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Operação Kraken cumpre mandados de busca e apreensão no Litoral

Operação realizada em 38 cidades do RS e de outros três estados brasileiros, terminou com 58 prisões. – Foto: Divulgação

Mais de 1,3 mil agentes da Polícia Civil (PC), Brigada Militar (BM), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e Corpo de Bombeiro Militar (CBM) cumpriram 1.368 mandados judiciais durante a terça-feira (19). A Operação Kraken foi realizada em 38 cidades brasileiras, sendo 34 no RS (incluindo Capão da Canoa, Imbé e Xangri-lá), duas em Santa Catarina, uma no Paraná e outra no Mato Grosso do Sul. O objetivo é combater uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro.

Ao todo, 58 pessoas foram presas. Além disso foram cumpridos 273 mandados de busca e apreensão, sendo 14 realizados em casas prisionais. Também houveram 190 contas bancárias bloqueadas, além de 812 quebras de sigilo fiscal, bancário, tributário e bursátil (relacionado a Bolsa de Valores).

Durante a Operação, foram confiscados 102 veículos de luxo como Maserati, Audi, Cadillac e Camaro, além de aeronaves e 38 imóveis. Conforme a Polícia, o valor dos bens apreendidos é de aproximadamente R$ 50 milhões. Só em uma residência, foram encontrados 41 mil reais em dinheiro dentro de um coelho de pelúcia.

Policiais encontraram R$ 41 mil dentro de coelho de pelúcia. – Foto: PC

De acordo com a investigação, o dinheiro obtido a partir do tráfico de entorpecentes, comércio ilegal de armas de fogo, de pedras preciosas, crimes patrimoniais (roubo, furto, extorsão e estelionato) e contra a fé pública (falsificação de documentos, falsidade ideológica e adulteração de sinal identificador de veículo automotor) era “maquiado” por meio de empresas mantidas por essa facção que tem base no RS.

O delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia de Polícia da Região Metropolitana, explicou que a lavagem de dinheiro, obtido principalmente com o tráfico de drogas, é feita com a aquisição de imóveis e automóveis em Porto Alegre, na Região Metropolitana da Capital, além do Litoral do RS e de Santa Catarina. Empresas eram adquiridas para “legalizar” valores obtidos ilegalmente.

Segundo Souza, o tráfico ilícito de entorpecentes é o principal gerador de lucros do grupo, que controla a entrada da maior parte de drogas no Estado, seja por rota terrestre ou via aérea. A investigação também comprovou que o grupo possuía pilotos de aeronaves que traziam diariamente dezenas de quilos de drogas do exterior, de países como Bolívia e Paraguai. Vale ressaltar que, dois dos pilotos foram presos durante a Operação.

A INVESTIGAÇÃO

A organização criminosa começou a ser investigada no final de 2020. Na época, havia suspeita da prática do crime de lavagem de dinheiro na Região Metropolitana de Porto Alegre por uma organização criminosa que traficava drogas.

Como resultado da investigação, houve sequestro de cerca de R$ 10 milhões em bens móveis, imóveis e valores em contas bancárias do grupo que estava sediado no Vale dos Sinos. Cinco pessoas que seriam lideranças da facção foram indiciadas por envolvimento no esquema.

A Polícia Civil conseguiu mapear a organização e, ao longo de 2021, prendeu 102 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema. Eles atuavam em diversos níveis de comando, como o chamado “vapor”, o “puxador de carro” e até alguns gerentes. Na ocasião, foram apreendidos mais de 10 quilos de entorpecentes e 11 armas de fogo. Além disso, outras 207 pessoas já foram identificadas, todas com funções específicas no grupo.

Segundo a polícia, a quadrilha tem uma hierarquia rígida, onde os criminosos são advertidos pelos chefes quando as operações não saem como o combinado. A polícia teve acesso com autorização judicial a escutas telefônicas onde o grupo combinava a forma de agir, roubando lojas e clonando carros de luxo.

Polícia apreendeu diversos carros de luxo. – Foto: PC