REGIÃO

Aumenta risco de piranhas atingirem Litoral Norte

A disseminação das palometas, peixes nativos do Oeste gaúcho, está causando desequilíbrios nos rios do Estado, prejudicando pescadores e representando uma ameaça à biodiversidade aquática. Originárias da bacia do Rio Uruguai, elas estão se espalhando pelo Rio Tramandaí, após invadirem o Rio Jacuí com maior intensidade desde 2021, percorrendo mais de 420 quilômetros através das bacias do Vacacaí-Mirim e Baixo Jacuí.

Essas palometas são predadoras agressivas, atacando outros peixes e representando um risco ocasional a anfíbios e aves. Embora possam morder seres humanos para investigar se são fonte de alimento, não há registros de ataques catastróficos como em filmes. O biólogo da Universidade Federal do RS (UFRGS), Fernando Becker, explica que elas podem morder em defesa dos ninhos durante a desova, que ocorre em meio à vegetação.

O aparecimento de palometas em múltiplas bacias hidrográficas e lagoas da região já foram confirmados, revelando uma rápida disseminação nos últimos dois anos. Além das bacias dos rios Caí, Sinos, Taquari-Antas e Lago Guaíba, as palometas também foram avistadas nas lagoas dos Patos, Casamento e Capivari, conforme relatos de pescadores e moradores locais.

A presença das palometas na área sensível da Lagoa Capivari é motivo de preocupação para os biólogos, devido ao uso agrícola da região. A drenagem de águas por dutos para irrigar as lavouras cria um caminho para a propagação dessa espécie invasora até as lagoas costeiras do Litoral Norte, que fazem parte da bacia do Rio Tramandaí. Atualmente, não existem regulamentações ambientais que proíbam a transposição de águas de uma bacia para outra, conforme informado em nota pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). “Sem restrições desse tipo, estruturas artificiais como dutos, açudes e lavouras irrigadas podem se tornar vias de propagação para espécies invasoras”, alertam os biólogos.