Trabalho da FPI vai embasar nova política industrial do RS

Trabalho da FPI vai embasar nova política industrial do RS

Durante o terceiro Encontro Regional da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Gaúcha (FPI-RS) realizado na última quinta-feira (21), em Caxias do Sul, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, deputado Edson Brum, anunciou que o resultado de todo o trabalho produzido pela Frente será utilizado na formulação da nova política industrial para o Estado. O presidente da Frente, deputado Dalciso Oliveira (PSB), recebeu com entusiasmo a notícia. “Esse é o nosso principal objetivo na FPI, unificar ações em torno de uma política industrial estruturada, envolvendo todos os setores produtivos e contribuir para elevar a competitividade da economia como um todo. A indústria está em tudo, é a alavanca para o crescimento econômico. Não é uma questão ideológica é uma visão de mundo”, afirmou.

A atividade ocorreu na CIC de Caxias do Sul e contou com a participação de lideranças empresariais dos principais setores produtivos da região, além da diretoria da Ciegs e Fiergs. Em todas as falas, ficou evidente a principal preocupação do setor com a falta de investimentos e infraestrutura para melhorar a logística do escoamento da produção e a necessidade urgente de mão de obra técnica qualificada.

O vice-presidente da FIERGS e coordenador do Conselho de Articulação Parlamentar (COAP), Claudio Bier, destacou a importância dessa união de esforços, da unidade de pensamentos para resolver questões coletivas, em prol da comunidade. Citando o exemplo de empreendedorismo da região, que possui o um polo metalmecânico de excelência e empresas de diferentes segmentos, destacou que “nosso trabalho visa aproximar e melhorar a interlocução e qualificar a legislação em prol do desenvolvimento. Mostrar para os deputados estaduais a realidade do setor e nossas potencialidades e evitem apresentar legislações que mais atrapalham do que ajudam.”

Representatividade

A atividade contou com a participação de dezenas de lideranças empresariais e políticas, presencialmente e virtualmente. Conforme o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) e Região, Rúben Antônio Bisi, estamos um estado no extremo do país, onde o problema de logística é maior. “Os valores dos fretes pesam muito para a indústria gaúcha. Somos o terceiro maior consumidor de aço do país e toda nossa demanda de cargas se dá hoje por rodovias. A desoneração do frete acaba em 2022. Precisamos prorrogar até 2032”, reivindicou.

Para Rúben, o estado precisa de uma logística melhor para se desenvolver. Neste sentido, sugeriu como alternativa a retomada da infraestrutura ferroviária, por meio de uma via férrea ligando o RS até SP, bem como destacou a importância de mais um porto no litoral gaúcho, investimentos estruturantes que ajudarão a reduzir custos com frete. Destacou ainda questões relacionadas à burocracia excessiva para liberação de licenças e a necessidade de simplificar processos. Por fim, reafirmando que quem paga a maioria dos impostos é a indústria, enfatizou como fundamental haver uma política industrial federal e estadual para resgatar o protagonismo que a indústria merece e precisa.

O presidente da CIC Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, falou da importância do debate a partir dos cinco eixos da Plataforma de Compromissos para um Brasil Industrial, enfatizando pontos como a insegurança jurídica e infraestrutura. Da mesma forma, o vice-presidente da CIC – Caxias, Mauro Bellini, pontuou os principais problemas enfrentados pelo setor como a burocracia exagerada, insegurança jurídica e infraestrutura.

Vice-presidente da Fiergs na região da Serra, Jaime Lorandi, também valorizou a aproximação da Assembleia com o setor produtivo, destacando a importância da defesa da indústria no desenvolvimento econômico e social. “É a atividade econômica que mais gera frutos, inclusive desenvolvimento social. Países desenvolvidos tem como base a industrialização, que atrai as pessoas em busca de melhor qualidade de vida através do trabalho.” Falou de respeito pela dignidade humana, da liberdade empreendedora e defendeu a necessidade de uma política industrial para o Estado para impulsionar a economia. “O que precisamos no Brasil é uma política industrial, uma plataforma de compromissos públicos e privados. Unir uma linguagem comum entre o legislativo, o executivo e a sociedade em geral.”

O deputado Carlos Búrigo (MDB), vice-presidente da FPI-RS na Região da Serra, destacou o papel fundamental da Frente de aproximar, receber demandas e poder dialogar com o governo para propor ações e sugestões. “A indústria sempre foi o motor do desenvolvimento da serra, em especial o setor metal mecânico. Precisamos que o poder público forneça as condições para alavancar ainda mais. O governo tem a responsabilidade inerente de melhorar a infraestrutura para enfrentar as dificuldades no escoamento da produção”, ponderou.

O secretário Edson Brum disse que a política industrial do Estado deve atender as diferenças regionais e que a infraestrutura também já está recebendo investimentos, mas lembrou que também será preciso atentar a necessidade de investimentos do governo federal.

Representando os sindicatos relacionados ao setor têxtil e de confecção, Fitemasul e Sindivest, Paola Reginatto, deu destaque ao problema da falta de mão de obra qualificada para a indústria de transformação do RS. “O maior desafio nos últimos anos tem sido o resgate da competitividade perdida em função dos entraves relativos a questões tributárias, fiscais e ambientais. Também destaco a necessidade de inserir os jovens em cursos técnicos, capacitando a mão de obra necessária e qualificada para o setor produtivo.

Hoje, menos de 10% dos jovens tem curso técnico profissionalizante. A China e Coreia tem cerca 60 a 70% dos jovens frequentando cursos técnicos.” Na oportunidade, Paola entregou ao presidente Dalciso documento do setor com a pauta de reivindicações e propostas, como a isonomia tributária com os demais estados, a simplificação de regras tributárias, a racionalização das exigências ambientais e investimentos na infraestrutura, enfatizando a necessidade de criação de um porto marítimo no Litoral.

FOTO: Ramon Lopes