um grande desafio, a especialista trouxe em números o porquê? da discussão sobre o assunto. Segundo ela, profissionais de saúde estão mais propícios a sofrerem com depressão e ansiedade devido ao stress do dia-a-dia e da sobrecarga de serviço. E esses dados só vêm aumentando pós-pandemia da Covid-19, registrando a subida de 25% no número de casos em todo o mundo. Somente no ano passado, mais de 412 mil profissionais de saúde precisaram se afastar do trabalho devido a doenças mentais, o que representa um aumento de 70% em relação a 2023. “O cenário é alarmante”, pontuou Letícia.

Para a enfermeira, reconhecer a doença é o primeiro passo: “Temos que acabar com os estigmas. Eles geram silenciamento das pessoas para não serem julgadas. Elas se afastam de todos em sua volta e não procuram ajuda, o que piora o quadro de saúde”. Para superar os estigmas Letícia compreende que deve haver cuidado em como é tratada a doença: “Precisamos desmistificar os sintomas”, afirmou. Para isso, o trabalho coletivo é fundamental: “Precisamos parar de colocar rótulos, mudar a linguagem tanto explícita quando implicitamente”, disse.

Mas porque não há esse cuidado? Conforme Letícia, os principais fatores são: Falta de tempo; Exaustão emocional; e Cultura de Abnegação – priorizar os outro ao invés de si mesmo: “O profissional precisa se colocar em primeiro lugar, sem se sentir culpado. O trabalhador da saúde precisa largar a capa de super-herói e entender que ele é de carne e osso como todos nós e, portanto, também pode ficar doente. Ele tem que entender que somos o instrumento mais valioso e precisamos estar bem para oferecer um serviço de excelência”, declarou.

De acordo com Letícia Passos Pereira, a solução para combater as doenças mentais está na mudança de hábitos. “Construam uma rede de apoio. Busquem ajuda profissional”, aconselhou Letícia. No final, ela convidou a todos a refletirem sobre o tema e complementou dizendo: “Sejam gentis consigo mesmo, sempre”, finalizou a enfermeira.

Enfermeira Letícia Passos Pereira trouxe a palestra ‘Um olhar para a Saúde Mental’.
Enfermeira Letícia Passos Pereira trouxe a palestra ‘Um olhar para a Saúde Mental’.

OUTRA PALESTRA

Dando continuidade a Conferência, a nutricionista Rita de Cássia trouxe a palestra ‘Quando o Corpo pede Pausa – Saúde Mental: Obesidade e Recomeços. Para iniciar, Rita trouxe a história de uma professora (ela mesma) com excesso de trabalho, que, devido à má alimentação, acabou ficando com obesidade e pré-diabetes.

Segundo a especialista, atualmente, existem cerca de um milhão de pessoas obesas em todo o planeta. Somente no Brasil, 60% dos brasileiros estão acima do peso. Mas como evitar que isso aconteça? Para Rita, o que comemos está relacionado diretamente com o que sentimos: “Devemos entender os sintomas. O corpo fala. Temos que perguntar ao olhar o nosso prato: – Aonde ele vai me levar no próximo ano? Não é proibido comer nada. Depende da quantidade e qualidade do que se come”, ressaltou.

A nossa rotina também tem fator determinante no nosso peso: “Não se negocia a saúde da gente. Precisamos ter uma rotina saudável e estar sempre em movimento. Temos que fazer uma alimentação consciente, comer com prazer (vontade), respeitar a fome de vocês”, comentou Rita.

A nutricionista apresentou a Nutri Educação, campo de conhecimento e prática contínua que visa promover hábitos alimentares saudáveis e o direito humano à alimentação adequada. E, para isso, entra a importância do papel do SUS na comunidade: “É importante ouvir a sociedade e criar projetos conforme necessidades locais. Educação Alimentar parte das comunidades, do Micro para o Macro”, afirmou Rita de Cássia, que complementou: “Cuidar da alimentação é um ato de amor próprio para nós mesmos. Espero que mudem a realidade, principalmente, a de vocês mesmos”, concluiu a nutricionista. Após a sua fala, Rita pediu uma salva de palmas para todos os profissionais de saúde.

Nutricionista Rita de Cássia trouxe a palestra ‘Quando o Corpo pede Pausa – Saúde Mental: Obesidade e Recomeços’.
Nutricionista Rita de Cássia trouxe a palestra ‘Quando o Corpo pede Pausa – Saúde Mental: Obesidade e Recomeços’.

PLANO MUNICIPAL

Encerradas as palestras, os participantes se dividiram em grupos para discutirem os temas debatidos e realizarem apontamentos, sugerindo propostas a serem aplicadas no município. Em seguida, as sugestões foram votadas e aprovadas, sendo constituído o Plano Municipal de Saúde. O documento estabelece seis metas para serem cumpridas até 2029. São elas:

Saúde Mental – Retornar o projeto de saúde do trabalhador para trabalhadores do SUS;        

– Capacitar permanentemente a equipe de Atenção Primária em relação às temáticas: Saúde mental e obesidade;

– UBS/ESF com turno estendido para os usuários trabalhadores com ênfase na saúde mental.

Obesidade – Promover educação permanente/continuada para profissionais da saúde sobre a gordofobia, como forma de opressão e violência, que impacta no adoecimento/sofrimento mental;

– Incluir profissionais de educação física para estímulo de atividades físicas e profissionais de nutrição nas equipes de saúde da atenção primária;        

– Estímulo à produção e consumo de alimentos saudáveis, com incentivo à criação e ampliação de hortas comunitárias especialmente nas escolas e unidades básicas de saúde, com ênfase em plantas medicinais.

No final da Conferência o Conselho de Saúde definiu o Plano Municipal de Saúde para Osório.
No final da Conferência o Conselho de Saúde definiu o Plano Municipal de Saúde para Osório.

CRÉDITOS: PMO