Operação contra lavagem de dinheiro em postos de combustíveis cumpre mandados na região
A Polícia Civil (PC) deflagrou na manhã de terça-feira (11), a Operação Benzina, com intuito de combater um grupo criminoso que estava realizado lavagem de dinheiro em postos de combustíveis de Porto Alegre. Conforme a Polícia, a Operação recebeu o nome em função do líquido obtido do petróleo. A ação realizou buscas a um grupo que utiliza a venda de combustíveis, produtos em lojas de conveniência e de eletrônicos para “reciclar” o dinheiro de crimes, como extorsão, compra e venda de armas de fogo, roubos, receptação e tráfico de drogas na região central da capital gaúcha.
Foram cumpridas 475 ordens judiciais em 13 cidades do Estado, incluindo Tramandaí e Xangri-lá. Também foram cumpridas outras medidas constritivas, como o bloqueio de bens móveis e imóveis de até R$ 18 milhões, bloqueio de contas de 41 pessoas físicas e jurídicas e a quebra de sigilos fiscais e bancários de empresas e suspeitos. Ao todo, 12 pessoas foram presas.
Entre as apreensões, os policiais conseguiram confiscar 14 imóveis, inclusive um duplex de luxo na Zona Norte da capital, além de 14 veículos como Porsche, Ferrari, BMW, entre outros, além de uma lancha que atualmente está à venda por dois milhões de reais. Os imóveis e veículos seguem com os investigados, mas com impedimento de qualquer tipo de negociação até decisão da Justiça. A soma dos valores destes bens passa de R$ 18 milhões. Conforme a apuração, o dinheiro lavado foi obtido de roubos a pedestres, celulares, extorsão, receptação, tráfico e roubo a carro-forte. Os nomes dos investigados e dos postos usados no esquema não foram divulgados.
INVESTIGAÇÃO
Segundo a Polícia, a Operação é fruto de uma investigação que se estendeu por aproximadamente dois anos. Foram identificados integrantes da organização criminosa que fizeram a reciclagem do dinheiro ilegal com depósitos de valores suspeitos em contas de postos de gasolina, lojas de conveniência e lojas que vendem telefone celular, e que mesclaram o capital lícito por transferências de recursos a pessoas jurídicas vinculadas à facção.
Em um dos postos de Porto Alegre, por exemplo, mais de 50% do faturamento de três meses foi em dinheiro em espécie, o que não é compatível com a atividade normal do mercado para esse ramo, segundo a polícia. Também foram identificadas transferências de um desses postos de combustíveis para presos e familiares deles, como no caso de um detento condenado por roubos a agências bancárias e lotéricas.
A administração dos negócios era feita ou por gerentes da organização que estivessem em liberdade ou por familiares e laranjas, principalmente no caso daqueles que estivessem presos. Um dos gerentes desse esquema, conforme a polícia, tinha negócios com um suposto empresário, já indiciado por crime de homicídio, que atua em diversos ramos econômicos, como a comercialização de aparelhos eletrônicos e administração de imóveis para terceiros. Ele possui um patrimônio que inclui barco, carros importados e imóveis de luxo em nome de outras pessoas.
A polícia conta que, no curso das investigações, um dos gerentes da organização criminosa foi assassinado e, após sua morte, um de seus postos de gasolina foi transferido a outra pessoa, vinculada à mesma facção, de forma fraudulenta para não interromper a continuidade. O homicídio é apurado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Foto: PC