DESTAQUEREGIÃO

Atividades do Dezembro Vermelho seguem na cidade

Dando continuidade a programação do Dezembro Vermelho, foi realizada na noite de quinta-feira (2), a live ‘Diagnóstico positivo: E agora?’. A atividade contou com a presença da enfermeira e coordenadora do SAE, Daí Lessa e dos convidados Léo Cezimbra, Rafaela Queiroz e Silvia Aloia.

Léo (39) tem HIV há oito anos e desde que foi diagnosticado com o vírus, vem trabalhando na causa. Ele faz parte do grupo RNP+ Brasil, Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids. Rafaela (30) é psicóloga e atua como secretária de Administração do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP). Ela é co-fundadora da Rede Jovem Rio +, que atende adolescentes com HIV/Aids. Já a ativista Silvia (51), também atua no MNCP, como secretária de Mobilização de Recursos.

Durante o bate-papo, os três convidados relataram vivências e as dificuldades que encontraram na vida após serem diagnosticados como soro positivo e de expor isso para as outras pessoas. Para Rafaela, isso aconteceu desde cedo, já que ela nasceu com o vírus. “Tudo está ligado a um estigma, ligado a pessoas que já morreram. Mesmo com o avanço dos medicamentos nos últimos 40 anos, a informação a população é muito pequena. A pessoa tem medo de ser excluída da sociedade e acaba havendo um distanciamento: nas amizades, no emprego, no relacionamento. E mesmo falando abertamente, ela ainda sente medo e se abala com o preconceito diariamente”, declarou a psicóloga.

Silvia acredita que a aceitação é importante, assim como o vínculo com outras pessoas que tenham a doença. Quando ela recebeu a confirmação do diagnóstico, estava grávida de oito meses e a primeira reação foi o medo de transmitir o vírus a filha: “Só consegui sorrir depois que o terceiro teste realizado na milha filha, quando ela tinha um ano e meio, deu negativo”, contou.

A negação é sempre uma das principais reações do paciente diagnosticado com HIV/Aids. Quando isso ocorre, qualquer atitude pode ser crucial para a continuidade do tratamento. Silvia relatou que durante uma consulta, o seu médico disse para ela que não precisava vai vê-lo se não fosse tomar os medicamentos. Essa fala fez com que Silvia ficasse 12 sem tomar os remédios: “Se eu tivesse apoio e acolhimento de algum movimento ou de pessoas como existe hoje, eu não teria feito isso. Às vezes é difícil aceitar algo e negar acaba parecendo o melhor caminho, mas eu poderia ter morrido”, relembrou.

Já para Léo, que sempre debateu questões relacionadas ao LGBTQIA+, a descoberta que estava com a doença foi recebida como a oportunidade de lutar por outra bandeira. Ele disse que o medo sempre existe, além de sofrer uma espécie de “bloqueio” por parte das pessoas. “Depois que eu contei comecei a ser chamado de’ Léo da Aids’. Não tem como se desvencilhar disso. Por isso muitos não querem contar; querem seguir com a própria vida. Todos têm esse direito, mas isso não ocorreria se não houvesse esse preconceito”, afirmou.

Léo Cezimbra acredita o preconceito acontece, principalmente, por o HIV ser um vírus sexualmente transmissível: “Aí tem uma moralização em cima disso, que quando uma pessoa começa a falar sobre a doença ela já é taxada de promíscua e de tudo que é negativo referente ao sexo. Diante desse cenário, a pessoa prefere evitar ser vista desta forma e permanece calada”.

ACOLHIMENTO

Como aconteceu na live de abertura, mais uma vez o acolhimento foi o principal ponto indicado quando se trata de ajudar uma pessoa com HIV/Aids. Para Silvia, isso começa com os profissionais que vão atender o paciente, que devem olhar para ele sem julgá-lo. O saber lidar com o ser humano, tratando todos igualmente. Esse é o primeiro passo para a “aceitação” da pessoa com soro positivo. “Os profissionais precisam compreender que atitudes como essa ajudam os pacientes, assim como devem conscientizar eles de que mesmo com a doença, todos podem seguir vivendo”, declarou Silvia.

A psicóloga Rafaela afirmou que cada vez que se toma os remédios, a ação está relacionada com “a qualidade de vida da pessoa e não apenas para o controle do corpo”. Para finalizar, Léo Cezimbra deixou um recado para todas as pessoas com soro positivo: “Compreendam que isso não é fácil para nenhum de nós. Mas saibam que vocês são importantes e vai haver sempre alguém disposto a ajuda-los, porque toda a vida importa”, declarou Léo.

PROGRAMAÇÃO

As atividades do Dezembro Vermelho seguem na quarta-feira (8), com a realização de uma live. Dessa vez, o tema a ser debatido vai ser ‘Vivendo com HIV na melhor idade’. A live será transmitida pela Página da prefeitura no Facebook a partir das 20h, sendo comandando pela enfermeira e coordenadora do SAE Osório, Daí Lessa. A convida vai ser a professora Jenice Pião (61), uma das fundadoras do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP).

Foto: Divulgação