HOSPITAL: Uma batata quente

HOSPITAL: Uma batata quente

O Hospital São Vicente de Paulo que já tem mais de 80 anos desde sua fundação foi criado a partir da reunião de abnegados moradores da cidade com intuito de oferecer serviço de saúde pública para a cidade que na época abrangia uma grande extensão territorial a força econômica e administrativa estava centrada na sede da cidade de Osório. Formou-se então uma associação com fins filantrópicos e que se financiava por donativos e doações da comunidade e de seus eméritos associados.

Por muitos anos a entidade representou um orgulho para Osório em ter sua própria casa de saúde e atender a população dos novos municípios que foram se desmembrando. Assim foi por décadas e por muitos anos esteve sob a gestão de diferentes membros da sociedade e empresários e políticos locais. Com o tempo os serviços foram sendo ampliados e a necessidade fez com que o número de leitos fosse ampliado lá pelos idos dos anos 70 com o que seria a parte nova (prédio de três pisos) com recursos de campanhas e da municipalidade.

Um grande patrimônio foi erguido com o suor e a contribuição dos osorienses, mas os custos de manutenção foram aumentando e o SUS com a unificação do atendimento de saúde pública que foi ratificado pela Constituição de 88, que prevê que o financiamento da Saúde é dever d Estado e direito do cidadão a gratuidade, pela universalização dos serviços. Na prática, faltou investimentos que equipassem as unidades de saúde em grande parte constituídas de entidades filantrópicas e de Santas Casas. Além disso, criou-se a tabela de serviços para remunerar os hospitais pela prestação dos mais diversos atendimentos. Assim a tabela SUS que deveria ser reajustada semestralmente ou anualmente está atualmente com valores de mais de 12 anos atrás. Fato que gerou o endividamento destes hospitais que forma a grande rede de atendimento do SUS.

O Estado passou a investir em postos de saúde, com o intuito de desafogar os hospitais e trabalhar na prevenção, ficando os hospitais para tratamento. Isto fez da política de postos de saúde motivo de conquista de votos e vimos em Osório prosperar postos de saúde em número superior a 10 unidades, alguns tendo de locar instalação, equipar, construir e manter grupo de profissionais para atender às comunidades. Recursos da Saúde municipal que foram espalhados pela cidade para atender anseios políticos, mas não como modo eficaz de dar atendimento, pois em sua grande maioria nem médico há para atendimento e que poderia ser por uma boa unidade móvel para atender em determinados bairros ou distritos em dias e horários determinados. Mas se preferiu a despesa fixa e com isto consumindo mais recursos da saúde que poderiam ser direcionados para o Hospital, ou para um posto central de maior capacidade de atendimento conforme fosse a necessidade.

Foram estas políticas municipais de que usar recursos vindos da União para postos de saúde e depois o município arcar com a sua manutenção e funcionamento. E assim muitos municípios do Estado e do País entraram nesta também quando das UPAS e hoje muitas foram desperdício de recursos públicos por que as prefeituras não tinham com manter e abrir as portas, mesmo depois de tudo pronto e equipado. Em Osório, na pressa em retirar recursos aplicados no Hospital, que chegaram a ser de quase R$900 mil mensais quando Renda foi vice-prefeito e também Romildo Bolzan, caiu para pouco mais de R$ 350 mil na gestão Abrahão e sendo zerado os repasses para que se inaugurasse a UPA no pré ano eleitoral, mesmo não tendo instalado o Raio X que era necessário para qualificar a UPA e assim receber repasses federais para seu funcionamento. Assim o que se deixou de repassar ao Hospital ficou sendo para manter a UPA que poderia não ter sido construída e tido feito repasse s para que o hospital pudesse absorver a clientela.

Desde então a luta dos presidentes do Hospital foi de manter o funcionamento regular e com repasses de emendas do deputado federal Alceu Moreira, também de outros deputados e senadores em menor valor, seguiu-se o trabalho mesmo diante de greves e paralisações que houveram.

Mesmo passando por um incêndio o Hospital se manteve ativo junto a municipalidade até que retornasse a casa, continua o passivo resultando de déficits que vinham se acumulando ao longo dos anos. Hoje ultrapassam os 30 milhões de reais, mas a receita e despesas correntes seguiram com déficits e a diretoria sob a presidência de Marco Pereira foi socorrer-se a prefeitos, Estado e ao Judiciário para uma solução para equilibrar a receita e despesa.

Por fim, o Ministério Público definiu por uma intervenção no Hospital que foi bem recebida, pois acreditava-se que seria encontrada a solução para cobrir os déficits e levar saúde financeira a entidade. Mas a citação de gestão temerária apontou para um grupo de cidadãos dedicados com esta peja de má gestão. Assim, veio a intervenção e as interventoras que anunciaram a “boa nova” em nome do Estado. E agora passado mais 10 meses viu-se que foi um engodo e que as milagrosas da gestão hospitalar apenas foram “assando a batata” que na reunião da terça feira foi jogada à mesa. E pelo visto querem entregar na mão do prefeito para que ainda descasque e que os recursos da municipalidade sejam dirigidos para mais um buraco sem fim, eximindo o Estado de sua obrigação e as demais prefeituras da responsabilidade de oferecer atendimento para sua população. Esta “batata quente” tem de ser compartilhada e não entregue somente à Prefeitura de Osório.