Governo do Estado fiscaliza proliferação do mosquito pólvora no Litoral

Agentes da Secretarias de Agricultura e Saúde do Estado realizaram uma reunião online durante esta semana.

A proliferação do mosquito pólvora (maruim) vem causando transtornos aos moradores do Litoral Norte gaúcho. Na terça-feira (9), as Secretarias Estaduais de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e de Saúde (SES) se reuniram para articular estratégias de enfrentamento ao inseto.

Ao todo, cinco fiscais da Seapi foram enviados para região para atuarem na investigação das notificações e no combate ao mosquito. O trabalho está sendo realizado em áreas de cultivo de bananeiras. “Elaboramos uma série de orientações a ser ministradas às prefeituras sobre o manejo correto das bananeiras, com adoção de medidas que evitem a criação de um ambiente propício à proliferação dos maruins”, contou o diretor do Departamento de Defesa Vegetal (DDV), Ricardo Felicetti.

A Vigilância Ambiental em Saúde, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), está acompanhando as notificações, com visitas a regiões infestadas, coleta de insetos para identificação e testagem de doenças que possam ter o mosquito pólvora como vetor, como a Febre Oropouche, doença que já causou uma morte no estado do Amazonas. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são parecidos com os da Dengue e da Chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. A picada do mosquito também causa umas bolinhas e manchas vermelhadas. Em caso de apresentar esses sintomas, a pessoa deve imediatamente procurar atendimento médico. Vale ressaltar que não há tratamento específico contra a doença.

“Vamos encaminhar as amostras para um centro de referência, ao mesmo tempo em que vamos tentar a identificação genética dos insetos e procurar a presença de doenças associadas. Podemos estabelecer um protocolo de coleta para as duas Secretarias, para que se possa fazer o teste de doenças nas amostras de insetos coletados pela Agricultura”, sugeriu a chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde (DVAS) do Cevs, Aline Campos. A SES ainda planeja testar a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI), empregada no combate ao mosquito da Dengue, o Aedes Aegypti. “É um piloto, para ver se dá certo também com os maruins. A Agricultura pode participar, para nos auxiliar com dúvidas a respeito dos possíveis impactos à produção de banana orgânica”, complementou Aline.

Chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde do Cevs, Aline Campos.

As causas para o desequilíbrio populacional dos mosquitos pólvora no Litoral gaúcho ainda estão sendo investigadas pela Seapi. “Tivemos uma primavera e verão com El Niño, de temperaturas mais altas e muita umidade, o que propicia a proliferação dos insetos. Os bananais são áreas com muito material orgânico, terreno irregular e bastante sulcado, que retém muita água. Ainda há questões que precisam ser verificadas, como uso incorreto de inseticidas e desmatamento. Mas podemos dizer que é uma situação multifatorial”, explicou Felicetti.

Diretor do Departamento de Defesa Vegetal Ricardo Felicetti. – FOTO: Fernando Dias

PROLIFERAÇÃO NO LITORAL

A larva do Maruim gosta de ambientes úmidos, como folhas e no tronco das plantas. O mosquito minúsculo e de coloração preta se reproduz principalmente nas plantações de banana, algo comum no Litoral, onde várias cidades são conhecidas por serem produtoras da fruta. Em Dom Pedro de Alcântara, por exemplo, o Pólvora já virou motivo de alerta para a população de quase 2,5 mil habitantes. Segundo a secretária de Saúde do município, Janaína Schwank, a rápida proliferação do inseto pode causar um colapso no atendimento nos Postos de Saúde do local.

A proliferação do Pólvora também já chegou a outras cidades do Litoral, incluindo Osório, Arroio do Sal, Caraá, Itati, Maquiné, Morrinhos do Sul, Terra de Areia, Torres, Três Cachoeiras e Três Forquilhas, além de outras regiões do RS atingindo os municípios de Taquara (nos Vales) e Pelotas, no Sul do Estado. A Seapi, por meio do Departamento de Defesa Vegetal, tem desenvolvido ações para mapear a infestação da espécie.

Inseto conhecido como maruim pode causar Febre Oropouche.

AÇÕES DO ESTADO

A Secretaria da Agricultura propôs a montagem de um cronograma para visitas aos municípios atingidos, com promoção de palestras e treinamento às Secretarias Municipais de Agricultura e Saúde sobre o manejo dos bananais e os aspectos que causam a proliferação dos maruins. Além disso, a Seapi e a SES devem elaborar uma Nota Técnica Conjunta sobre o mosquito-pólvora, indicando as causas da explosão populacional, as ações conduzidas pelas duas Secretarias e as medidas de controle que podem ser tomadas.

Agentes realizaram fiscalizaram plantações de bananas na região. – FOTO: Seapi