Indústria gaúcha começa o segundo trimestre em queda

Indústria gaúcha começa o segundo trimestre em queda

A indústria do Estado começou o segundo trimestre de 2023 em queda. Os dados são da Sondagem Industrial do RS, pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), que foi divulgada na segunda-feira (29). De acordo com os empresários consultados no levantamento, o setor voltou a mostrar desaquecimento em abril, com reduções além do normal no período, tanto na produção como no emprego, e deterioração nas expectativas. “Desta forma, os empresários gaúchos, cautelosos, se mostram menos dispostos a fazer investimentos nos próximos seis meses. A intenção de investir é menor”, afirma o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

O índice de produção nas indústrias registrou 39,1 pontos no mês passado, 6,8 menor que a média histórica do mês, o que indica um ritmo de queda bem mais intenso que o esperado para o período. Nos últimos oito meses, ocorreu apenas uma expansão, em março, três estabilizações e quatro quedas. O índice varia de zero a cem pontos e valores abaixo de 50 representam retração ante o mês anterior.

Em número de empregados, o índice chegou a 46,2 pontos, ante 49,6 de março, indicando novo recuo no emprego, mais intenso do que o do mês anterior e do que o previsto para abril, cuja média é de 47,8 pontos. A marca divisória de 50 pontos, que indica crescimento na comparação com o mês anterior, não é ultrapassada desde setembro de 2022. Nesse período, foram registradas cinco quedas e duas estabilizações.

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) perdeu dois pontos percentuais e caiu de 71%, em março, para 69%, em abril, mas se manteve na média histórica do mês. Já o índice de UCI em relação à usual, que considera o padrão do mês na percepção do empresário, fechou em 39,2 pontos, frente a 45,1 de março. A diferença, em abril, entre a UCI observada e a usual foi maior não somente em relação a março, mas a mais alta desde junho de 2020, em um claro sinal de desaquecimento.

Mesmo com a queda forte da produção, os estoques de produtos finais permaneceram, em abril, em alta e acima, ainda que mais próximos, do planejado pela indústria. De fato, o índice de evolução atingiu 52,5 pontos, revelando, com resultado superior a 50, avanço dos estoques na comparação com março. Já o índice em relação ao planejado recuou de 53,3 para 51,6 pontos em abril, mais perto da marca de 50 pontos, que indica estoques ajustados.

PERSPECTIVAS – Com este quadro pouco favorável à atividade industrial, as perspectivas dos empresários foram afetadas, segundo a pesquisa realizada entre 2 e 10 de maio com 191 empresas (48 pequenas, 63 médias e 80 grandes). Eles projetam redução da demanda e mais demissões nos próximos seis meses. De fato, com exceção das exportações (+0,7 ante abril, para 49,9 pontos em maio), cuja projeção é de estabilidade, todos os índices de expectativas caíram em relação ao mês passado, ficando na faixa negativa, abaixo de 50 pontos: demanda (-2,8, para 49,2 pontos), emprego (-1,9, para 47,4 pontos) e compras de matérias-primas (-1,3, para 48,2 pontos).

Os empresários gaúchos se mostram menos propensos a realizar investimentos nos próximos seis meses. O índice de intenção caiu 1,9 ponto na comparação com abril e ficou em 51 pontos, muito perto da média histórica. Quanto maior e mais próximo de cem, mais alta é a propensão de investir, mas o resultado mostra que apenas pouco mais da metade das empresas, 53,4%, expressam essa intenção.